Virou a chave
Confira a coluna do jornalista Angelo Paz
Há uma frase corriqueira, digamos que titular absoluta nas entrevistas de treinadores e jogadores de futebol: “agora é virar a chave”. É habitual escutarmos algo semelhante ao final das partidas, com foco no compromisso que vem a seguir. Mas neste texto vou me referir a esta frase em um contexto um pouco diferente, mais associado ao ambiente do clube. Podemos dizer que só agora, em junho, o Leão começa a virar a chave da conquista da Série B.
Ponto de crítica ao técnico Léo Condé, a manutenção irrestrita dos atletas vencedores na temporada passada não é algo que vai guiar o trabalho de Thiago Carpini, escolhido para reconstruir o time rubro-negro na Série A. A ideia é olhar apenas para o presente. Não só a ideia, mas também o discurso. Na entrevista coletiva após a primeira vitória na Série A, contra o Internacional, no último domingo, o destaque não esteve voltado apenas ao alívio pelos três pontos. Carpini também falou abertamente da situação de atletas com certo respaldo no clube.
Sobre Matheus Gonçalves, uma espécie de 12º jogador na era Condé, o anúncio, sem muitos rodeios, que o atacante não faz mais parte dos planos do Vitória. Uma decisão não só baseada numa escolha de ordem técnica, mas com foco na preservação do bom ambiente. Ficou em aberto o que realmente ocorreu na relação com Matheus, que ajudou o Leão ao longo das 40 partidas em que atuou pelo clube, onde marcou três gols (dois deles no primeiro Ba-Vi decisivo do Baiano) e contribuiu com cinco assistências.
Outro atleta que não será utilizado é Léo Gamalho, que vive um 2024 marcado por lesões e atuou apenas 28 minutos na temporada. Pelo pouco que pôde observar, Carpini já cravou que as características do atacante diferem do que ele tem em mente para a equipe. A saída do atleta, assim, já está a cargo da diretoria. Nessa mesma entrevista Carpini ainda falou do jogador que até pouco tempo tinha o status de grande destaque da equipe: o volante Dudu.
Expulso na derrota em casa para o Atlético-GO, Dudu esteve de fora do período de melhora da equipe, onde o destaque, curiosamente, foi William Oliveira, outrora mero coadjuvante e que passou a atuar com mais liberdade no meio. Enquanto isso segue o disse me disse sobre Dudu, observado ao vivo pelo técnico da Seleção Brasileira, Dorival Júnior, na estreia do Brasileiro, diante do Palmeiras. Oferecido ao Corinthians pelo seu empresário Will Dantas, o volante esteve no departamento médico nos últimos jogos e, como só tem cinco partidas nesta Série A, reúne condições para se transferir para qualquer outro clube da competição.
Enquanto o Vitória se livrou da dependência de Dudu nos últimos jogos, o técnico Thiago Carpini deseja uma conversa olho no olho com o jogador assim que ele esteja 100% para treinar e, quem sabe, também jogar. Também sem entrelinhas, Carpini disse que algumas questões associadas ao volante desagradaram a comissão técnica. Falou, ainda, que o aproveitamento de Dudu no atual elenco vai depender do foco do atleta, exclusivamente, no Vitória.
Interessante notar também que referências da equipe que chegaram a ocupar a reserva têm sido peças chaves nesta fase de reconstrução da equipe. São os casos de Camutanga e Oswaldo, que mostraram capacidade técnica e foco ao novo comandante. Esse é o Vitória, que não está muito preocupado em manter amores antigos. O que importa mesmo é virar a chave. Só assim o Leão poderá, jogo a jogo, se recuperar no campeonato após um início de candidato fortíssimo ao rebaixamento.