E eis que no jogo político, alguns têm final melancólico
Confira a coluna deste domingo, 27
Dizem os filosófos que às vezes vitória é derrota e derrota é vitória, mas quase sempre é cada qual com o seu justo sentido. No jogo de 2024 alguns conhecidos personagens baianos, do ponto de vista de quem celebra a alegria como vitória, vão ter um final de ano melancólico.
Isaac Carvalho em Juazeiro, Fernando Torres em Feira de Santana, Eduardo Vasconcelos em Brumado e Geraldo Simões em Itabuna, apesar de atuarem em pontos distintos da Bahia, estão no time dos que preferem virar a página de 2024, sem saber se a próxima será melhor.
Isaac – Isaac, em Juazeiro, liderava as pesquisas no PT e lá ficou até o último minuto, prevaleceu a inelegibilidade. Queria botar a mulher candidata do partido, não colou, rompeu, botou o irmão Celso pelo PSD, ganhou Andrei da Caixa (MDB) que teve como adversária a prefeita Suzana Ramos (PSDB).
Resultado: antes tinha a confiança dos partidos, primeiro o PCdoB, depois o PT, agora de nenhum. O projeto é pessoal.
Fernando Torres – O homem do senador Otto Alencar em Feira de Santana, foi vereador, deputado estadual, federal, em 2020 voltou de novo para vereador, fez enorme barulho contra o prefeito Colbert Martins (MDB), este ano não se candidatou, apoiou Zé Neto dizendo que preferia Ronaldo, mas atendeu ‘um pedido de Otto’.
Resultado: o mandato dele de vereador que terminaria em 31 de dezembro foi cassado no fim de outubro por erro nas cotas de gênero em 2020. E este ano não elegeu nenhum vereador. O PSD de Otto, que tem o maior número de prefeitos no Estado, um total de 115, em Feira não tem nem um verreador para dizer que é seu.
Eduardo – Prefeito de Brumado no quarto mandato, Eduardo Vasconcelos triscou o pé na política estadual em 2014, quando foi candidato a vice governador de Lídice da Mata, do PSB, o partido dele a vida toda. Em 2021 foi a Brasília participar da Marcha contra o STF, organizada pelo time de Bolsonaro.
Resultado: acaba o mandato sem partido e este ano não apoiou ninguém e nem ninguém quis apoio dele. O duelo foi entre Fabrício Abrantes (Avante), o vencedor, e Guilherme Bonfim (PT).
Geraldo – Por fim tem Geraldo Simões, em Itabuna. Sindicalista da Ceplac, fundador do PT, ex-prefeito, ex-deputado federal, este ano perdeu a disputa interna, bandeou para o lado do deputado Pancadinha (SD), adversário do prefeito Augusto Castro (PSD), perdeu.
Resultado: ficou com fama de vermelho traidor.
Ex–prefeitos – E tem também os que estão mal porque venceram eleições. Sílvio Ataliba, ex-prefeito de Maragogipe e presidente da Associação dos Ex-Prefeitos da Bahia, diz que muitos se tornaram infelizes.
– Tem mais de mil ex-prefeitos nos quatro cantos da Bahia, cheios de processos, passando muitas dificuldades, inclusive pessoais, por conta de processos na Justiça.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Octávio e o porrete
Essa é da lavra de Newton Macedo Campos, ex-deputado e ex-vereador em Salvador, sobre o amigo Octávio Mangabeira.
1945, fim da II Guerra Mundial, uma onda de democratização varreu o Brasil, angustiado com 15 anos da ditadura de Getúlio Vargas. Octávio, candidato a governador (venceria o pleito), foi a Serrinha fazer comício com o intuito de voltar e dormir em Feira de Santana. Não deu, teve de pernoitar por lá mesmo.
Chegou à casa em que ficaria hospedado, perguntou discretamente onde ficava o sanitário. O anfitrião encheu-se de dedos:
– O Senhor sabe, né? Aqui todo mundo se vira no quintal. Mas vou dar um jeito.
Minutos depois, voltou com uma vela acesa, um jornal e um porrete. Incrédulo, Octávio indagou:
– Amigo, me esclareça uma coisa. A vela, eu entendi, é para iluminar o caminho. O jornal, também entendi. Mas pra que esse porrete?
– Ah, esqueci de lhe explicar, Dr. Octávio. É para o senhor espantar um porco abusado que fica por aí rondando.
*Colaborou: Marcos Vinicius