E o ‘toma lá, dá cá’ vai indo, cada dia mais o ‘dá cá’ subindo a cota

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, ficou zangado ao ver o ministro Fernando Haddad dizer que o Brasil ‘saiu do que os cientistas chamam de presidencialismo de coalizão para entrar no parlamentarismo sem primeiro ministro’.

Haddad estava querendo dizer que a cada dia a cota dos deputados cresce, deixando o Executivo refém. E citou achar um absurdo pagar R$ 40 bilhões em emendas, o equivalente a 4% do PIB. E conclui que não sabe como resolver isso.

O tal presidencialismo de coalizão, em que o presidente governa, mas depende do Congresso para viabilizar a governança, configura o que chamam toma lá, dá cá. Ou seja, toma lá o apoio, dá cá dinheiro.

Histórico —Numa palavra, o presidente paga, ou fica sem apoio. A frase ‘é dando que se recebe’ é atribuída ao ex-deputado paulista Roberto Cardoso Alves, que foi ministro do governo José Sarney, o primeiro após o fim da ditadura militar.

Vè-se que o dá cá é velho e só vem crescendo. Fernando Henrique Cardoso fez, Lula pisou mais fundo e acabou produzindo o Mensalão (depois a Lava Jato), Dilma refutava e acabou caindo, Michel Temer, que a vida toda foi deputado, era do métier, enfrentou aquele escândalo da JBS do ponto de vista do Congresso intocado e Bolsonaro, que renegava o tal toma lá dá cá, acabou se abrindo tudo com a inauguração do Orçamento Secreto.

Agora é um novo desafio para Lula. Ele ganhou uma eleição trincada, não quer reeditar o Mensalão e nem a Lava Jato, mas ainda não sabe como lidar. É nessa que estamos.

Café com os pais no gogó

Entre as vítimas do apagão também está Adolfo Menezes (PSD), o presidente da Assembleia. Ele marcou para ontem um café da manhã com os pais que trabalham na Casa para festejar o Dia dos Pais.

Mal a festa começou, a luz apagou. Saiu, voltou, tudo escuro, tocou a programação assim. Na hora de falar, as câmeras da televisão iluminaram ele, mas o discurso foi mesmo no gogó.

Vitório completa 10 anos pilotando finanças baianas

O PT herdou do carlismo uma Bahia financeiramente saudável, Jaques Wagner seguiu a cartilha, Rui Costa passou para Jerônimo no mesmo tom e Jerônimo vai na trilha. Hoje completam-se 10 anos que Manoel Vitório está no comando da Secretaria da Fazenda do Estado e no entorno governista se diz que ele é o cérebro que cuida de manter a saúde financeira baiana.

Nos seis primeiros meses deste ano, a Bahia atingiu R$ 3,8 bilhões de investimentos, só perdendo para São Paulo.

Vitório trabalhava no Tribunal de Justiça e foi indicado pelo desembargador Carlos Cintra, inicialmente na Administração, depois na Fazenda. Os governistas na Alba gostam disso.

Que ironia, o apagão impediu o olhar sobre a Coelba se ligar

A Comissão de Infraestrutura da Assembleia ia instalar ontem a Subcomissão da Coelba, que vai acompanhar a contagem regressiva do contrato de concessão da empresa, mas justo na hora em que os trabalhos começaram, o apagão bateu.

O deputado Robinson Almeida (PT), que é o autor da proposta, diz que atrasa um pouquinho por motivo irônico, mas os trabalhos vão continuar por ser de relevante interesse da Bahia.

— Temos problemas com escolas, empresas e na agricultura. O contrato diz que a Coelba tem a prerrogativa de pedir a renovação três anos antes do fim com um ano de antecedência. Isso vai acontecer no próximo ano. Ora, o lucro da Neoenergia na Coelba em 2022 foi de R$ 4 4,7 bilhões. Para se ter ideia, o investimento do governo em saúde, segurança e educação é de R$ 4 bilhões. É muito dinheiro. Isso tem que ser discutido.

REGISTROS

ABI em pauta 1

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) completa 93 anos amanhã e a data foi lembrada ontem na Assembleia pelo deputado Hassan (PP), que aprovou uma Moção de Congratulações dizendo que a imprensa é ‘um dos pilares da democracia’.

ABI em pauta 2

Hassan diz que a ABI é testemunha e protagonista da história da Bahia, “sempre presente nos momentos relevantes que implicaram em transformações sociais, políticas e econômicas não só da Bahia, mas também do Brasil”.

Embrapa também

A Alba realiza amanhã (1430) sessão especial para festejar os 50 anos da Embrapa. O deputado Eduardo Salles (PP), agrônomo de formação, diz que a Embrapa, com pesquisas científicas, virou o jogo no agronegócio, o Brasil deixou de ser importador de alimentos e hoje exporta para 46 países, sempre crescendo.

Na berlinda

Amarildo Lima (PP), vereador em Piatã, está enfrentando um processo de cassação. Motivo: chamou o prefeito Marcos Paulo (PDT) de ‘ladrão, por estar roubando dinheiro da merenda escolar’. O próprio prefeito pediu a cassação.