Enquanto Neto faz sua festa cá, Rui e cia vão de ponte da Barra

Se em Salvador ACM Neto fez um festão para lançar a pré-candidatura, lá em Barra do São Francisco Rui Costa fez mais um ato oficial com pompas de pré-campanha, inaugurou a ponte Barra-Xique-Xique, uma obrona, ao lado de Jaques Wagner, Otto Alencar e João Leão.
Os quatro falaram, todos no mesmo tom: essa é uma união que deu certo, com um tic de que João Leão fez a ressalva: ‘Essa é uma união que deu certo, vamos continuar juntos, conto com vocês’.
A fala sugere que Leão é candidato e está pedindo apoio. Uma das possibilidades que se fala é Rui Costa, como governador bem avaliado, disputar o Senado e deixar Leão completar os nove meses de mandato. Rola?
Questão de idade — Com a palavra o deputado Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na Assembleia:
— Sempre ouço essa conversa partindo do pessoal do PP (de Leão). Nós, do PT, queremos que Rui fique até o fim. Mas estamos abertos.
Veja você que a ideia da construção da ponte é de João Leão, pernambucano criado em Barra, abraçada por Rui Costa. Enquanto viveu, Lomanto Júnior era um semideus em Juazeiro. Foi ele quem fez a ligação viária Feira de Santana-Juazeiro.
A ponte Barra-Xique-Xique, de forte impacto no agronegócio, que até hoje só tinha o Rio São Francisco para mandar até o porto de Suape, em Pernambuco, tem força para isso, a virada de um tempo lá. É disso que o grupo tira gás.
Enfim, Feira de Santana tem o merecido ‘Um lugar ao sol’
Diz Luiz Tito, jornalista, que Feira de Santana, a Princesa do Sertão, tão ressentida pelo fato de tornar-se refúgio de delinquentes conhecidos, o que puxa a mídia nacional pelo baixo astral, agora sente um motivo para regozijar-se.
A música Sulamericano, da banda Baiana System, que abre a novela das nove da Globo, Um lugar ao sol, fala em Feira de Santana. Um trecho da letra diz:
Inflama, inflama...
Não passa disso
Não me engana,
Que sou sulamericano
De Feira de Santana.
Diz Tito que parece coisa boba, mas não é. Ele lembra o caso de Leonardo Pareja, sequestrador e assaltante, que durante três dias ficou num hotel lá em Feira com uma sobrinha de ACM, então senador, como refém:
— Isso foi em 1995. E nem parece que já se passaram 26 anos. E de lá para cá outros episódios pioraram isso. Feira merece Um lugar ao sol.
Alegria com ambulância
Jornalistas presentes ontem na inauguração da ponte Barra-Xique-Xique chamaram a atenção para dois fatos.
1 — O sol escaldante, mais de 40 graus.
2 — As autoridades locais não só sabiam disso, como dos incômodos que causam. Tanto que ambulâncias de plantão não pararam socorrendo vítimas do calor.
Tem a ver. A área, no Vale do São Francisco, para captação de energia solar é mais de três vezes melhor que no litoral.
ACM, o novo, recorreu ao ‘ACM meu amor’, do velho
Ao usar o jingle “ACM meu amor”, que marcou a campanha do avô, em 1990, quando ele retomou o governo, ACM Neto deu uma derrapada marqueteira, segundo alguns: quer aparecer como o novo lembrando coisa velha.
Ironia: em 2008, quando se candidatou a prefeito a primeira vez e perdeu, Neto tentou se descolar do avô, embora seja herdeiro da grife.
Aliás, o jingle, muito bonito, de autoria de Gerônimo e Vevé Calazans, já foi alvo de intensa pendenga judicial sobre os direitos autorais, com os dois argumentando que a autorização para uso era só com ACM enquanto ele vivesse. Ganharam.
A utilização do jingle pelo time de ACM Neto foi ação plenamente autorizada.
POLÍTICA
COM VATAPÁ
Na capital do bode
Conhecida nacionalmente como A capital do bode, terra das andanças de Lampião e palco da primeira batalha da guerra de Canudos, em Uauá, coração do sertão baiano, tudo gira em torno do bode, a economia, a política, o folclore e obviamente a cultura da culinária.
Na política, o povo, para estrilar suas desventuras, cunhou lá no início do século passado, a frase até hoje em vigor: ‘Uauá, terra de cabras fortes e políticos fracos’.
Conta José Guimarães Filho, o Zé Branco, ex-prefeito da vizinha Andorinha, que lá um dia um forasteiro, chegando em Uauá, procurou um restaurante:
— O que tens aí para degustarmos, minha senhora?
— Tudo, tudo, tudo. Bode assado, bode moqueado, bode ensopado, bode malassado...
— A senhora não tem outra coisa, outro prato, algo fora do bode?
—Fora disso, só ovos.
— Se não for ovos de bode, eu quero.