Tristezas, desafios e esperanças no mix do Centro Histórico
Confira a coluna de Levi Vasconcelos
Melancólico, o jornalista Florisvaldo Mattos, 91 anos, também professor universitário, mas mais que tudo poeta, postou no zap no dia 18 deste mês: “Fechado faltando apenas dois meses para comemorar os seus 85 anos de fundado, 7 de setembro. Triste, triste’.
Ilustrando a fala, uma foto do Porto do Moreira, uma das grandes referências em matéria de restaurantes fiéis à culinária baiana do Centro Histórico de Salvador, point predileto para intelectuais de todos os matizes de meados da segunda metade do século passado para cá.
Entende-se a tristeza de Flori. Cidades são palcos e cenários, nós os atores em cena. O Moreira é um desses palcos de bons espetáculos de um tempo cujos atores se foram, ficou só a casa e o cenário. E o cenário lá todo ilustrado com fotos que marcam os tempos áureos carimbando o fato.
Hotelaria —O Centro Histórico de Salvador é ponteado disso, como a Baixa dos Sapateiros, até 40 anos atrás centro comercial pujante, agora a maioria das lojas fechadas.
O que fazer para construir um tempo novo atraindo novos atores para os velhos palcos? O prefeito Bruno Reis (UB) admite que é um desafio. Uma das apostas é estimular a hotelaria e para isso cogita construir um centro de convenções no Centro Histórico. Não iria competir com o da Boca do Rio?
— Não. A pauta do de lá só anda abarrotada. O certo é que a restauração do espaço e novos investimentos haverão de servir como uma das portas.
Se der certo, ótimo. Mas o Centro Histórico, segundo Clarindo Silva, o homem da Cantina da Lua, “tem também um grande desafio social”.
Ok. O debate está aberto. Por enquanto, o alento é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou Igreja Mórmon, estilo colonial, em construção na Paralela. São novos palcos e atores com velhos cenários.