Calmantes só devem ser usados sob prescrição
Evitar a humanização ajuda a evitar ansiedade e agressividade
Tire da sua cabeça a ideia de dar, por conta própria, calmantes a seu cachorro agitado. Isso pode mascarar doenças e trazer dor de cabeça maior que o olhar meio torto de quem odeia cães. E fique atento ou atenta: a causa de tanta inquietação pode ser você. É que, em geral, quando não associados, por exemplo, a enfermidades neurológicas, endócrinas ou infecciosas, distúrbios comportamentais costumam ser provocados pela humanização. A prescrição inadequada de calmantes, mesmo fitoterápicos, pode gerar intoxicações, sedações excessivas e custar até a vida do pet.
É por isso que, segundo o médico veterinário comportamentalista Luis Carlos Sousa, 36 anos, o uso de medicamentos psicoativos, como antidepressivos benzodiazepínicos e de outras classes, deve ser feito de forma muito criteriosa. “Para cães com alguma questão relacionada à ansiedade, como as ligadas à separação dos tutores ou com quadros comparáveis a ansiedade generalizada em humanos, o uso de fármacos é muito bem vindo”, explica Sousa.
Este foi o caso de Bolt, um cão da raça maltês muito reativo, paciente do médico veterinário Rafael Ramos, 37 anos. “Percebemos que com lo auxilio da substância utilizada alguns comportamentos são mais facilmente modificados e conduzidospara o resultado con cetro e o sucesso esperado”, afirma a designer Natalie Nascimento, 30 anos, responsável por Bolt. Com o uso da medicação, adequação de rotinas e apoio do comportamentalista ele evoluiu bastante. Antes de mais nada, é importante observar aspectos da saúde geral do paciente, com avaliação clínica criteriosa e muitas vezes laboratorias, por um médico veterinário. “A medicação feita pelo tutor ou por pessoas que não tenham habilitação para isso pode ser desastrosa”, explica. Muitas vezes um medicamento usado de maneira equivocada para tratar agressividade pode aumentar a agitação e piorar o quadro.
Minihumanos
A recomendação dos veterinários que o tutor busque ajuda profissional qualificada. Antes de mais nada, é preciso realizar o diagnóstico das causas do problema, verificando o histórico da família, as rotinas e as eventuais situações que interferem no comportamento do bicho. Muitas vezes os transtornos podem estar ligados à humanização. “Em muitos casos, o tutor trata o animal como um minihumano, como uma criança, o que vai gerar muitos comportamentos que a gente não gosta”, explica a médica veterinária Andrea Bispo, 39 anos.
Na verdade, atitudes simples como a escassez de passeios, mantendo o animal preso num apartamento, por exemplo, impedem que o animal dê vazão aos próprios instintos, e podem ser gatilhos para alterações comportamentais. “Existe uma baixa compreensão de tutores, tratem animais como animais”, afirma Bruna Melo, designer de interiores, tutora de uma shitzu de 2 anos e 6 meses, que é tratada pela veterinária AndreaBispo com homeopatia e florais. No fim das contas, a dica é simples: tratar bicho como bicho é a melhor forma de promover a saúde prevenir comportamentos desagradáveis.