Após 10 anos, Globo só atrapalha o Profissão Repórter


Um dos melhores programas da TV aberta brasileira, sem dúvida, é o Profissão Repórter, com Caco Barcellos. Ponto. O programa é, desde 2006, quando estreou como um simples quadro, sempre interessante, dinâmico, veloz, elétrico como uma redação de TV. Os personagens são tão variados e as pautas tão surpreendentes que às vezes até parece um seriado policial ou de suspense.
Quem está por trás desse formato - totalmente brasileiro, diga-se - é um sujeito amável, extremamente modesto, um profissional que nasceu para ser um "fuçador" e o qual tive a honra de ter como colega na cobertura na morte do papa João Paulo 2º, em Roma, em 2005.
Não é exagero chamar Caco de brilhante. Basta olhar seu histórico de serviços prestados ao jornalismo - e falo apenas de seus furos jornalísticos. A meu ver, como repórter, Caco Barcellos poderia ser facilmente incluído em qualquer lista dos "10 maiores jornalistas brasileiros" de todos os tempos. Não é bajulação. E ele nem precisa disso.
Desde antes de 2005 Caco já começava a bolar o formato de programa que tinha em mente. Grosso modo, Profissão Repórter acabou virando mistura de Globo Repórter com reality show de suspense. As equipes de Caco acabam ganhando personalidade, enfrentando as mais diversas sagas, e até ganham torcida por parte dos telespectadores.
É fascinante - e não só para jornalistas - ver como nasce uma reportagem, como se apura uma história, como se investiga uma suspeita, como se caça um personagem, como se descobre uma história interessante.
Tudo isso num formato ágil e sem nenhum mimimi. Com raras exceções, a pauta da maioria dos programas é extremamente criativa e absorvente.
Não foi fácil para Caco emplacar Profissão Repórter na Globo. Quando apresentou sua ideia à emissora pela primeira vez, muitos torceram o nariz. A Globo não viu imediatamente que tinha em mãos algo valioso, e preferiu ter cautela: Caco ganhou inicialmente um quadro no Fantástico, em 2006, mas, óbvio, se destacou tanto que acabou tendo um programa só seu. E que programa!
Ibope? Desde os tempos de quadro no Fantástico até os dias atuais, o Profissão Repórter quase sempre esteve em primeiro lugar na audiência. E merecidamente.
O leitor de A TARDE, então, deve estar se perguntando: que ótimo, então a Globo reconhece e valoriza esse programa que é tão bom e…e… Não, leitor, não valoriza.
A Globo, na verdade, só atrapalha o Profissão Repórter. Desde 2008, já mudou seu horário várias vezes, pelos mais diversos motivos e justificativas. Basta olhar a série histórica de estreias de temporadas para ver como a emissora, pouco a pouco, está matando a atração em sua grade.
Em 2008, a estreia do programa (dados de São Paulo) marcou 21,2 pontos com 43,5% de share. Esse share significa que, de cada 100 TVs ligadas na Grande São Paulo no dia 3 de junho de 2008, quase 44 estavam sintonizando a Globo.
Na volta do programa na semana passada, em mais um novo horário, ele registrou 13,1 pontos e 30,3% de share. Perdeu quase 40% de sua audiência em pontos!
Ok, ainda é líder, mas só mesmo graças ao seu conteúdo e qualidade. Mas, se a Globo continuar a tratá-lo como um produto qualquer, uma coisa é certa: Profissão Repórter não terá uma vida longa. Infelizmente. Para todos nós telespectadores.
Epa!
Alerta amarelo na Record esta semana, depois que Os Dez Mandamentos começou a perder audiência aos jorros. Desde a estreia da segunda fase, já se foram ao menos 20% dos telespectadores. Motivos? Vários… vamos à próxima nota.
Motivos vários
Para este colunista, é evidente: a segunda fase de Dez Mandamentos está muito mais lerda, os diálogos estão modorrentos, há alguns atores que realmente não estão à altura de seus papéis. Algumas cenas já começam a constranger, até. E, quem diria, hein? Sergio Marone está fazendo uma TREMENDA falta na tela. Seu personagem (para a história em si) era muito mais importante que se imaginava.
Errei, admito!
Na coluna da semana passada, a respeito da "facada" que operadoras preparam contra nós consumidores a partir de 2017, quando mudarão a cobrança dos planos passando-os "de velocidade" para "pacote de dados", eu escrevi logo na primeira frase que os pobres afetados serão "todos os assinantes de TV paga". Nada disso. Colunista cabeçudo e desatento. Eu quis dizer "todos os assinantes de banda larga", e não de "tv paga". Desculpem (burro! burro!).
Você vai dar erramos?
Além do sensacionalismo e assistencialismo descarados, às vezes até repugnantes, o Domingo Show, de Geraldo Luis (Record), agora tem mais uma caracteristica: leviandade. O programa fez outro dia um quiproquó desgraçado com uma suposta história do piloto que salvou a família Huck de um acidente aéreo no ano passado.
Que o piloto havia sido abandonado por Huck, que o apresentador da Globo não estava nem aí para as dificuldades que o herói estava passando, que onde já se viu, e que coisa, um global fazer isso com um homem simples, e que ainda por cima o salvou, e blablá. Pois bem, era TUDO MENTIRA do senhor Geraldo e do programa da Record. O próprio piloto, constrangido, teve de vir a público negar tudo e dizer que, sim, Luciano Huck ainda o ajuda financeiramente.
Que papelão, hein, senhor Geraldo? Vergonha da TV...