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Dermatite animal exige paciência e cuidados dos tutores

Alergias demandam medicamentos e uma boa higiene

Publicado domingo, 12 de março de 2023 às 06:30 h | Autor: HIlcélia Falcão
Especialista Renata Regadas recomenda identificar os ‘gatilhos’
Especialista Renata Regadas recomenda identificar os ‘gatilhos’ -

Não tem para onde correr. Lidar com dermatites em cães é jogo de paciência, compaixão e cuidado. Afinal, não há receita de bolo para identificar, num ser que não é capaz de expressar verbalmente o que sente, o que realmente funciona para o controle da doença. Então, se o seu cão se coça muito mesmo sem pulgas ou carrapatos, o mais indicado é buscar um veterinário dermatologista e seguir à risca as orientações. Foi o que fez Silvia Carapiá, 32 anos, ao identificar que Nick, um poodle de 12 anos, estava com a pele vermelha de tanto se coçar.  

A alimentação e o cuidado com o ambiente são cruciais e, em paralelo, tratar a fase aguda e buscar o controle. “Além das medicações, tenho que ter cuidado com a higiene do pet e do ambiente. A ração é específica e não posso oferecer nada fora dessa dieta. Tenho que estar atenta também com a rotina dela evitando a piora da ansiedade”, conta a fisioterapeuta Mariana Cals, 40 anos, sobre como lida com a dermatite da Yorkshire Sara, 12 anos. 

Nos últimos três meses, após o tratamento com a médica veterinária Renata Regadas, a cachorrinha apresentou uma melhora após anos de muita lambedura e queda de pelos. Como ocorre com humanos, a enfermidade, que cresce nas famílias multiespécie, representa situações de estresse tanto para o animal quanto para o tutor. 

“A incidência das doenças alérgicas vem crescendo cada vez mais, tanto em humanos quanto em animais, e, embora não tenha alta mortalidade, tem grande morbidade porque retira muito da qualidade de vida dos animais e dos tutores que convivem com eles”, explica Renata Regadas, médica veterinária há 24 anos, que exerce a dermatologia desde 2011. 

Segundo Renata, os tutores costumam chegar aos consultórios muito estressados e os animais com expressão de tristeza pela sensação desagradável da coceira frequente.Silvia, que é tutora de outros dois animais - Vitória, 14 anos, e Sheron, 9 anos – além do poodle, conta que, antes de conhecer Tatiane, já havia levado o cãozinho ao veterinário clínico. 

“Sem dúvida, Taty fez meu filho ter vida. Eu, como tutora, sofria muito e ela fez um trabalho excelente. Agradeço sempre”, afirma Silvia referindo-se à conduta da médica veterinária Tatiane Carvalho, que conseguiu controlar os sintomas de Nick com tratamento individualizado. 

Os veterinários alertam para, além da limpeza do ambiente, a importância da etapa de manutenção, quando a terapêutica é fundamental para assegurar o controle da doença. Foi agindo assim, com atenção e cuidado, que Silvia conseguiu dar a Nick melhor qualidade de vida, sem a angústia do “coça, coça”. 

“O principal motivo do prurido de causa primária são as dermatopatias alérgicas. Precisa investigar a causa de base para a ocorrência desse prurido e entrar com a terapia adequada para o quadro clínico apresentado”, explica Tatiane Carvalho. 

Investigação 

O primeiro passo na conduta do atendimento dermatológico é descartar as ectoparasitoses (pulgas e carrapatos) em animais com coceiras. A partir daí, é iniciada a investigação das causas que levam a prurido crônico nos animais. 

“Começa em geral com aquele ouvido que tem otite crônica, de repetição, lambedura de patas, que muita gente imputa uma questão de estresse, mas na maioria dos casos é sintoma de coceira precoce”, descreve Renata Regadas. 

Ouvidos constantemente inflamados e vermelhidão nas orelhas que se repetem são sinal de alerta. A maioria dos animais chega com resposta terapêutica prévia a corticóides, mas com sintomas que voltam após um tempo. 

O problema, em muitos casos, é que recorrer sempre a este tipo de medicamento pode gerar outras doenças. Por conta disto, é importante buscar o diagnóstico clínico e o tratamento adequado que envolve tempo, dinheiro e manejo correto para tirar o animal da crise e fazer o controle da doença. 

A conduta mais adequada é identificar os gatilhos que levam aos sintomas até porque a doença não tem cura. “Não se trata de uma doença de cura, é uma doença de controle, genética, hereditária”, explica. Por conta disso, o papel do tutor no cuidado com as rotinas, alimentação e o ambiente é fundamental. Fora isso, a única ferramenta possível, segundo Renata, é uma tentativa de imunoterapia, para trazer o animal para outra resposta, mas que nem sempre tem o resultado esperado. 

Neste cenário, alertam os especialistas, o teste alérgico é ferramenta terapêutica e não diagnóstica, de exclusão. O primeiro passo, além de identificar um bom dermatologista, é manter o ambiente sem ácaros, poeira, fungos, higiene correta do animal, com hidratação, e adequar a alimentação. 

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