O Carrasco: Americanas, Brahma e 'trio ternura'
JOGADA DE XADREZ I
Apesar da grande especulação sobre o destino partidário do presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, é quase certo, segundo as fontes do Carrasco, que Carlos Muniz, depois de ter a saída do PTB autorizada em razão da fusão desse partido com o Patriota, não se filiará imediatamente a alguma sigla. Mais certo ainda é que formará um bloco poderosíssimo no Legislativo soteropolitano, composto de vereadores insatisfeitos com o tratamento dos governos estadual e municipal. Com todo esse poder, Muniz, que terá como braço direito os colegas Henrique Carballal e Sidninho, passa a ser uma espécie de coringa no jogo e surge com musculatura política para interferir nas eleições para prefeito da capital no ano que vem. Gente que conhece do traçado garante que Muniz, mesmo não se filiando por ora ao PL, andará de braços dados com João Roma, garantindo tempo de propaganda política e fundo partidário nas eleições municipais de 2024.
JOGADA DE XADREZ II
Além de ter, na condição de presidente da Casa, poder para pautar os temas de relevância para o soteropolitano, engana-se quem pensa que Muniz teria seu arsenal apenas à disposição do Thomé de Souza. Vários projetos do governo do estado, decorrentes da venda - ainda não realizada - da rodoviária, Detran e antigo Centro de Convenções, de algum modo dependem de legislação municipal, que detém a última palavra em matéria urbanística. E pelo andar da carruagem, todo esse poderio irá permitir uma zona de conforto para o presidente da Câmara, que deverá priorizar os interesses de seus pares, deixando em segundo plano a disputa que PT e União Brasil irão travar. Enquanto o PT tenta obter a prefeitura de Salvador pela primeira vez, o União Brasil vai brigar para manter o posto. Carlos Muniz, com seu coringa na mão, estaria observando atentamente o tratamento dispensado à Casa pelo governador e pelo prefeito, já que sua prioridade é a reeleição para a presidência da Mesa no biênio 2025/2026 e isso significa a seguinte mensagem: “Não maltratem meus vereadores”.
DE OLHO NO TABULEIRO
Por falar em chefia de legislativo, quem estaria dizendo subliminarmente “eu também estou aqui e preciso ser consultado” é o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Se existem projetos de interesse do Estado que dependem de algum tipo de interferência da CMS, vários projetos de interesse do Município de Salvador podem esbarrar em normas estaduais, daí a força de Adolfo Menezes, cujo partido, o PSD, também gostaria de colocar o pé na prefeitura de Salvador. Esse interesse, inclusive, já teria sido externado pelo senador Angelo Coronel em recente entrevista ao apresentador José Eduardo, o Bocão. Nesse particular, há um dado relevante: a amizade entre Adolfo Menezes e Bruno Reis. Partindo desse pressuposto, o gestor soteropolitano não deverá ter dor de cabeça na ALBA.
MAIS PIMENTA NO ACARAJÉ
Se o cenário para a próxima eleição municipal está quente como um tabuleiro de acarajé, os pitacos de Coronel durante os últimos finais de semana em rodas de amigos e sua recente entrevista ao PodZé colocaram mais pimenta na iguaria da culinária baiana. Ao criticar a forma de como o PT conduz o processo de escolha das chapas majoritárias, o senador disse que o petismo deveria abrir mão de candidatura própria à prefeitura de Salvador e convidou o apresentador Bocão para se filiar ao PSD e ser candidato ao Thomé de Souza, tendo como vice uma mulher, Eleuza Coronel. Em reservado, Bocão não nega a possibilidade de um dia ser candidato a prefeito e bagagem para isso ele tem, já que é um fenômeno em audiência popular. Seria uma chapa puro sangue vindo por aí?
EMPURRA EMPURRA
Em menos de um mês de governo, várias disputas por poder já foram travadas entre Jaques Wagner e Rui Costa. Na semana passada circularam notícias da insatisfação do senador com a indicação pela ALBA - quase que com certeza absoluta - de Aline Peixoto, então primeira dama do estado, para integrar o Tribunal de Contas dos Municípios. Há quem diga que para apagar o fogo, o governador Jerônimo Rodrigues usou de sua habilidade política e logo tratou de nomear Leonardo Góes para o comando da Embasa, o que teria acalmado o piripaque de Wagner. Tido como gestor bastante preparado, Léo também era o nome defendido por Geraldo Júnior, vice-governador da Bahia e por caciques do seu partido, o MDB. Sobre como ficou o ânimo de Rui Costa depois de perder a indicação da Embasa para o trio Wagner, Geraldo e Lúcio, o tempo rapidamente dirá.
TROLOLÓ À GREGA
Na semana passada, o Corregedor Geral da Justiça baiana, desembargador José Edvaldo Rotondano, suspendeu a seleção voltada para a contratação, preferencialmente, de pessoas trans, não-binárias ou LGBTQIA+, sobretudo pretas. O edital, de responsabilidade do juiz da 12ª Vara de relações de consumo, também vetava a contratação de pessoas cisgêneras heterossexuais. Rotondano disse que as iniciativas para tornar o Poder Judiciário mais inclusivo são “absolutamente louváveis”, mas o edital “aparenta ter incorrido em equívocos, tanto na forma em que foi redigido quanto na adoção de regras excludentes em desproporcionalidade”. Fontes sugerem que esses equívocos não teriam sido o verdadeiro motivo por trás da decisão da Corregedoria. Para muito além disso, estaria uma rusga bem antiga, mais precisamente do ano de 2016, quando o juiz Mário Caymmi Gomes, então titular da 8ª Vara da Fazenda Pública, teria negado uma liminar de interesse de Rotondano. O TJ-BA no plantão noturno de 12 de agosto de 2016 divergiu de Caymmi e deferiu o pedido, sendo que o próprio Rotondano chegou a ser relator do caso, porém se declarou suspeito depois de uma criteriosa análise que durou quatro meses. Ao final, a Justiça Eleitoral deferiu a candidatura e tudo teria ficado no passado. Pelo visto, não para o Corregedor, que agora deu o troco em Caymmi.
DE AGULHA A AVIÃO
Rumores dão conta de que um advogado especializado em direito do trabalho anda se enveredando por questões ambientais, prometendo resolver qualquer tipo de pendência ligada ao meio ambiente, seja na esfera federal ou estadual. O interessante é que o Carrasco descobriu que o advogado estaria usando, indevidamente, o nome de uma certa autoridade do primeiro escalão do Poder Público, que ficou “pê” da vida com a vã tentativa de venda de maracutaia. Sorte que o mercado também descobriu rapidamente a treta. Especialistas do direito ambiental igualmente não gostaram dessas abordagens aos seus clientes e estão por um triz para levar o caso à OAB.
MARÇO É LOGO ALI
8 de março se comemora o dia internacional das mulheres. Como sempre, a data será homenageada por A TARDE. Nesse ano, o centenário da Tancredo Neves terá uma semana com edições especiais tratando de temas, inclusive os espinhosos, que violam a honra das mulheres. Com a relevância do caso Daniel Alves, o assédio sexual será abordado, com entrevistas de ativistas femininas e vítimas dessa gravíssima conduta delituosa. Na pauta, um rumoroso caso onde um desembargador do TJ-BA foi acusado de, supostamente, liberar decisão em troca de favores sexuais quando era juiz de direito. Apesar de não ter dado em nada na justiça, o enredo fático é podre e deixará muita gente de queixo caído.
SOLVENDO NO LIXO
Tem uma empresa que carrega não só o lixo nas costas, mas também um passado cheio de irregularidades e denúncias. Lá pelas bandas de Belém, a tal empresa andou levantando orçamentos milionários que beiram os R$ 50 milhões para botar ordem nos aterros. Mas além de cobrar alto por isso, ela ainda se torna protagonista de um desastre socioambiental que vem sendo anunciado pelos órgãos públicos da região e pela população. Agora, a dita cuja apronta em Salvador. Chegou apadrinhada, achando que por aqui o passado dela não a condena. Que basta botar o lixo pra debaixo do tapete. Cuidado!! A sujeira já começou a aparecer e em breve a brincadeira acaba!
SEM BRAHMA DÁ
O Carnaval de Salvador caiu, justamente, na conversa da AMBEV. Achando que a casa não ia cair, a cervejaria parou até o trânsito da cidade para lançar o camarote Brahma com pompa, seguindo a pegada da vendedora de sonhos e alegrias. Bastaram 48 horas para a notícia do rombo se espalhar e mostrar a verdadeira face da empresa.
SHELL, SENDO SHELL
A Shell não surpreende. Se tem uma coisa que a multinacional de petróleo e gás faz bem é se aproveitar dos momentos mais inoportunos para lucrar cada vez mais, sem pensar nas consequências e sem querer pagar mais por isso. E esse movimento da empresa vem gerando pressão política no Reino Unido para que ela pague mais impostos diante do lucro recorde que atingiu mais de 39 bilhões de dólares. O aumento dos preços de energia recai sobre famílias que estão tendo dificuldades para pagar suas contas. E os preços do petróleo e gás subiram por dois motivos: fim dos lockdowns da pandemia e invasão da Ucrânia pela Rússia. Ou seja, quanto mais desgraça, melhor.
POLÊMICA À VISTA
Um assunto que vai gerar polêmica e que já circula entre as entidades de Educação e de preservação dos Direitos Humanos é o uso de tecnologias de reconhecimento facial para controle dos alunos das escolas públicas. Duas prefeituras importantes da Bahia que já adquiriram a ferramenta podem sofrer graves punições por conta de um tema ainda pouco discutido, mas que já acende um alerta na sociedade. O assunto envolve questões que impactam na própria democracia, já que a ação expõe a privacidade dos alunos, além de ser um mecanismo fortalecedor do preconceito e do racismo estrutural e da discriminação de gênero e o controle dos dados pessoais. Comenta-se que essas duas cidades baianas contrataram a mesma empresa para oferecer o serviço de forma pouco republicana e que ambas foram movidas por interesses empresariais. Os pais já pedem esclarecimentos e o assunto já está no radar do Ministério Público.
ESCULHAMBAÇÃO
As farturas das folhas de pagamento na Prefeitura de Muritiba revelam um verdadeiro "tapa na cara" do cidadão, sobretudo nos que pagam os impostos. É gente recebendo sem trabalhar, é parente de gestor que recebe de duas gestões municipais e outros que nunca apareceram na cidade. Porém, recebem dos cofres públicos sem nunca terem sentado em uma cadeira de qualquer órgão. Uma verdadeira farra, que logo vai ser revelada em detalhes. Aguardem!
ZERO PRA EDUCAÇÃO
A prefeitura de Dias D’ávila não está nem aí para a Educação do município. O prefeito antecipou o salário de janeiro dos professores mas, até agora, não distribuiu o material escolar dos alunos que voltam às aulas nesta segunda-feira, 6. O prefeito Alberto Castro, que não esclareceu a fonte dos recursos usados no adiantamento, vai ter que se explicar. Se os professores foram pagos com sobras do Fundeb 2022, por que o material não foi comprado? E se o pagamento dos salários foi feito com repasse já de 2023, para onde foram os recursos do fundo exclusivo de financiamento da educação básica?
DE PAI PRA FILHA
Não vai dar pra botar as barbas de molho, mas tem prefeita do Oeste que vai ter que ficar esperta. Uma certa operação de apreensão de madeira ilegal tende a dar dor de cabeça. Nestes novos tempos tem muita gente de olho nos crimes ambientais e magistrado nenhum vai querer colocar o seu na reta.
INDEPENDENTE?
O deputado estadual Alan Sanches (União), mandou um recado para alguns deputados do Partido Liberal (PL), que disseram que fariam uma ala independente na casa. "Na Assembleia não existe independência. Ou você vota com o governo ou vota contra o governo", disse Sanches, que também é líder da oposição na ALBA.
QUIETINHO
Depois de ser alvo da mídia baiana e da OAB, por ter tentado abrir vagas de advogado com remuneração vexatória e desumana, o prefeito de Ipirá tem perdido o sono. Dudy, como é conhecido, já tinha sido alvejado pelo TCM em razão de problemas ligados à licitações. O receio de um baculejo da SEFAZ na empresa JS Distribuidora de Cosméticos, de sua propriedade, vem lhe causando pesadelos. Quando o assunto é ICMS, Dudy sabe que o governo estadual é duro e a arrecadação fiscal não cede à camaradagem. Dessa batida só escapa o genro e o fiel escudeiro Barral.
ARMA DE SEDUÇÃO
A chegada em massa de políticos baianos, especialmente de Salvador, no Partido Liberal nas próximas semanas, tem como um dos principais motivos o acesso ao Fundo Eleitoral e ao tempo de TV e rádio nas eleições municipais de 2024. Em outra frente, o PL tenta se fortalecer liberando o seu bloco na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) para votar como bem entender no parlamento baiano.
NA ENTOCA
Enquanto isso, o ex-ministro da Cidadania e atual presidente na Bahia do PL, João Roma, tem evitado tratar do assunto com a imprensa e, nesse período, não deu as caras em Salvador. O convite para o presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz (PTB) desembarcar no Partido Liberal, inclusive, foi feito por telefone. Roma está em sua fazenda no interior, da qual só saiu apenas para estar com a esposa em Brasília, a deputada federal Roberta Roma (PL), na cerimônia de posse na Câmara dos Deputados, e em um jantar, promovido pelo PL, que teve como protagonista a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Em tempo, a promessa é de que o ex-ministro da Cidadania marque um megaevento, logo após o carnaval, para anunciar oficialmente a chegada dos novos nomes da legenda.
PELA CULATRA
Que o governo Lula iria mexer na política de armamento instalada durante o mandato do ex-presidente Bolsonaro, todos já sabiam. O que as centenas de milhares de atiradores esportivos que descobriram a paixão pelas armas nos últimos anos não esperavam, era ter que apresentar à Polícia Federal todos os seus brinquedinhos, sob pena de apreensão e prisão. Na melhor das hipóteses, o comparecimento dos atiradores à PF com fuzis e submetralhadoras, entre outros, deve render boas imagens. Problema será descobrir que essas armas não estão mais em poder de quem as comprou.
ENQUADRADA
A Enquadrada não podia deixar de fora o "trio ternura", que conseguiu em duas semanas mostrar como é possível depenar duas empresas queridinhas do Brasil. A história começa primeiro com a Americanas, cujo prejuízo chega a R$ 40 bilhões e fez com que os três homens mais ricos do país iniciassem uma briga na Justiça. Não satisfeitos, os mestres do rombo parecem ter repetido a façanha na AMBEV, cujo valor do dinheiro pelo "ralo" já chega a R$ 30 bilhões. Enquanto o mercado estranhamente se cala diante das cifras bilionárias que ninguém viu e ninguém vê, os consumidores não perdem a piada e aproveitam o Carnaval para fechar a semana nada gloriosa das duas "fábricas de sonho". As fantasias das Americanas e da Brahma já tomam conta dos circuitos carnavalescos e embalam foliões, que seguem nas marchinhas ecoando o "Devo não nego, pago quando posso...me dá um dinheiro aí".