O Carrasco - Rota do ódio

ROTA DO ÓDIO.

A justiça baiana tem seu Judas Iscariotes. O que era uma promessa de imparcialidade verdadeira virou falsidade e subserviência num determinado mês de outubro. Tudo bem que as juras de amizade e fidelidade não foram feitas em solo brasileiro, mas palavra é palavra e deveria valer em qualquer lugar do mundo. Depois da traição numa fervorosa causa plenária, um(a) certo(a) julgador(a) passou a destilar sentimentos antagônicos contra todo o entorno de seus outrora “amigos”. Entre essa relação, ora de amor e ora de ódio, deveria optar pelo reconhecimento de sua parcialidade, como manda, aliás, a lei. Para evitar lesão à ordem pública é melhor que da próxima vez Judas se declare no mínimo suspeito(a), como já fez em certa oportunidade. Outra puxada de orelha dos Tribunais Superiores, além de causar constrangimento, pode reabrir feridas não cicatrizadas.

PÚBLICO E PRIVADO.

E o nosso Amarante hein? Auto-intitulado dono das águas e do comércio marítimo baiano, ele não aprende mesmo. Agora vem usando a honrada companhia pública que preside para lhe fazer favores jurídicos em causas privadas. Logo o MPF será chamado a dizer se procuradoria de órgão público pode promover defesa privada de seu dirigente. Caso de Polícia Federal. Atenção DELECOR!

O REI DA REJEIÇÃO

Não é só Karol Conká, ex- BBB, que tem alto índice de rejeição. O ex-prefeito de Crisópolis, Edinal Alves da Costa, tem acumulado contas rejeitadas. Na sessão da última terça (23), realizada por meio eletrônico, o Tribunal de Contas dos Municípios rejeitou suas contas, relativas ao exercício de 2019. Além de extrapolar o limite de 54% para gastos com pessoal, descumprindo determinação prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal, o prefeito não investiu o percentual mínimo de 25% na Educação. Karol Conká já está fora da casa, assim como Edinal está fora da prefeitura de Crisópolis, agora comandada por L Dantas.

INVERSÃO DE VALORES

Aos chamados "fura-fila", a Bahia vai garantir a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19”. Decisão que vem da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) em resolução da Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB) publicada no Diário Oficial do Estado na semana passada. Ora, mesmo sabendo que o envolvimento de particulares em imunização ilícita contra Covid-19 pode ser configurado como estelionato, e que a prática de se imunizar estando fora do público-alvo da etapa em curso é ilegal e sujeita a sanções legais, o ato fraudulento compensa?

SE A MODA PEGA

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), demitiu do cargo de chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o jornalista responsável pela pergunta que incomodou o presidente da República, Jair Bolsonaro, na última quarta-feira, 24 durante uma coletiva no Acre. O repórter João Renato Jácome questionou qual era a posição de Bolsonaro em relação à decisão tomada na véspera pelo STJ de anular a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso da "rachadinha". Depois disso, o presidente encerrou a entrevista, é claro, sem responder, e o repórter ficou sem o emprego. Tomara que essa prática não chegue por aqui.

TRANSPARÊNCIA

A reativação e abertura de hospitais de campanha vem chamando a atenção do Ministério Público da Bahia. O órgão pediu detalhes para às Secretarias de Saúde, tanto do Estado, quanto da capital, sobre a possibilidade da reativação dos leitos, clínicos e de UTI, bem como em relação aos respiradores voltados para os pacientes com a Covid-19. Os promotores de Justiça Frank Ferrari, Patrícia Medrado, Rita Tourinho e Rogério Queiroz estipularam o prazo de 48 horas para a resposta. Com um bom planejamento e a lição aprendida na ativação em 2020, nem precisavam desse prazo todo para responderem.

O PAU COMEU

Enquanto aguardavam o início da coletiva de Rui Costa e Bruno Reis, na qual foram anunciadas medidas mais restritivas no combate à pandemia, jornalistas bateram boca no grupo de pautas da prefeitura no WhatsApp. Conhecido antipetista e olavete, o Allan dos Santos argentino radicado na Bahia resolveu fazer graça: se referiu a Rui como "o petista", perguntou se teria mortadela depois da transmissão e, diante do fenomenal atraso, disse que o fuso horário dos petistas era diferente. A turma não gostou. Muita gente reclamou de falta de decoro e aí o pau comeu. O barraco foi tão grande que todo mundo queria acompanhar - durante a confusão, choveu pedido de jornalistas para entrar no grupo.

DEBOCHE

O ex-vereador (e ex-médico?) Cezar Leite debochou do internamento do secretário de Saúde Fábio Vilas-Boas, a quem acusou de "tocar o pânico no povo" e chamou de "representante do fica em casa", enquanto Bolsonaro teria se curado "tranquilamente com o protocolo precoce". Levou uma reprimenda até do radialista Bocão, que disse não esperar tal comentário "de um homem tão inteligente". O deputado federal Jorge Solla anunciou que acionaria Ministério Público e Cremeb contra Leite, por fazer apologia do uso de medicamentos sem qualquer eficácia comprovada contra a Covid-19.

PASSARAM LONGE

Em visita a Brasília, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e seu padrinho político e presidente do DEM, ACM Neto, evitaram qualquer contato com o ex-aliado, agora ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos). Bruno e Neto não compareceram à cerimônia de posse de Roma, que aconteceu na quarta-feira, 24. Parece que o mal estar gerado com a indicação do ex-aliado à pasta da Cidadania, no governo Bolsonaro, foi pra valer. Será? Amigos, amigos, política à parte.

BRUMADINHO SOCIAL I

O procurador Jefferson Maciel Rodrigues coordena um grupo no Ministério Público do Trabalho (MPT) que se debruça sobre o encerramento das atividades da Ford em Camaçari. Ele compara o anúncio da saída Ford do país a um “Brumadinho social”, em referência à tragédia da barragem, que se rompeu matando cerca de 270 pessoas em Minas Gerais. Jefferson lembra que, apesar da fábrica em Camaçari empregar cerca de 5 mil pessoas, o encerramento das atividades vai deixar um número muito maior de desempregados no país. O Dieese calcula que o fechamento da fábrica de Camaçari vai afetar 4,1% dos empregos industriais na Bahia. No Brasil, o cálculo é que 120 mil postos de trabalho deixem de existir – 70 mil só no estado. “Não pode uma empresa com presença de mais de cem anos decidir abandonar um país e deixar um lastro de 120 mil postos de trabalho fechados”, diz.

BRUMADINHO SOCIAL II

Para o senador Jaques Wagner (PT), é preciso tensionar com a Ford. “Não é só básico de solidariedade com os trabalhadores demitidos que é sempre bem-vinda. Mas é buscar uma compensação da Ford, porque não se desliga um planta e se demite cinco mil funcionários da noite para o dia sem nenhuma conseqüência”, afirmou Wagner, sugerindo que se faça um anúncio oficial na Bolsa de Nova York cobrando uma posição da Ford sobre a postura da montadora no Brasil. As declarações e Wagner e do procurador Jefferson Maciel foram dadas no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria e do Emprego.

PEC DO MIOJO?

Após a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) determinada pelo Supremo Tribunal Federal, houve um climão entre a Corte e a Câmara dos Deputados. Embora tenha aceitado a decisão do Supremo e reconhecido que o parlamentar se excedeu no mandato, a Câmara rapidamente respondeu com a PEC da Imunidade, que aumenta os obstáculos para que parlamentares sofram de uma situação semelhante à de Silveira. Tramitando em uma velocidade sem precedentes e pouco usual, a PEC não passou por nenhuma comissão da casa, o que é o rito normal de qualquer Proposta de Emenda à Constituição. Logo lhe atribuíram a pecha de “PEC miojo”, uma referência ao pouco tempo para se preparar o macarrão instantâneo, três minutos. Se dorme com uma constituição e se acorda com outra, eis o que a Casa pretendia fazer. Por sorte, o bom senso bateu à porta da Câmara e a votação da PEC foi adiada. Por enquanto...

NEM SEMPRE DÁ

O Tribunal de Justiça derrubou a prorrogação do PL da linha de frente, aprovado pela Câmara dos Vereadores de Amargosa e que estava em vigor desde maio de 2020. O projeto estabelecia bonificações, entre R$ 150 e R$ 300, para trabalhadores de menores salários e que atuavam no combate ao novo coronavírus. Apesar da nobre intenção, o ato causaria um rombo enorme aos cofres da cidade, já combalidos com a brusca queda de arrecadação provocada pela Covid-19. Se o prefeito da cidade não aciona o TJ o programa seria prorrogado até Deus sabe quando, já que os edis fizeram um pacto para derrubar os vetos do alcaide ao projeto. É aquela velha história da caridade com o dinheiro dos outros, que nunca é de mais e que sempre dá para aumentar.

BLEFE

O prefeito de Conceição do Coité, do Democratas, gravou um vídeo dizendo que não iria cumprir o lockdown decretado pelo governador Rui Costa em todo estado, com exceção da região Oeste. Mas a aposta não durou muito. Após o caso se tornar público e seu vídeo viralizar, ele voltou atrás, alegando ter sido informado dos dados da secretaria de Saúde do município e do estado, acerca dos dados da Covid-19, ele resolveu voltar atrás e decretar o bloqueio no município. O ato deixou os comerciantes da cidade indignados. O Carrasco avisa que, em tempos como esse, é melhor não dar esperança do que frustrá-la.

DE OLHO NO CARTEL

As distribuidoras de combustíveis viraram alvo da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Semana passada, a CAE aprovou um requerimento para ouvir o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Barreto. Com isso, a venda direta entre as refinarias e os postos, que não é permitida pela ANP, se tornou a mira do senador Otto Alencar (PSD-BA), autor do requerimento. Incisivo, Otto afirma que o sistema de distribuição precisa ser revisto e que o mercado está privilegiando este segmento econômico. A suposta formação de cartel formado pelas distribuidoras já gera tensão no meio, que agora está ameaçado. A brincadeira combinada está com os dias contados.

DE OLHO NO CARTEL II

E indo no mesmo caminho, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu investigação para apurar prática anticompetitiva no mercado de combustíveis nos postos do país, mas o foco principal é apurar supostas ilegalidades praticadas pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis/DF) e seu presidente, Paulo Tavares.

A bronca contra o dirigente envolve a divulgação de reajustes iminentes de preços a serem praticados por revendedores no Plano Piloto e nas cidades satélites, informando previamente que o acréscimo seria de R$ 0,10 no litro de gasolina. Com os holofotes ligados, os órgãos fiscalizadores começam, enfim, a fazer o dever de casa. Ja chega ao Carrasco que, desta vez, a lição será aprendida.

QUANDO OS GATOS SAEM, AS RATAS FAZEM A FESTA

O movimento que tem ocorrido dentro da Sesab vem chamando a atenção de quem por lá costuma dar uma passada. De um lado, o secretário se recuperando da Covid e o governador buscando salvar vidas, do outro, dizem que tem duas meninas apressadas correndo em PASSOS largos com a licitação de alimentação em hospitais. O Carrasco não vai deixar passar uma vírgula sequer deste processo.

PING-PONG? TÔ FORA!

Depois das mudanças na SSP e na PM, começaram a avançar operações capitaneadas pelo GAECO e pelo COE, como as que envolveram o Detran na semana passada - PING. Dizem que até políticos podem ser envolvidos nas investigações. A mesma dobradinha GAECO e COE, que agora atua com mais liberdade para ir no encalço de negócios nebulosos, estaria com a lupa voltada para atos praticados por um soldado raso lotado na AGERBA. Segundo o Carrasco apurou seriam atos aparentemente lícitos mas no limiar de gerar conflito de interesses, inclusive financeiros - PONG. E nesse ping-pong, com ou sem político pelo meio, o governador já disse que não se mete. Não vai blindar ninguém.

BOLHA DA ARTE

Campanha piedosa se propõe a vender obras de arte fotográfica, por valores astronômicos, para consertar o telhado da Igreja de Nossa Senhora do Pilar. Não faz muito tempo o templo passou por uma restauração milionária executada pelo governo da Bahia em parceria com BID. É o caso de se perguntar: para quem é mesmo a caridade? Tão mirando no CRAVO, mas como sempre acertando na ferradura. Um detalhe extra que vem chamando a atenção é que a pedida é salgada mas a conclusão é docinha, uma titiquinha de reais. Quem tem já pensa em se livrar.

FISIOLOGISMO POLÍTICO?

Em 2015, a Petrobras vendeu 49% da Gaspetro para a Mutsui por 1,9 bilhão de reais enquanto estimativas feitas pelos bancos JP Morgan e Brasil Plural calculavam o negócio em 1,3 bilhão de dólares, ou seja, mais de 5 bilhões de reais. Na época o Estado da Bahia obteve liminar na Justiça para suspender a operação e, sem qualquer justificativa idônea, desistiu da ação. Ainda na época, grande maioria da esquerda baiana, à exceção do deputado federal Davidson Magalhaes, defendia a venda pelo preço subavaliado. Semana passada, a mídia noticiou que um politico baiano está questionando, também judicialmente, a forma e o valor da venda da Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde. Nada como virar oposição para se alterar a ideologia.

CRIANDO DIFICULDADE PARA VENDER FACILIDADE?

As reclamações não param de chegar. São queixas de fio a pavio. E essa é a pergunta do momento. A quem interessa a lentidão e a falta de compromisso do 1* Cartorio de Registro de Imóveis de Salvador? Se esse 1* Cartório fosse no Oeste da Bahia, certamente poderíamos afirmar que a Operação Faroeste deveria ir pra cima. O Carrasco promete ir a fundo para descobrir se, de repente, não existe algum borracheiro latifundiário sendo beneficiado com tamanha letargia. A corregedoria da capital também precisa apurar a conduta desse povo paulista que caiu de para-quedas por aqui. E ainda dizem, injustamente, que baiano que é preguiçoso.