A infraestrutura de 2050 da Bahia
Confira a coluna Made In Bahia
Neste início de milênio a Bahia se desorganizou. Projetos estruturantes em construção estão atrasados. Sistemas de transportes rodoviário, ferroviário, hidroviário e energético não se comunicam. O estado, outrora promissor, perdeu competitividade nas dimensões regional, nacional e global. O desacerto não é apenas físico, mas também institucional — a coordenação entre as diversas entidades responsáveis pelo planejamento e execução de grandes obras inexiste.
O baiano Teodoro Sampaio atuou entre o fim do século XIX e início do século XX. Sampaio se envolveu em projetos de cartografia, urbanismo e infraestrutura, incluindo a modernização de Salvador e outras regiões. Havia um conceito de transformação que visava integrar o Brasil com um planejamento coerente e visionário, abarcando a ideia basilar de que o desenvolvimento sustentável depende da integração eficaz entre produção, transporte e comércio. A Bahia de 2050 precisa urgentemente retomar esse espírito de planejamento estratégico.
O desgaste progressivo dos sistemas de transporte expõe a incapacidade do estado em acompanhar as demandas sociais. A Bahia deveria estar consolidando seu papel como líder na produção de energia eólica e solar, na exportação de commodities agrícolas e protéicas, porém enfrenta um colapso de credibilidade. Sem clareza, responsabilidade e transparência, o que está em risco é a reputação da sua sociedade — um ativo muito difícil de ser recuperado.
Não há cronogramas realistas, são imprevisíveis os processos de licenciamento e execução e os mecanismos de prestação de contas à sociedade são duvidosos. A modernização da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a construção do sistema FIOL - Porto Sul, a duplicação da BR 242, entre outros, por exemplo, só alcançarão sucesso se forem tratados com o rigor técnico e a transparência cristalina que a situação demanda.
Para que a Bahia chegue em 2050 com uma infraestrutura funcional e competitiva, é necessária a mudança drástica na forma de conceber e gerir seus projetos. A integração entre os meios de produção e os sistemas de escoamento precisa ser priorizada e os erros de planejamento do passado, corrigidos. A confiança dos investidores não é apenas uma questão de capital financeiro, mas de governança. E, até agora, a Bahia falhou em demonstrar que possui a capacidade de entregar o que promete. O estado arrisca perder seu papel de líder regional. Teodoro Sampaio já sabia que a infraestrutura é o alicerce da prosperidade futura, mas,hoje, a Bahia esquece do grande mestre, nativo desta terra que ainda reúne todas as condições de retomar a rota do progresso.
*Consultor da Edison Chouest Offshore
Assuntos relacionados