Almiro Sena, um desastrado caso de promotor náufrago na política

Não só nos meios jurídicos, mas também nos políticos, a condenação do promotor Almiro Sena a quatro anos e pouco de prisão pautou rodas de conversas ontem.
Entre promotores, nenhum trauma. Alguns dizem que as provas contra ele, acusado de assédio sexual por sete moças, nos tempos em que era secretário de Justiça e Direitos Humanos, são bastante contundentes.
Entre políticos se diz que para, além dos imbricamentos jurídicos, a aventura política em que ele virou protagonista resultou num final igualmente desastrado, óbvio que com o tempero do assédio.
Rompimento total — Ele assumiu a secretaria no início de 2011, logo após a posse de Jaques Wagner no segundo mandato de governador, precedida de intensa polêmica no Ministério Público sobre a possibilidade de promotor assumir cargos de confiança no Executivo ou não. Ganhou, mas se esborrachou.
Foi indicado pelo PRB, o partido da Igreja Universal. No início de 2014, o ano do fim do governo Wagner, Almiro Sena virou um farrapo moral. Caiu acusado de assédio com forte bombardeio midiático, um constrangimento governamental, justo na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, com um indicado por evangélicos, uma triste ironia.
Mais, quando o PRB foi negociar o apoio a Rui Costa, fez de conta que nada aconteceu e fez uma pedida alta. Rui e o PRB romperam aí. Dizem que foi a maldição de Almiro.
Tum e o pleito lá do Bem Bom
Wallisson Torres, o Tum, que se elegeu deputado estadual pelo PSC antecipadamente avisando que ficaria com Rui Costa, recebeu do irmão Wilker Torres (PSB), prefeito de Casa Nova e seu grande cabo eleitoral, uma missão: falar com Rui Costa para melhorar a segurança do povoado de Bem Bom.
Inaugurando obras lá, Wilker disse que o lugar precisa de tudo, mais estradas e escolas, mas o que mais precisa é segurança.
Zé Neto na defesa de Rui
No tiroteio da tramitação da reforma do governo, o deputado Zé Neto (PT), líder da bancada governista, foi voz ativa na defesa de Rui Costa.
– Qualquer pessoa que for ver a clipagem das falas de Rui vai perceber que há muito tempo ele vem falando do déficit da Previdência. Também não é verdade que tudo foi incubado antes das eleições. O teto federal, por exemplo, veio depois da eleição.
Era o contraponto.
Na PEC do teto, calmaria
Aliás, em matéria de reações por conta da reforma administrativa de Rui, os governistas acham que, em relação à proposta de emenda constitucional (PEC) que define o salário do governador (pouco mais de R$ 22 mil) como teto do serviço público estadual, o pior já passou.
O pior, dizem eles, foi a tensão com os auditores fiscais e depois com os delegados, ambos casos resolvidos. Aliás, com os auditores houve muita preocupação.
A cadela Manchinha e as crianças mortas esquecidas
Coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-BA), Waldemar Oliveira, o Vavá, se diz intrigado com um fato: a intensa repercussão da morte, por agressão, da cadela Manchinha, dia 11, em Osasco, São Paulo, tão forte que vai ganhar um memorial em Fortaleza:
– Com todo respeito aos animais, sou veterinário de formação, mas não dá para entender um comportamento desse numa sociedade que se cala diante de centenas de crianças vítimas de crimes absurdos. No dia 14 de agosto, por exemplo, aconteceu o julgamento do pai de uma criança de 2 anos que foi estuprada e morta por ele. Lá só estavam os familiares e nós, do Cedeca. Dá para entender?
Dá. O foco tem vários pesos e várias medidas.