Ludmilla e Soane, as primeiras-damas na briga pelas mulheres
Deputadas estaduais, que emergiram das urnas de 2022, têm algo em comum
Ludmilla Fiscina (PV) e Soane Galvão (PSB), duas deputadas estaduais que emergiram das urnas de 2022, têm algo em comum.
Ambas são primeiras damas de prefeitos de dois importantes municípios da Bahia, Ludmilla em Alagoinhas, esposa do prefeito Joaquim Neto (PSD), e Soane em Ilhéus, esposa do prefeito Mário Alexandre, o Marão (PSB), por acaso, ambos médicos. A julgar pelo desempenho delas nos primeiros meses de mandato, são e querem demonstrar, muito mais que isso.
Além dos compromissos com as questões dos municípios em que tiveram apoio, as duas bradam uma causa maior, a defesa das mulheres.
Fala Ludmilla:
— Nossa luta é pela conquista de espaços e essa é uma luta sem tréguas.
Fala Soane:
— O desafio é geral. Temos tido pouco espaço de decisão e brigamos por uma educação geral. Enquanto o respeito às mulheres não for uma prática constante, rotineira, temos que estar no front.
Os maridos —E o fato de ser esposa de um prefeito influencia as decisões?
Ludmila diz que é professora e sempre teve presença constante na área social:
— Claro que o apoio dele muito ajudou. Eu nunca pensei em disputar mandato, veio assim, meio que por osmose. Mas já que estou na briga, vou honrar a luta
Soane diz que é bacharel em direito e empresária.
—Antes de estar casada com Mário eu já galgava espaços de vitória. O casamento com ele só fortalece esse crédito.
Os maridos —Ludmilla, mãe de um filho e Soane de três, neste maio, o Mês das Mães, integram a Comissão de Mulheres da Alba, onde as 10 mulheres deputadas jogam de lado outras pendengas para focar numa só, descontar o atraso.
Ludmilla bateu palmas para o projeto aprovado na Câmara que impõe salário igual para homens e mulheres com as mesmas funções. Soane para um projeto dela mesma que proíbe eventos com dinheiro público que promovem a sexualização de crianças. Elas acham que mulheres entendem melhor tais questões. E é.
De Nísia Floresta até hoje, 191 anos depois, o avanço é pouco
Um olhar sobre a história da briga das mulheres mostra ser tão velha quanto necessária. Lá por volta de 1832 a jovem Dionísia Gonçalves Pinto, com 22 anos, escondeu-se atrás do pseudônimo de Nísia Floresta para lançar o livro Direitos das Mulheres Injustiças dos Homens.
Traduzido para o inglês com o título de Women's Rights and Men's Injustice, o livro correu mundo, mas no Brasil mulher só veio ter direito a voto em 1932, ou 100 anos depois. E agora, 191 anos após o lançamento, o atraso ainda é grande.
Na Assembleia da Bahia, por exemplo, após o fim da ditadura Vargas em 1946, até hoje passaram 270 deputados (muitos com vários mandatos). Sabe quantas mulheres entre eles? Apenas 30, com o detalhe: Olívia Santana (PCdoB), deputada em segundo mandato, é a primeira negra a eleger-se. Dá para entender?
POLÍTICA COM VATAPÁ
Prioridade total
Vavá Lomanto, irmão de Lomanto Junior, hoje nome de Rua em Jequié, a terra natal, foi prefeito de Boa Nova, virou lenda na região de Jequié. Dele contam muitas histórias e estórias temperadas com muito bom humor. Uma delas: Dizem que ele chamou a secretária de educação e passou um papel com a ordem:
— Contrate essa professora aqui.
— Mas sêo Vavá, na semana passada o senhor baixou uma portaria proibindo contratações e por causa disso nós já recusamos muita gente.
— Minha filha, esse é um caso excepcional, o pai dela merece muito. É tão especial que vale a pena enfrentar a revolta.
Com visível má vontade a secretária saiu, dia seguinte voltou:
— Seu Vavá, arranje outro lugar para ela porque como professora não dá. Imagine o senhor que a mulher não sabe nem quem foi que incendiou Roma!
— Ô, minha filha, abafe o caso do incêndio que eu pago o prejuízo, mas por favor, contrate a mulher.