Ratos, cabras e galinhas viram animais de estimação | A TARDE
Atarde > Colunistas > Papo Pet

Ratos, cabras e galinhas viram animais de estimação

Espécies não convencionais conquistam o amor dos humanos

Publicado domingo, 23 de outubro de 2022 às 06:00 h | Autor: HIlcélia Falcão
Sérgio tem um rato chamado Tacko; já Elysa cria o bode Lampião e a cabra Maria Bonita
Sérgio tem um rato chamado Tacko; já Elysa cria o bode Lampião e a cabra Maria Bonita -

Esqueça tudo o que você sabe sobre ratos, bodes, cabras e galinhas. Nada de relacioná-los à falta de higiene - caso dos ratos - ou ao consumo de ovos, leite ou carne animal. Gente que ama bicho de verdade tem levado para a convivência diária exemplares destas espécies e relatam experiências ricas de afeto. Afinal, como explicar a relação de carinho que o ratinho Tacko tem com  o fotógrafo Sérgio Góes Santos? Ou  a diligência da galinha Cinderela, que corre pra avisar quando tem gente na porta de casa e até pede colo à professora de idiomas Elysa Portela, 28 anos? 

A relação de amor com os bichinhos é o que motiva tanto Sérgio quanto Elysa a quebrar paradigmas e buscar outras espécies para ter como animais de estimação. “Já houve situações em que o tutor chegou na clínica com um porco; outra vez, apareceu uma senhora que tinha três galinhas que sentavam para assistir novela com ela”, conta a médica veterinária Renata del Bianco, 38 anos, especialista em clínica e cirurgia de animais silvestres e exóticos. 

A relação de afeto com ratos - algo impensável para quem tem ojeriza aos exemplares que habitam as ruas das cidades - extrapola os limites convencionais. É assim a história de Sérgio com o ratinho Tacko, que ele adotou quando ainda morava com os pais. Desde então, já teve dois exemplares da espécie, que precisa de uma gaiola para viver em segurança. “Eles adoram carinho e, ao contrário do que pensam, são animais extremamente limpos, passam o dia se higienizando, mais até do que os gatos”, explica Sérgio, que tem também três cães SRD.  

Quintalzão

A veterinária  Renata del Bianco orienta os interessados em optar pela adoção de animais não convencionais a avaliarem as reais condições de oferecer aos bichos o cuidado e o espaço adequado. “A gente vê muito mais em sítios ou fazendas do que em casas, mas cabras e galinhas são, sim, animais domésticos, mas tem que oferecer espaço e levar a um veterinário especializado”, explica a veterinária, ressaltando que a prioridade é assegurar o bem-estar animal.

O quintalzão que a professora de idiomas Elysa Portela tem onde mora favoreceu a escolha pela criação de bodes, cabras e galinhas. Na casa onde a professora mora no bairro de Mussurunga, a galinha Cinderela  do início desta reportagem  divide um espaço de 150 m² com outros animais.  Elysa mantém sob seus cuidados a galinha Ariel, o  bode Boer Lampião, a cabra Maria Bonita, o cabrito Gonzaguinha, a cachorrinha Chowchow Pérola e o cágado Moisés.

“Sempre amei os animais; desde pequena resgato animais para cuidar. Como moro num lugar amplo, decidi conhecer mais sobre esses animais”, conta Elysa. Antes da morte do galo Santana, a produção de ovos era consumida pela família e distribuída entre a vizinhança. A intenção não é a reprodução de bodes e cabras, nem produção de leite.

“Não consumo carne vermelha há 14 anos e estou me reestruturando para deixar de comer peixe e frango e seus derivados”, diz. Lampião é o preferido. “É muito parceiro e adora um carinho na orelha”, conta. Apesar de parecer divertido ter animais não convencionais, há um alerta importante: eles precisam atenção especial. “Não tenham só por curiosidade”, aconselha Elysa, que registrou todos na Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa). “Para a minha segurança e deles”.

DR. PET (TIRA-DÚVIDAS): Ter um animal não convencional exige espaço e consciência ambiental

Há pessoas que mesmo em ambiente urbano optam por ter em casa animais como bodes, galinhas e cabras que criam como pets. Que dificuldades esses tutores podem enfrentar no manejo destas espécies?

Realmente tem pessoas que criam como animais de estimação bichos não convencionais e a maior dificuldade que elas podem encontrar é o espaço. Hoje, nas cidades, há mais apartamentos que casas. Para ter caprinos ou aves como galinhas é necessário oferecer um ambiente adequado. O mais comum é criá-los em sítios ou fazendas; o ideal é tê-los em uma casa com quintal amplo. 

No caso de galinhas, em que medida o manejo muda o comportamento?

Ter  uma galinha, chamá-la pelo nome, estabelece vínculo afetivo.

No caso de animais silvestres, eles podem oferecer riscos?

Todo animal oferece risco, mas uma cobra não peçonhenta pode ser criada num terráreo, com alimentação adequada e contato diário que cria um vínculo com o animal. Além disso, é imprescindível o acompanhamento de um profissional especializado.

Publicações relacionadas