No embalo dos bons ventos, a Bahia corre atrás de outros sonhos
Confira a coluna deste domingo
Conselheiro do Vitória e deputado estadual do PT, Robinson Almeida, que é engenheiro, nunca viu os ventos soprarem tão bem a seu favor, do Barradão ao Planalto (passando pelo Palácio de Ondina, é lógico). por isso, não titubeou em presentear Lula e Janja com uma camisa 13.
— Ele sempre se disse rubro-negro. E só recebeu camisas do Bahia dadas por Wagner e Rui. Fui pra cima.
Jerônimo, também rubro-negro, fez a ponte, acertou de pegar Lula ainda no camarim. E perguntou:
— Quais são os jogadores do Vitória que você lembra?
E Lula, de bate-pronto:
— Bebeto, Edilson Capetinha, Vampeta e Dida.
Três deles, Dida, Capetinha e Vampeta, jogaram no Corinthians, o time do coração.
Pedidas —Janja, a primeira-dama, se derramou em sorrisos quando viu o nome dela na camisa. O clima de descontração plena parece brincadeira, mas no lado político, já que o astral é todo a favor, também aumenta a responsabilidade. Nunca a Bahia viveu situação similar.
Jerônimo apresentou a Lula as pedidas baianas. Entre elas, a necessidade de construir ferrovias, como pede o pessoal da mineração, é algo que leva 10 anos para acontecer. Se começar agora, une as torcidas de Bahia e Vitória.
Raimundinho da JR, o do PL que apoia o PT e ninguém xinga
Eleito pelo PL de Bolsonaro, mas sempre seguindo os passos de Jerônimo desde que tornou-se vice-líder do governo na Assembleia, o deputado Raimundinho da JR, ao ser abordado sobre a possibilidade de estar procurando outro partido (o MDB, no caso) nega categórico:
— Não posso.
— Por quê?
— Ninguém me xinga.
A questão é: ele tem de ser leal a sigla pela qual se elegeu e só pode sair, sem o risco de perder o mandato, se se sentir incomodado.
O único a levantar a voz até agora foi o vereador Alexandre Aleluia, de Salvador, colega de partido, que pega leve, dizendo que não cabe aos partidos cobrar posicionamentos dos filiados, mas ressalva: “Quem é de um partido de oposição tem que ser oposição”. Xingar, nada...
Eduardo Salles fala em reforma, mas sem invasão
Outro que vive entre a cruz e a espada por apoiar o governo do PT é Eduardo Salles (PP). Ele já foi secretário da Agricultura e sempre ligado ao agronegócio, que cobra posições contra as invasões de fazendas promovidas pelo MST.
— Vivemos um acirramento desnecessário. Eu sou a favor de invasão zero, até porque não precisa. Se o MST quer a reforma agrária, há fazendas disponíveis para a venda em todos os cantos da Bahia, no extremo sul conheço mais de 20.
Ele diz que o MST está na briga errada. Deveria lutar por energia e estradas para os assentamentos.
— Conheço uns sete que não são susentáveis por falta de infraestrutura.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Saudades
Três vezes vereador em Olindina, vice-prefeito, prefeito (após duas derrotas) e daí em diante seis mandatos de deputado estadual consecutivos até 31 de janeiro último, Aderbal Caldas, hoje com 80 anos, sempre foi um sujeito calmo e tranquilo, tipo sempre de bem com a vida, quando alguém indagou: “Por que todo mundo tem alguma picuinha política para contar dos outros e com Aderbal, nada?”.
Um outro do lado retrucou: “O problema dele é noutra esfera. É pai de 13 filhos com 12 mães diferentes e não é casado com nenhuma”.
E eis que lá um dia, Jaques Wagner, já senador, discursava na tribuna da Assembleia, quando vaticinou:
— A velhice nos dá a sabedoria que amplia bastante as nossas chances de acerto!
Aderbal ouviu, comentou desolado:
— Vá lá, Wagner. Mas eu tenho tantas saudades dos meus erros...
Aderbal hoje é pecuarista em Olindina.