São Roque bota fé em Lula para renascer das cinzas
São Roque do Paraguaçu é um bucólico povoado de Maragojipe, pertinho da desembocadura do Rio Paraguaçu

São Roque do Paraguaçu, um bucólico povoado de Maragojipe, pertinho da desembocadura do Rio Paraguaçu, tendo também ao lado o Rio Baetantã. Uma beleza, que nos últimos 60 anos pode dizer que já viu céu e inferno três vezes.
A primeira foi em 1962. No ano anterior, um decreto do governador Juracy Magalhães elevou o povoado a município e ano seguinte rebaixou. Depois, nos anos 80, a Petrobras instalou lá o estaleiro para construir plataformas e reparar navios. No início dos anos 90, Collor derrubou, Lula reabilitou e a Lava Jato matou de novo.
E por que o estaleiro não funciona se há toda estrutura lá? Mais, é o único do País que constrói plataformas. Segundo Sílvio Ataliba, ex-prefeito, a diferença é que a legislação brasileira, trabalhista e fiscal, eleva o custo da produção de 20 a 25% em relação a Cingapura, na Ásia, onde a Petrobras constrói hoje.
— O preço que nós pagamos é esse, a miséria.
Perdas e lucros —Jerônimo, o governador eleito, tem a reabilização como uma das prioridades e já levou o caso para a equipe de transição de Lula. Radiovaldo Costa, diretor de comunicação do Sindipetro, diz que o caminho é por aí.
— Se fizerem as contas direitinho vão ver que o estaleiro funcionando rende muito mais dinheiro do que esses 20% tão argumentados.
Esperança -A esperança acalenta os dias de Leidinalva Barbosa dos Santos, a Leide, 43 anos, casada, dois filhos, que nos bons tempos foi trabalhar no estaleiro e acabou soldadora, e sustentava a família assim. Desempregada desde 2016, quando foi demitida, hoje vive de soldar portas e portões.
– Não tenha dúvida de que a vida aqui deu pra trás. É muito difícil. Não temos sequer um representante bancário para pagar contas de água e luz.
Claudionor Santana, 49 anos, caldereiro e técnico de montagem, e Antonio Bonfim Borges, 57 anos, aposentado (vítima de acidente), dizem que entre os quatro mil moradores do lugar (no pico era 15 mil) há um consenso: a esperança de que com Lula os bons tempos voltarão.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Endereço incerto
Orlando Dantas, médico do bom e do bem, amigo de todas as horas, humano, solidário e prestativo, e também figura muito afável com os amigos, elegeu-se prefeito de Catu no início dos anos 1990 e no mandato deparou-se com um grande inimigo, ele próprio, com uma irrefreável compulsão pelo álcool. Tomava todas, quase sempre todos os dias, todo mundo vendo.
Contam lá que certa feita recebeu um grupo de amigos de Salvador, deu no previsto, farra plena. Fim de festa, ele completamente ébrio, um amigo se prontificou a levá-lo em casa.
Na rua, o amigo que dirigia o carro, parou e perguntou a um menino:
— Ô meu filho, onde é que fica a casa do dr. Orlando Dantas?
O menino olhou dentro do carro, exclamou:
— Mas esse aí é dr. Orlando!
Orlando levantou um pouco a cabeça, com a voz arrastada, falou:
— Eu sei que sou dr. Orlando. Só não sei onde é minha casa...