A indústria das fakes, é triste, tem dedo profissional e tempero chinês
Uma abordagem sobre estes tempos de sociedade em rede, ou mais especificamente da potencialização da baixaria. É triste a constatação de que os autores das fakes são profissionais, como nós, que chutam para o lixo o aprendizado sobre a boa ética e usam a técnica de saber coordenar informações para enganar.
Lá por volta de maio publicamos matéria dizendo que os chineses querem fazer uma cidade na Bahia, em área que vai da Ponta dos Garcez, em Jaguaripe, ao Taquary, em Valença.
Eis que a mesma matéria volta à cena agora, mas adulterada. Diz que Rui Costa pretende dar aos chineses 10% do território baiano para fazer tal cidade. E aí entra a manipulação: “Segundo o colunista Levi Vasconcelos, tal cidade vai ter prédios de 30 andares...”.
Na gênese — É como se a nossa nota referendasse a plantação da doação de 10% do território baiano.
Em respeito aos senhores leitores, a gênese da nossa informação: um almoço com os chineses em maio no Restaurante da Mara, em Valença, na qual estavam também João Leão, o ex-deputado Marcos Medrado e o prefeito Jairo Batista.
Os chineses admitiram o interesse, e só. Ficamos sabendo que a área visada era a acima referida, a maior parte pertencente ao Grupo Daniel Dantas, e a outra à Andrade Mendonça. O papo do entorno: em tais casos eles chamam os donos para uma parceria. Ficou aí.
Aí, vem Bolsonaro e edita a MP que impede a punição da mentira. Parece que vive disso.
Otto diz que no 7 de Setembro Bolsonaro esbanjou despreparo
Diz o senador Otto Alencar (PSD) que o presidente Bolsonaro ultrapassou todos os limites do bom senso nos episódios do 7 de setembro.
— Transformou o Dia da Pátria, uma data cívica, num ato político. Provocou com isso momento de grande conturbação, afugentou grandes empresários, os investidores, que ganham o dólar daqui, mas não reinvestem, deixam, sobe o dólar, sobe a inflação, agride o STF e depois ele aparece dizendo que não foi bem isso que ele quis dizer. Um cidadão desse tem preparo para ser presidente?
Na avaliação de Otto, quem mais perde com isso é o povão, a parte pobre da população, a maioria:
— Temos 104 milhões de brasileiros que ganham R$ 450 mil, o que não dá nem US$ 100. Aí com a inflação, esse é o segmento que sai mais prejudicado.
Otto diz que a instabilidade presidencial causa apreensões gerais, até para 2022.
Poluição na Chapada
A Brazil Iron, empresa que extrai minério de ferro em Bocaína e Mocó, comunidades dos municípios de Piatã e Abaíra, na Chapada, e tanto inferniza a vida de moradores, abriu um canal de diálogo com a população, após encontro intermediado pelo promotor Augusto César de Matos.
Lá, a grande queixa, o que muito incomoda também ambientalistas, é de poeira no ar e sujeira na água. Ou seja, poluição em dose dupla.
Na Cachoeira de Eliana vai quase tudo como dantes
E hoje, cinco meses depois de a prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga (Republicanos) ter protagonizado intenso noticiário sobre sucessivas ameaças de morte só porque ganhou a eleição, a quantas anda o caso?
Quase na mesma. O clima distensionou um pouco, mas Eliana ainda mantém os cuidados como o de não dormir em casa. Mas muito burburinho maligno alimenta o tititi.
No foco da questão, os assassinatos de Ivan Passos, em 17 de novembro de 2020, dois dias depois da vitória de Eliana, com dez tiros, por acaso o número de urna dela. E também de Georlando Silva, em 7 de março deste ano, o que encheram o rosto de bala. A polícia diz que investiga o caso, mas ninguém foi preso.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Ordem expressa
Conta Sebastião Nery em ‘1950 histórias do Folclore Político Brasileiro’ que Miguel Rodrigues, paulista, chamou o filho, Orensy Rodrigues, veterinário de ofício, deputado de um único mandato pela Arena de São Paulo de 1971 a 1975:
— Orensy, meu filho, venha aqui ver essa! Delfim Neto (ministro da Fazenda do presidente João Figueiredo) está dizendo que 1981 vai ser melhor, a inflação menor que 80!
— E por que não, papai?
— Lembra muito aquela história lá de Frutal, em Goiás, morei um tempo por lá. Chegou lá um delegado, apresentou-se ao prefeito dizendo que tinha ordens expressas do delegado-chefe para acabar com o crime na cidade. E avisou: ‘Aguarde minhas providências’.
Dias depois pregou o aviso em todas as lojas, bares e restaurantes:
“Por ordem expressa do delegado chefe do Estado de Goiás está definitivamente proibido o crime nesta cidade a partir desta data.
Assino e dou fé”.
Antes como hoje, não?