Arandas se despede da política triste. Quis ver a ponte e não viu
Confira a coluna de Levi Vasconcelos deste sábado
O advogado Heráclito Arandas (PSD), é prefeito de Jaguaripe pela quarta vez e poderia tentar a quinta ano que vem, mas não quer. Aos 77 anos, apesar de bem avaliado, decidiu pendurar as chuteiras. E nas eleições do ano que vem, vai agir como magistrado.
— Tratarei a todos com isonomia. E posso garantir que o meu sucessor vai encontrar uma prefeitura toda arrumada, redondinha.
Coladinho na ilha de Itaparica, na banda sul, Jaguaripe é uma das joias do Brasil-Colônia, à beira mar, belas praias, paisagens bucólicas, palco da imaginária cidade inteligente que os chineses fariam, fato que inspira uma piada que corre lá: será que só os gringos, portugueses ou chineses, enxergam o paraíso?
Ponte —Na disputa de 2024 os candidatos que despontam são Hunaldo Costa (PSD), ex-prefeito, que ficou o tempo inteiro dizendo que não queria, mas agora já quer, Fábio Barbosa (PCdoB), que perdeu para Arandas em 2020, e Wagner Novaes, que foi prefeito de Itiruçu três vezes, agora mora na Ilha da Ajuda, e já disse que também quer.
Mas Arandas se despede da vida pública com uma tristeza, a ponte Salvador-Itaparica, que ele prefere Salvador-Jaguaripe, já que ele acreditou, mudou a legislação de ocupação territorial para encarar os novos tempos.
— A gente fica descrente. Imagine você que a ponte nem entrou no PAC anunciado por Lula. E ao invés de vermos Jerônimo anunciando a hora de enfiar a primeira estaca, vemos ele dizer que vai romper o contrato.
A desilusão é geral.
Violência que se espalha
O ranking da violência recentemente divulgado dá mais um indicativo de que o assunto segurança pública merece uma atenção especial, segundo um deputado governista, que não quer se identificar.
Ele cita que historicamente Simões Filho era tido como o mais violento porque recebia a desova de Salvador. Agora o primeiro é Jequié, o segundo Santo Antônio de Jesus, Simões Filho o terceiro e Salvador o quarto. O mapa mudou.
Aristides corre atrás de dinheiro para se ampliar
Após reunião com os deputados federais Daniel Almeida (PCdoB), Lídice da Mata (PSB), Zé Rocha (UB) e Rogéria Santos (Republicanos), o médico Aristides Maltez Filho, diretor do Hospital Aristides Maltez, decidiu: começa em dezembro a construção de uma nova torre, que vai ampliar a capacidade de atendimento em 30%.
A obra vai custar R$ 18,6 milhões, sem contar os equipamentos, o hospital já tem R$ 4 milhões dados pela Sesab, Lídice se comprometeu a falar com Jerônimo e conseguir outros R$ 4 milhões, e Daniel, o coordenador da bancada baiana em Brasília, prometeu que a bancada dará os R$ 10 milhões restantes. O Aristides, um hospital fílantrópico, é a maior referência em câncer da Bahia.
Comissão de Agricultura vai a Juazeiro debater com produtores
Juazeiro, no norte da Bahia, maior distribuidor de frutas do Nordeste, um dos maiores do país, vai receber nos dias 5 e 6 de outubro a visita da Comissão de Agricultura da Assembleia, para discutir toda a problemática sobre a produção de manga e uva, como a possível proibição da pulverização, em debate.
Segundo o deputado Manuel Rocha (UB), num momento em que se cobra a instalação de logística para facilitar o escoamento da produção, ouvir os envolvidos na engrenagem da fruticultura é fundamental.
— Temos que entender bem a questão lá para ajudarmos como pudermos cá.
O deputado Roberto Carlos (PV), que é de Juazeiro e pediu a reunião lá, disse que ouvir produtores e distribuidores é fundamental.
— Vamos atuar atrelando os interesses das partes. Não dá para ser diferente.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Zé Pequeno
Não tem aquela frase, ‘hay gobierno, soy contra’? Pois a literatura política do Brasil é pródiga em gente que lê o inverso, ‘hay gobierno, soy a favor’. Conta Sebastião Nery que Zé Pequeno, líder dos carroceiros de João Pessoa, na Paraíba, lá pela década de 1930, época em que não existia carro, era quem comandava os desfiles de carroças em homenagem ao interventor Argemiro Figueiredo e ao prefeito Fernando Nóbrega, na ditadura de Getúlio Vargas, manifestações bem aceitas.
De repente, Argemiro caiu (já no início de 1940), Nóbrega também. Zé Pequeno guardou sua carroça, plantou-se dentro de casa. Um dia, dois, ninguém o viu mais. No terceiro dia, engraxou os sapatos, vestiu a roupa de domingo, pôs a gravata e passou pela casa de Fernando Nóbrega:
— Chefe, vou ao palácio apoiar o novo interventor, Rui Carneiro.
— Por que tanta pressa, Zé Pequeno?
— Ah, doutor, três dias longe do governo é demais. Se eu ainda fosse um Zé Grande, mas eu sou apenas o Zé Pequeno…