São João já chegou com suas deliciosas comidas típicas
Canjica, bolos de milho, tapioca, pamonha, iguarias irresistíveis no período mais esperado do ano
Quando a chuvarada do meio do ano começa a surgir, acompanhada de um friozinho gostoso do “interior”, somos invadidos por uma melodia tradicional e inesquecível que nos atravessa todos os sentidos. Nosso pezinho, que já não nos obedece mais, começa a pisotear o chão em um voluntarioso arrasta- pé. É o São João começando em todo o Nordeste.
Além da fogueira, dos vestidos coloridos, da decoração brejeira, das músicas típicas e da sanfona tocando solta, um cheiro de delícias se espalha pelo ar, nos arrebatando por completo. As comidas típicas deste período são um capítulo à parte neste gostoso cenário nordestino.
Daniela Lisboa, 35 anos, e sua irmã e sócia Cláudia, que administram a Barraquinha Junina localizada na Ceasinha do Rio Vermelho, sabem bem disso. Este período é de muita festa, mas também de muito trabalho para garantir que nada falte aos seus clientes durante as festividades juninas. E ai delas se faltar a canjica, a pamonha, o bolo, e outras delícias típicas muito disputadas na barraquinha famosa.
"Transformou-se em uma tradição porque as pessoas já chegavam na Ceasinha procurando: 'Onde é aquele restaurante que tem uma barraquinha, que tem uns produtos juninos?' E isso foi se firmando. Hoje, quando a gente não coloca logo a barraquinha as pessoas já ligam perguntando. 'Que dia vão colocar ?' Chegam até a ligar para a administração quando não encontram”, relata Daniela.
Daniela e suas irmãs aprenderam o ofício com sua tia, Ana Lúcia Lisboa, com quem foram criadas. A Barraquinha Junina é parte do restaurante Filhas d'Ana, localizado na Ceasinha há 35 anos, um negócio herdado pelas sobrinhas e de onde elas retiram o sustento.
A tia foi quem ensinou todos os segredos da culinária ao longo dos anos, e hoje são elas que gerenciam. A barraquinha, montada especialmente para o São João, começou bem pequena na frente do restaurante, mas hoje se tornou um modelo de negócio.
“A gente trabalha com milho natural, leite de coco natural, a gente não usa conservantes, é tudo como ela [a tia] fazia antigamente mesmo”, conta Daniela.
A canjica é o carro-chefe da famosa barraquinha, e a forma especial como foi ensinada às meninas da tia Ana revela o imenso carinho que ela tem por suas sobrinhas. No entanto, para quem não conhece a forma inusitada como foi ensinada, causa risos.
As meninas de tia Ana ainda eram jovenzinhas, mas já estavam atentas ao movimento do restaurante. Foi a canjica quem mais chamou atenção de Daniela, que lembra muito bem como a tia ensinou.
“Quando a gente estava preparando a canjica, ela dizia que ficava pronta quando fazia ‘uma cara de velho’. Isso porque a canjica fica meio ‘engiadinha’ [ enrugada, no Nordeste]. Ela vai se juntando no meio da panela, sobe uma bolha, que parece uma boca, e fica parecendo o formato do rosto de um velho”, revela Daniela.
E ela relembra como sua tia ensinava: "Então, ela dizia assim: 'Olha, a canjica só está pronta, só está boa para tirar do fogo quando ela faz a cara de velho!' A gente esperava com expectativa o momento em que a canjica fazia 'a cara de véio' para desligar o fogo e colocá-la nos potinhos", conta rindo.
Dizem que a festa junina é um evento familiar que inclui toda gente agregada à familia. É uma oportunidade para se reunirem, acenderem a fogueira, comerem petiscos e preservarem uma antiga tradição e cultura nordestina, festa eternizada em inúmeras músicas espalhadas pelo Nordeste, como as do inesquecível Luiz Gonzaga. Não há quem não sacuda o corpo em um passinho que começa tímido para logo depois sair saracoteando ao som do eterno rei do baião.
“A fogueira tá queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapapé neste salão......”
Vamos de canjica com "cara de véio" de Daniela e sua família!
Canjica caseira
Ingredientes:
4 espigas de milho maduras
1 coco seco ralado
2 xícaras de açúcar
1 pitada de sal
Modo de fazer:
Retire o milho das espigas, lave e bata no liquidificador. Em seguida, passe o milho batido por uma peneira.
Coloque o milho batido em uma panela e leve ao fogo, adicionando o açúcar e o sal. Mexa sem parar.
Bata o coco para retirar o leite utilizando água morna.
Quando a canjica estiver ficando dura , adicione o leite de coco e continue mexendo.
Deixe cozinhar até ficar no ponto desejado
E presta atenção na “cara do véio!
NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES
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A chef de cozinha e empresária Takuyra Costa preparou dois pratos especiais que são oferecidos na Rota Gastronômica Sabores do Interior, no São João do Centro Histórico. O Camarão na Moranga, acompanhado de arroz branco (R$ 68,00) que se pode devorar no Boteco do Viajante e o Cuscuz do Sertão, acompanhado de carne seca, queijo coalho, banana da terra e salada (R$ 39,00) que se come com gosto no Empório Café do Viajante. O Boteco do Viajante fica na Rua Maciel de Baixo, nº 15 e o Empório Café do Viajante na Rua das Laranjeiras, nº 14, coladinhos e ambos no Pelourinho
Horário de Funcionamento: 11h às 22h - Rua Maciel de Baixo, nº 15 - Pelourinho - Telefone: (71) 98746-4965
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Cantina da Lua - Amendoinzada - R$ 60,00 Acompanhamento: arroz, farofa e salada de vinagrete - Horário de Funcionamento: 11h às 23h - Praça 15 de novembro, nº 02, Terreiro de Jesus - Pelourinho - Telefone: (71) 99124-7924