E já que a Fiol tem muitos pais, João Cavalcanti diz que também é
– E eu, onde fico?
A pergunta aí é do geólogo João Cavalcanti, o Perdigueiro, assim chamado por sua capacidade de farejar minas. No caso em apreço, ele diz que um exame de DNA atesta fácil a paternidade.
Foi Cavalcanti quem descobriu a mina de ferro em Caetité e fundou a Bamin, agora sob controle de um grupo do Cazaquistão, que vai explorar a jazida para desaguar no Porto Sul, em Ilhéus.
– Viu? Só existe por causa de mim, que descobri o minério de ferro lá.
A Fiol tem 1.527 km de Ilhéus a Figueirópolis, no Tocantins. Bolsonaro vai assinar hoje com a Bamin o contrato para conclusão e operação do primeiro trecho, de Ilhéus a Caetité (537 km). Ficam faltando Caetité-Barreiras (485 km) e Barreiras-Figueirópolis, que o governo promete licitar no mais tardar ano que vem.
Descobertas — A Fiol tem a pretensão de desaguar no Porto Sul 60 milhões de toneladas por ano. A pleno pique, daqui a uns dez anos, estará com 18 milhões. Outro tanto virá do agronegócio no oeste, mas Cavalcanti garante que as expectativas são ótimas.
Não será problema. Diz Cavalcanti que com a Cia. Vale do Paramirim, que é dele, já descobriu na área reservas de cobre, com 100 milhões de toneladas, zinco (50 milhões), lítio (um milhão) e grafeno (um milhão).
– Do ponto de vista mineral, a região é muito rica. Rica e inexplorada. Lá começa de fato um tempo novo.
Enfim, Alden no cadafalso
E já que a pauta da Alba destravou, o parecer do Conselho de Ética que pede a suspensão do Capitão Alden (PSL) por 30 dias, por ter dito que deputados da oposição recebem R$ 1,6 milhão da prefeitura de Salvador, está no gatilho.
O líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), que de início pegou leve, diz que depois da visita de Lula, quando Alden apareceu na Alba com a camisa Lula Deus me livre, lavou as mãos. A questão: nada impede que peçam a cassação dele.
Para Zé Rocha, o impacto é já
Natural de São Félix do Coribe, o deputado Zé Rocha (PL), também entusiasta da Fiol, diz que os impactos da ferrovia vão ser sentidos logo, assim que o trem andar.
– A área de Correntina, Cocos, o sul do oeste baiano, onde o agronegócio é forte e o transporte hoje é difícil e caro, vai sentir logo a melhora.
Segundo Zé Rocha, a Fiol é um sonho regional. Ele carimba a tese de que o mapa da economia baiana está sendo redesenhado.
Minerodutos, perigo da Ásia
João Cavalcanti revela um detalhe curioso: o perigo que pode ameaçar a viabilização da Fiol são os minerodutos, ou a construção de dutos que transportam o minério, com água, do local da extração até o porto.
– Há um grupo asiático interessado em construir.
Cavalcanti diz que o transporte em carreta é caríssimo, pela ferrovia a empresa compra o vagão e paga o ‘direito de passagem’, mas o mineroduto seria bem mais barato.
Agronegócio ganhou, mas no oeste baiano nem tanto
E já que o papo é a economia do interior baiano, a alta nos preços dos produtos comercializados no mercado internacional, com o dólar subindo, sugere que no oeste baiano, o paraíso do agronegócio com soja, algodão e milho à frente, tudo é sorrisos, não?
Não é bem isso. O jornalista Carlos Alberto Sampaio, do site O Expresso, de Luís Eduardo Magalhães, conta que, segundo líderes empresariais, muito pelo contrário, o cenário lá é de preocupação. A soja, por exemplo, muitos venderam antecipadamente com base no ‘preço futuro’ a
R$ 95, hoje está em R$ 160. Na contrapartida, o preço de insumos como adubos e máquinas subiu 50%. De quebra, ainda tem as intempéries climáticas agravando o mix da insegurança.
REGISTROS
SOS Apipema 1
Moradores do Jardim Apipema, em Salvador, estão pedindo ao prefeito Bruno Reis que dê uma olhadinha nas ruas internas do bairro. Eles falam que a Sabino Silva está em obras de requalificação desde o ano passado e vai tudo bem, mas as ruas internas estão cheias de buracos.
SOS Apipema 2
Eles afirmam que, além dos buracos, causando visíveis transtornos, tem também muitos postes com lâmpadas queimadas, o que complica.
Fura-filas
Félix Mendonça (PDT) emplacou na CCJ da Câmara projeto que deixa inelegível por oito anos quem furar a fila da vacina, como aconteceu no início da pandemia. Diz ele que com a 3ª dose isso se torna mais que necessário. Ademais, vacinação contra a Covid vai ser rotina nos próximos anos.
Delta e mu
Aliás, quando se pensa que está tudo voltando ao normal, aparece a variante delta, com 2.613 casos no Brasil até anteontem; o Rio campeão, com 907, seguido de São Paulo, com 757. A Bahia só teve três, mas um morreu. E pior: está surgindo no cenário uma variante colombiana chamada mu, mais resistente a vacinas.