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Aviso aos prefeitos que vão para a reeleição: 2024 será pior que 2020

Em 2020, venceram 234 dos 294 prefeitos que disputaram a reeleição

Publicado domingo, 04 de junho de 2023 às 06:43 h | Autor: Levi Vasconcelos
A empresária Sheila Lemos (UB) virou prefeita de Vitória de Conquista
A empresária Sheila Lemos (UB) virou prefeita de Vitória de Conquista -

Em 2020, dos 417 prefeitos baianos 307 estavam aptos a disputar a reeleição – 294 encararam e 234 venceram, um índice de quase 60% do conjunto, um fato raríssimo, o segundo maior da história, segundo o advogado Luis Felipe Menezes, especialista em direito administrativo e também eleitoral.

Ele conta que o recorde de reeleição foi em 2008, quando a pujança da economia embalou um clima de otimismo e 68,8% dos prefeitos no País se deram bem. Em 2020, teve a pandemia, que irrigou os cofres municipais de dinheiro e encolheu campanhas adversárias. Já 2024 é outro papo.

— Em 2020 a pandemia restringiu atos de campanha, o que prejudicou opositores, e os prefeitos trabalharam mais em ações sociais. Hoje, as prefeituras estão sufocadas, com as receitas municipais em queda, o aumento das responsabilidades com programas e uma alta carga tributária, principalmente o imposto previdenciário. Sobreviver a isso é bem mais difícil.

Herzem – Dos reeleitos em tempo de pandemia sem dúvida o mais emblemático foi Herzem Gusmão, de Vitória da Conquista. Radialista de ofício, tirando o melhor proveito de um belo vozeirão. Disputou a prefeitura em 2004, ficou lá atrás. Em 2008,  melhorou; em 2012, trincou com o PT; em 2016, ganhou; em 2020, se reelegeu. E morreu de Covid.

A pandemia teve influência decisiva no desfecho. Herzem derrotou o PT e encarnou a linha bolsonarista. Não era um negacionista ostensivo, tomou as providências para a vacinação acontecer, mas pessoalmente não dava muita bola. Venceu no segundo turrno no dia 30 de novembro, 15 dias depois foi internado com a Covid, nem tomou posse, lá ficou até março, quando morreu.

Sheila – A empresária Sheila Lemos (UB) virou herdeira política em dose dupla. Da mãe, Irma Lemos, herdou o posto de vice. Ela era a vice no primeiro mandato de Herzem, não quis mais, botou a filha, que acabaria herdando também o próprio posto de prefeita.

Aí vem a questão: e Sheila vai bem para a reeleição? Precisamente, do jeito que Luis Felipe falou, ganhou em circunstância boa, vai encarar outra não tão favorável, a julgar pelo momento atual. Dizem lá que, além das dificuldades financeiras e o fato de ser oposição a Lula e Jerônimo, ela tem desgastes por ter herdado a equipe de Herzem sobre a qual não tem controle pleno. É competitiva, mas precisa se reajustar.

Carlinhos – Em 2020, outros episódios significativos: Orlandinho Peixoto, em Cruz das Almas, e Carlinhos Brasileiro, em Senhor do Bonfim, ambos do PT, ambos prefeitos em terceiro mandato, ambos perderam, ambos na época tinham 59 anos de idade e ambos se dizem vítimas da pandemia. Agora, para 2024, ambos também querem voltar.

Fala Orlandinho:

— Além de ter tomado muitas medidas restritivas que desagradavam, eu próprio tive que restringir meus movimentos. Agora vamos tentar retomar a rota.

Fala Carlinhos:

— É um fato que Senhor do Bonfim é um grande entreposto comercial e reagiu pesado às restrições.

Os dois têm mais algo em comum: são Lula lá e Jerônimo cá, outro fato que vai influir ano que vem, segundo Luis Felipe. Os opositores do governo têm alguns ingredientes para piorar o quadro.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Vem sua terra natal, São João Del Rey, em Minas, deputado estadual, depois federal, governador, senador e finalmente eleito presidente da República, em 15 de janeiro de 1985, o primeiro civil após a ditadura militar, não assumiu. Morreu sem tomar posse, vítima de uma crise de diverticulite (o vice José Sarney assumiu e governou todo o mandato).

Dele contam muitas histórias, mas Ronaldo Costa Couto, jornalista, escritor e doutor em história pela Universidade de Sorbonne, na França, conta que ele também inventava muitas histórias com amigos.

Uma delas: Francelino Pereira, um piauiense que deu certo em Minas, tinha o hábito de chegar nos lugares abraçando e levantando crianças. Dizia Tancredo que lá um dia ele chegou em Montes Claros e, como sempre, pegou um menino, ergueu, mas o pequeno gritou:

— Me solta, cara!

Era um anão.

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