Outubro de 2022 bem podia ser o mês que a baderna mudou de lado
Xenofobia com nordestinos é coisa velha, mas vitória de Lula pintou algo novo na cena política

Dita a ciência política que o rumo da boa governança é a prática de atos e fatos que vislumbrem a construção de uma sociedade em que todos vivam em paz e harmonia. Por aí, a pregação do ódio com o tempero do racismo e da xenofobia é a contramão.
Entendeu, Maria? A colocação acima é de Maria de Lourdes Santos, do Costa Azul, que nos pergunta o que entendemos dos ataques dos sulistas porque o Nordeste votou com Lula e as reações fedorentas que daí emergiram.
Ver uma cidadã com D. Angela Machado, diretora de responsabilidade social dizer que ganhamos onde se produz, perdemos onde passamos férias (referindo-se a vitória de Lulá cá) nos induz a uma convicção: se isso aí é um pensamento que infelizmente é prevalecente no sul, os nordestinos estão certíssimos em votar contra. Então, o que chamam atraso, é progresso.
Baderna —A xenofobia dos sulistas com os nordestinos é coisa velha, mas na ressaca da vitória de Lula pintou algo de absolutamente novo na cena política brasileira: as manifestações como a dos camioneiros contra a eleição é algo parecido com as da esquerda contra o regime militar na época da ditadura, que a direita chamava de baderna. Moral da história: a baderna mudou de lado, antes da esquerda, agora da direita.
Seja lá qual for a motivação, já se dizia que extremista de esquerda ou de direita rima com terrorista não por acaso. O sangue que jorra das vítimas é sempre o mesmo, misturado com dor. E agora o velho podre volta
O conselheiro da segurança
Dizem em Feira de Santana que Jerônimo Rodrigues, o governador eleito da Bahia, tem um grande conselheiro na área de segurança, um dos pontos fracos do governo de Rui Costa. É João Veloso, delegado aposentado, criminalista respeitado.
Simplesmente o cidadão em apreço é o sogro do governador. Os que o conhecem dizem que se Jerônimo ouvi-lo. com certeza amplia muito as chances de acerto.
O casamento do campo com a cidade é a bola da vez no agro
Diz Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), que a E-Agro, exposição itinerante em sua 5ª edição, a primeira delas em Salvador, tem um objetivo bastante claro, integrar campo e cidade.
— Nos dias de hoje conta muito a questão da sustentabilidade. O mundo está cada vez mais exigente em ver a produção em boa sintonia com a preservação ambiental, por exemplo.
Na E-Agro do Centro de Convenções, por exemplo, a fabricação do artesanato de piaçava, uma planta nativa, ganhou força, segundo Humberto, já que o propósito também é mostrar tudo de todos, grandes e pequenos. E Maria Aparecida, do povoado de Jetemane, em Nilo Peçanha, artesã, se diz satisfeita:
—É muito bom. Já exportamos para os EUA e a Bélgica, mas o setor só cresce.
A ‘Aldeia do Mundo’, ou Arembepe, surfa na Flipelô
Camaçari é sempre lembrada pelo Polo Petroquímico, uma injustiça se olharmos os 42 km de belíssimas praias, entre elas Arembepe, às margens do Rio Capivara, a aldeia hippie que nos anos de 1970 foi palco de celebridades internacionais como Janis Jopplin e Michk Jagger.
Essa história muito bem contada, com fartas ilustrações, está no livro “Arembepe, Aldeia do Mundo”, que Claudia Giudice, Luiz Afonso e Sérgio Siqueira lançam hoje na Flipelô.
Mas a Arembepe de hoje é meio largada. Lúcia Bichara, subsecretária de Turismo de Camaçari, diz que há um projeto contemplando toda a orla de Camaçari:
— Arembepe é o nosso tesouro turístico.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Sem acordo
Essa é de Sebastião Nery. Anos 80. Uma comitiva de deputados do MDB foi a Secretaria de Segurança Pública pedir autorização ao secretário Durval Mattos para fazer passeata em apoio a greve no ABC paulista.
Pedido negado, Élquisson Soares, deputado estadual, recorreu ao governador ACM:
— Governador, será uma manifestação pacífica. Só uma caminhada do Campo Grande até a Praça da Sé.
— Passeata, não. Só na sede do PMDB. Na rua, não.
— Mas governador, estamos aqui deputados do PMDB, do PTB, do PP. Os professores Josaphat Marinho e Rômulo Almeida...
—Então respondam o que acham da invasão russa no Afeganistão.
— Somos contra, governador. Mas também somos contra a invasão da Bahia pela Dow Química.
— O que?!
— É isso aí, governador. Contra a Rússia invadir o Afeganistão e a Dow Química invadir a Bahia.
— Me respeite, atrevido!
— Atrevido é você!
— É a sua!
— É a sua!
A passeata saiu. E foi dissolvida no pau.