O crescimento da agricultura baiana
Confira a coluna Made in Bahia desta terça-feira

A Bahia, por muito tempo o principal porto da América Latina, teve condição de criar uma agricultura forte perto do litoral, com predominância da cana-de-açúcar, o que foi um grande fator econômico no Império. Em seguida vieram as culturas de subsistência que alimentavam nossa população crescente, ampliando-se desde o Recôncavo que tinha a logística facilitada pelo Rio Paraguassu através dos saveiros.
Com a chegada do café ao Brasil, em 1727 a Bahia foi parte indispensável, na sua trajetória desde a região de Maragogipe para Rio de Janeiro e São Paulo onde foi fortemente implantado, mas só alcançou importância nos anos 70, quando a expansão da cafeicultura apoiada pelo governo aqui chegou.
Tivemos a cultura do cacau, que, pela grande demanda mundial, elevava os preços e dava alta renda aos produtores, sendo nos anos 50 a fonte de receita que sustentava as finanças do governo estadual. A crise veio com a vassoura-de-bruxa que inviabilizou a lavoura por muito tempo, até descoberta de tecnologia, e só agora retoma com novo vigor. As novas tecnologias libertaram a cacauicultura do sombreamento e da limitação de áreas na Mata Atlântica, fazendo a expansão para outras regiões inclusive no oeste da Bahia, onde está tendo grande sucesso.
Foram surgindo as culturas de piaçava, dendê, sisal e a pecuária, hoje um grande item do agro. Veio a demanda para fibras duras e o sisal teve crescimento importante, e a Bahia chegou a ser o maior produtor do Brasil com mais de 200 mil toneladas, das mais de 300 mil que o Brasil produzia, atraindo muitas indústrias.
Posteriormente o fio sintético avançou rapidamente o que acabou por reduzir a produção a cerca de 60 mil toneladas hoje, apesar de continuarmos sendo os maiores do mundo.
Sempre tivemos produção de feijão, milho e mandioca, em microclimas, com pouca produtividade. A maior dificuldade é que grande parte do território está no semiárido, com irregularidade nas chuvas e o complicador de não termos rios perenes e ainda pouca água no subsolo.
O investimento no semiárido em perenização dos rios e reservatórios de água é fundamental para o real desenvolvimento da agricultura. Esse é o maior empecilho também para o crescimento da cultura do café, que tem crescido no sul do estado pela melhor distribuição hídrica anual.
A grande fronteira agrícola estava adormecida no Cerrado Baiano até que o milagre aconteceu com a melhor tecnologia de agricultura tropical do mundo descoberta pela Embrapa. Nos últimos 20 anos foi um crescente progresso. Somando-se a produção de café, trigo, sorgo a receita do oeste chegou acerca de R$ 22 bilhões. Com a interiorização da energia e mais estradas, a Bahia não tem limite no crescimento.