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A sustentabilidade da vida reflete nos negócios

Publicado sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022 às 06:01 h | Autor: Luiz Carlos Lima* | [email protected]
Os problemas são interligados 
e devem ser tratados globalmente
Os problemas são interligados e devem ser tratados globalmente -

Quando publicou pela primeira vez a sua “Teoria da População” em 1798, o inglês Thomas Malthus não imaginava o impacto dos seus pensamentos na sociedade e que se tornariam, no futuro, o pilar do desenvolvimento sustentável, como o conhecemos. Pela primeira vez na história, um economista levantava a questão do crescimento populacional e seus reflexos na vida das pessoas. A teoria Malthusiana, de forma resumida, colocou em discussão a felicidade social, pois a população cresceria em progressão geométrica, enquanto a produção de suas necessidades cresceria em progressão aritmética. “Como consequência a pobreza se expandirá levando ao limite da subsistência”. Apenas “vício” (incluindo “a prática da guerra”), “miséria” (incluindo fome ou falta de comida e problemas de saúde) e “restrição moral” (ou seja, abstinência) poderiam conter essa tendência.

Até hoje há quem questione sua tese, mas a despeito das guerras sucessivas, epidemias e pandemias devastadoras, a população do mundo cresce cerca de 1 bilhão de pessoas a cada 12-13 anos (World Population Prospects- 2017 Revision - ONU/ESA-Population Division). Apesar das políticas públicas de contenção da reprodução humana, pelo outro lado a expectativa média de vida da população passou de 30 para 72 anos de idade, nos últimos 2 séculos (www.ourworldindata.org/life-expectancy).

No Relatório Brundtland (conhecido como 'Nosso Futuro Comum') publicado pela ONU em 1987 aparece então, pela primeira vez, o termo “desenvolvimento sustentável”, que deve atender “as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”. A visão ecológica passa a ser considerada no contexto econômico e social do desenvolvimento humano. Nasce o conceito de sustentabilidade.

Gradativamente, nos anos posteriores à publicação do Relatório Brundtland, os fenômenos sociais de emigração dos povos das regiões mais pobres do planeta para os grandes centros e as constantes catástrofes climáticas, passaram a causar impactos perceptíveis na economia mundial. Em 1992, no Rio de Janeiro, 154 países assinam um tratado ambiental internacional com o objetivo de reduzir os impactos ambientais que resultou no Protocolo de Kyoto, discutido em 1997 em vigor a partir de 2005, com 192 países signatários.

As ações no âmbito político foram sucedidas pela criação dos movimentos empresariais. Em 2004, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, e mais de 50 CEOs de grandes instituições financeiras, discutiram a entrada da questão ecológica no mercado de capitais. Dessa reunião saiu o relatório “Quem se importa, ganha”, publicado pela IFC – Corporação Financeira Internacional – Banco Mundial, que apresentou o conceito ESG – Environmental (meio-ambiente em inglês), Social e Governança pela primeira vez. O relatório defendeu a incorporação de fatores ambientais, sociais e de governança nos mercados de capitais, entendendo que isso faz bem aos negócios, abre novos mercados e traz bons resultados para a sociedade. O conceito ESG já movimenta trilhões de dólares ao redor do planeta. O empresário que não se preocupar com o meio ambiente, em breve ficará marginalizado no mercado.

O mundo não é tão ilimitado quanto nos parece. Os problemas são interligados e devem ser tratados globalmente, afinal poluição não reconhece fronteiras. A perda palpável e irreversível da biodiversidade trouxe efeitos comprovados nas mudanças climáticas, afetando a todos. A guerra agora não é contra “o outro” e sim contra o presente que ameaça a existência no futuro.

Será que estamos atentos a esse movimento auspicioso, que nos envolve a cada dia? Incentivar a aplicação das tecnologias sustentáveis vão fazer bem ao seu negócio e para economia do Brasil. Praticar reciclagem, reaproveitamento da água servida, utilizar as energias renováveis, controlar a emissão de CO2, enfim, mesmo pequenas ações atuando em massa, produzirão grandes efeitos sobre o futuro. Comece a observar nas embalagens dos produtos, nos banheiros do aeroporto de Salvador, o quanto a preocupação ambiental começa a fazer parte do cotidiano. Você já pensou nisso? Afinal o recurso natural é finito, mas a nossa capacidade de mudar os destinos é infinita.

Engenheiro eletricista, especialista em Gestão e Comercialização de Energia Elétrica

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