Símbolo do renascimento, o ovo de chocolate é sucesso na Páscoa
A tradição teve origem no mundo pagão e, com o cristianismo, se espalhou pelo mundo
Os maravilhosos ovos de chocolate são um dos símbolos mais
fortes na tradição contemporânea com relação à Páscoa, muito bem aproveitado no
comércio, diga-se, mas o fato é que lambuzar-se com esta delícia tem lá seus
efeitos na manutenção da tradição no mundo atual. Há também que lembrar que, no
conjunto da “obra”, o costume que vem de antigos povos, está lado a lado com as
tradições da nossa terra. Deliciar-se com a comida de dendê da Bahia é um
capítulo à parte, mas essa é outra história.
A Páscoa, dizem historiadores, contadores de história – e
até mesmo os irmãos Grimm – atravessou comunidades, povos, e barreiras
geográficas, servindo, no fim das contas, para perpetuar o cristianismo. Mas
bem antes essa tradição teve origem entre os gemamos-celtas, cujo símbolo maior
era atribuído à deusa da primavera com um nome bem bonito: Ostera.
Na cultura germânica, a mais próxima da cultura pagã, de
onde se originaram as comemorações que conhecemos hoje, o hábito de pintar os
ovos de galinha, símbolo da fertilidade, surgiu e se perpetuou até os dias
atuais, se espalhando mundo afora, inclusive no Brasil. Chegou aqui quando os
povos germânicos, com problemas na Alemanha à época, vieram atrás do Brasil de
farturas, imigrando para o Sul e Sudeste do país nos séculos XIX e XX. Assim,
até hoje, muitos dos descendentes comemoram e repetem a tradição de pintar os
ovos da Páscoa, revivendo um conhecimento de princípios pagãos e, depois, do
cristianismo.
Com a chegada do cristianismo, as festas
relacionadas à deusa foram alinhadas de acordo com as crenças cristãs e
integrada à Semana Santa. A Páscoa, por exemplo, é uma data festiva que
comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento,
cuja tradição é mantida e até hoje e aplicada ao sentido cristão.
Em Belarus, por exemplo, como conta, Volha Yermalayeva
Franco, 33, belarussa, que vive no Brasil há 11 anos, até hoje cultiva a
tradição de pintar os ovos de Páscoa. De família ucraniana e de Belarus, ela e
as ucranianas Anastasiia Syvash, 34, artista e designer, e Olesia Matei, 27,
cantora lírica, solista do Teatro Nacional de Operetta de Kyiv, presentearam
com ovos pintados o padre da Igreja do Bonfim, quando, na quinta-feira, foram convidadas para viverem a experiência cristã na Igreja do Bonfim.
Para os ucranianos e o povo belarusso, bem como outros povos
da região, os ovos pintados foram perpetuados no cristianismo e são
considerados uma fonte de vida, além de entendidos como símbolo do
renascimento, tradição que, de certa forma, é lembrada nos rigorosos invernos
que atingem essas plagas até hoje.
Para a ucraniana Olesia, este é o maior feriado cristão na
Ucrânia, que significa a ressurreição. Tradicionalmente, a família se junta na
casa da avó para comer um pão muito parecido com um panetone, só que na versão
salgada, e pinta os ovos em aquarela. Mesmo agora, em estado de guerra, a
Páscoa traz a esperança para seu povo, por isso as pessoas, mesmo com sirenes
de ataques de guerra, se reúnem para manter a tradição da Páscoa. E agora, hoje
mais ainda, é um símbolo de ressurreição de Jesus e traz a esperança de que,
assim como Jesus conseguiu superar a morte e ressuscitou, a luz sempre vencerá.
E é isso que os ucranianos veem no simbolismo da paz”, diz.
Já Volha diz que, embora não se enquadre em uma religião
específica, a família está mais para o cristianismo ortodoxo. Ela afirma que,
mesmo sem uma religião específica, ela e a família cultivam, até hoje, a
tradição de pintar os ovos de Páscoa. Um costume, reitera, que aprendeu com a
avó do mesmo nome: Volha, que significa liberdade.
“É uma tradição muito forte, que, mesmo na época soviética,
quando a religião era proibida, as pessoas continuavam, independente da sua
declaração religiosa. Houve para mim um choque muito grande com relação à cultura
daqui, pois comemora-se e come-se em abundância o peixe, as famílias sentam à
mesa para comemorar na sexta-feira da Paixão. Para a gente, lá, a comemoração é
no domingo, que é realmente quando o Cristo ressuscitou.
Ela completa contando que “neste dia a gente se cumprimenta
com a tradicional frase “Cristo ressuscitou” e a pessoa responde
“verdadeiramente ressuscitou”. Ela também diz que não funciona, para a Igreja
Cristã Ortodoxa, simplesmente pintar o ovo de Páscoa. Para o ovo ser ovo do
ritual, você tem que pintar ele na véspera e levar para a igreja para que o
sacerdote passe água benta nele e em outros alimentos que vão fazer parte
daquela mesa no domingo de Páscoa. Tudo o que não podia comer na Quaresma,
agora pode comer e, para isso, o sacerdote tem que abençoar com a água benta.
As pessoas fazem filas enormes, com suas comidas, para o sacerdote passar e
benzer os alimentos”, conta.
E arremata: “A primeira coisa que você tem que comer, pela
manhã, no domingo de Páscoa, em jejum, é o ovo de Páscoa benzido pela Igreja.
Antes de beber água, de escovar os dentes, antes de tudo”, revela.
O fato é que as culturas vão se ajustando de acordo com suas
próprias necessidades em torno da perpetuação do cristianismo e encontram um ou
outro modo de festejar a Páscoa. E no mundo contemporâneo, a gostosura dos
deliciosos ovos de chocolate não só contribui para manter a tradição cristã,
mas ajuda muita gente em dias tão difíceis, com outros significados: o
financeiro.
Tudo começou com os delicados e originais franceses, cujos
ovos de chocolate vieram das pâtissiers, os confeiteiros e doceiros franceses.
Eles fizeram diferente e rechearam os ovos ocos da galinha com chocolate, além
de pintar. E a partir do final do século XIX, os ovos de chocolate foram difundidos
e se transforaram em ovos totalmente feitos de chocolate.
A ideia se propagou e se transformou em ajuda para muita
gente, como é o caso da empresária Tássia Almeida, que neste período transforma
tudo em chocolate, produzindo ovos artesanais.
A empresária, que também é professora do Senac, uma certa
feita deixou de presentear os amigos com ovos industrializados e começou a
produzir os seus próprios ovos e bombons para presentear.
Eu acredito muito no poder da Páscoa porque toda minha vida
de empreendedorismo começou a partir daí, onde se tem um mercado significativo,
fervoroso, querendo esses produtos. É um período muito interessante, muito
significativo, para quem quer começar a empreender.
Ela conta que o diferencial dela é brincar com os sabores,
além de oferecer opões como barrinhas e até mesmo pães recheados. “Na verdade,
eu gosto de brincar muito com os sabores. Utilizar o azedinho, o doce, brincar
com os produtos que têm crocância. Então eu gosto de brincar com a docura, a
acidez, conta.
E segreda: “As duas grandes tendências que eu trouxe para o
cardápio, nesta Páscoa, são os ovos de Pascoa cravejados. Na parte externa, a
gente coloca vários tipos chocolates e biscoitos, que, além de ter sabor, têm
beleza. E também temos as empadas, em formato de ovo. O empadovo, que se tornou
tendência e vem se mantendo desta forma.
Tássia diz que trabalhar com chocolate é uma delícia, adoça
os dias. “Eu adoro, sempre gostei. Posso dizer, sim, que é terapêutico, a
partir do momento que você precisa ter atenção, cuidar dos mínimos detalhes,
mas isso não quer dizer que isso é calmo. É preciso ter muito controle e
resiliência para passar por esse período. Mas quando você vê que seus produtos estão
prontos, entregues e recebendo o feedback dos clientes, o cansaço é apenas um
detalhe, é maravilhoso e aquece o coração”, revela.
O mais interessante no trabalho artesanal de Tássia é o
sentido de solidariedade que ela buscou. “Nesse período de Páscoa, eu faço uma
ação. A cada ovo vendido 5% é doado para alguma instituição que precisa. Então
o valor obtido pode ser entregue em insumo, pode reverter em ovo de Páscoa ou
em chocolate e distribuir. Isso pra mim é mais importante, porque a gente
consegue chegar mais longe. Chegar a pessoas que não poderiam comprar. Então
para mim esse é principal motivo, além do retorno financeiro”, conta.
E dá uma grande lição: “Às vezes, eu percebo que as pessoas
sentem vontade de ajudar o outro, mas não têm iniciativa. Elas acham que aquele
pouquinho não é o suficiente. Mas neste período de Páscoa eu consigo arrecadar
um pouquinho de cada pessoa e transformar em um “poucão”. Um pouquinho para
Deus é muito! Essa finalidade é importante e enche meu coração de alegria”, finaliza.
E Tássia, com sua generosidade e espírito de solidariedade,
nos presenteia com “uma receita de ovos de Páscoa recheado que todo o mundo
pode fazer para presentear porque dá tempo de presentear!“, diz.
CASCA DE CREME DE MOÇA COM NUTELLA
Ingredientes
150g de leite condensado
150g de creme de leite
50g de Nutella
200g de cobertura de chocolate meio amargo
Rendimento: 1 unidade
Peso final: 450g
Modo de preparo:
1. Misture o leite condensado e o creme de leite em uma panela.
2. Cozinhe em fogo médio até dar o ponto de brigadeiro. Quando a mistura se desgrudar da panela, retire e adicione o creme de leite e reserve.
3. Derreta a cobertura de chocolate no micro-ondas de 30 em 30 segundos até que ele derreta completamente.
Montagem:
1. Para fazer ovo de Páscoa com casca recheada, primeiramente você deve moldá-lo usando a técnica do giro ou uma forma com molde de silicone.
2. Coloque o recheio pastoso à temperatura ambiente no centro do molde, 100g de creme de moça e 25g de Nutella em cada banda. Espalhe-o com as costas de uma colher, deixando de 0,5cm a 1cm da borda sem rechear.
3. Em seguida, despeje um pouco mais do chocolate temperado ou cobertura derretida nas bordas do molde e espalhe-o com as costas de uma colher, vedando todo o recheio. Leve à geladeira por cerca de 20 minutos ou até que o molde fique opaco.
4. Passe uma espátula flexível na beirada do molde, usando o excesso para formar uma borda plana e mais grossa, que facilite o fechamento do ovo. Se necessário, coloque um pouco mais da cobertura derretida ou chocolate temperado.
5. Coloque os moldes emborcados sobre uma placa ou bandeja forrada com papel-manteiga e leve-os à geladeira (entre 8 °C e 10 °C) por cerca de 20 minutos ou até que a forma fique opaca, indicando que o ovo está pronto para ser desenformado.
6. Aqueça rapidamente uma placa metálica e encoste as bordas dos ovos nela por alguns segundos. Se o ovo for recheado com bombons, coloque-os em uma das cascas. Una as metades em seguida, usando luvas de malha para que as digitais não marquem a peça.
7. Procure embalar ovos com cascas decoradas em caixas de acetato transparente para valorizar o trabalho artesanal.
NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES
Porto seguro sedia o 2º festival raízes
Porto Seguro vai sediar o 2º Festival Raízes, que será realizado de 12 a 30 de abril com o maior número de pratos registrados para um evento do tipo na região e englobará, além da sede do município, os distritos de Arraial d’Ajuda, Trancoso e Caraíva. Ao todo, 75 empresas participarão, ofertando 75 pratos e 49 drinks criados a partir do tema “História e Cultura na Gastronomia”. Na lista de pratos participantes figuram nomes como “Carta à Pero Vaz de Caminha”, “Canja Imperial”, “A descoberta do Ouro", dentre outras especialidades. O evento terá um sabor ainda mais especial considerando que integrará as tradicionais comemorações do aniversário do Brasil, em 22 de abril!
Festival de gastronomia no Parque
A partir da segunda-feira (18), o Parque Shopping
Bahia, em Lauro de Freitas, vai realizar a 2ª edição do Festival Gastronômico
do Parque. Durante o evento, que segue até o dia 07 de maio, apaixonados pela
gastronomia de qualidade vão poder desfrutar diversas opções de menu completos
- entrada, prato principal e sobremesa - por R$ 49,90. Além dos restaurantes Five, Torre de Pizza,
Blancos e Kawai, localizados na Alameda Gourmet, também participam do festival
o Akihiro, Pasta e Brasa, Vivendas do Camarão, Yan Ping e Meu Chapa, que ficam
na Praça de Alimentação.
Chef premiado volta a comandar o Festival
Gastronõmico do Shopping da Bahia
O premiado chef Fabrício Lemos vai ser mais uma vez
o curador do Festival Gastronômico do Shopping da Bahia. Em 2022, o festival
volta a homenagear baianos ilustres e trazer um toque de baianidade ao cardápio
dos restaurantes do SDB. Pela primeira vez, o evento vai homenagear duas
personalidades que serão conhecidas logo após o feriado de Páscoa. Aguardemi Fabrício
comanda os restaurantes Origem e Ori, além do Mini Bar Gem e do Omí, em
Salvador.
Almacen Pepe lança sua linha de páscoa
O Almacen Pepe apresenta sua linha de ovos de Páscoa
artesanais: Chocolate ao Leite, Chocolate Branco e Chocolate Crocante. Produto
de fabricação própria, os ovos têm assinatura da marca, que já é tradição na
gastronomia baiana e podem ser encontrados nas três lojas da rede Almacen Pepe,
no Horto Florestal, na Pituba e em Alphaville, onde também se encontram outras
delícias de Páscoa, como os miniovos recheados e muffins de cenoura com cobertura
de chocolate.