O garçom do Planalto e o do Palácio de Ondina
Deu alarido na imprensa a demissão, por Michel Temer, de José da Silva Catalão, o garçom que imperou absoluto no Palácio do Planalto na era petista, os oito anos de Lula e os cinco e pouco de Dilma.
Quando saiu, Dilma se despediu dele: "Tchau Catalão. Não posso levar você comigo".
Carimbado como 'petista', até tentou manter o emprego predispondo-se a trabalhar noutro lugar. "São ordens superiores".
Os garçons como Catalão carregam um estigma. Pensam que eles podem virar espiões, uma bobagem, já que os próprios dizem que 'o segredo do continuísmo é o bico calado'. No Palácio de Ondina, imperaram na era carlista Anatólio e João.
Anatólio, já velho, se aposentou assim que Jaques Wagner assumiu. Mas João, a quem ACM gostava de ouvir e bater papo, foi sumariamente demitido.
Há a suspeita da espionagem, mas também garçons são os que manipulam comidas e bebidas palacianas. Por isso, confiança é fundamental, seja quem for o governante.
João e o prelado - Lá um dia César Borges resolveu oferecer um jantar ao novo arcebispo da Bahia, que acabava de ser nomeado. João era o garçom.
Garçom em palácio serve bebidas a gosto do conviva. Começou a botar uísque no copo do homenageado, que virou as costas e deixou rolar. Copo cheio, pegou e mexeu o gelo com o dedo mindinho. João serviu, saiu, virou para dois assessores do governador:
- Nosso prelado é do ramo...
Pela culatra - Pedro Lino, conselheiro do TCE maldito pelos governos pelo rigor na apreciação de contas, conta que certa feita disse a Jaques Wagner, então governador, que uma das cozinheiras do Palácio de Ondina era amiga da família dele:
- Sem querer eu demiti a moça.
'Eu encontro nos números uma situação pior do que esperava. Isso é tudo diante de uma expectativa que eu tinha olhando de fora'
Henrique Meirelles, novo ministro da Fazenda
'A própria indicação dele é política. Ele é técnico-político. Isso é uma falácia'
José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, criticando o novo presidente, Pedro Parente, por ter dito que na empresa não haverá indicações políticas.
Eternamente ministro
A entrega do título de cidadã baiana a Beth Wagner, anteontem na Assembleia, reuniu alguns ícones do PT, como Jorge Solla, e o que deveria ser um ato solene, virou um protesto 'contra o golpe'. Alguém convidou 'o ex-ministro Juca Ferreira' para a mesa, o deputado Marcelino Galo, o anfitrião, interveio:
- Ex-ministro, não! Ministro, porque tudo que está aí é ilegítimo!
Só falta Juca ir para os protestos contra a extinção do MinC e reivindicar a vaga.
O dono da bola
O deputado Benito Gama (PTB) é o encarregado pela bancada federal oposicionista de levantar os cargos federais na Bahia e os respectivos ocupantes para fazer a partilha entre os aliados.
Até agora, já identificou 45.
Se diz que ACM Neto quer o Iphan.
Google na polêmica
ACM Neto vai dar coletiva nesta segunda, às 10h, no Sheraton sobre o novo modelo educacional a ser adotado em Salvador, baseado no Google.
A ideia, que encanta alguns, arrepia os cabelos de outros, como o professor Nelson Pretto, da Faculdade de Educação, que toca o projeto Polêmicas Contemporâneas.
- O avanço dos tentáculos da Google no campo educacional é algo assustador. Levantamentos que estamos realizando indicam que a Google já firmou acordo com os governos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com a Prefeitura de Florianópolis/SC e a Unicamp. É algo privado entrando forte no ensino público, o que não dá para aceitar.
POLÍTICA COM VATAPÁ
I don't speak english
A trágica morte do candidato Clériston Andrade num acidente de helicóptero, às vésperas das eleições de 1982, deixou ACM, então governador, aturdido para escolher em cima da hora um sucessor.
Chocado, mas sem perder o senso político, ACM lançou um boato para testar o nome do banqueiro Ângelo Calmon de Sá, do Grupo Econômico.
Aliado de ACM e desafeto de Calmon, o então deputado federal Fernando Wilson Magalhães, que fora prefeito de Salvador de 1977 a 1978, ao tomar conhecimento,, correu para o Palácio de Ondina.
— Governador, o senhor vai cometer o maior erro de sua vida, se colocar Ângelo Calmon de Sá para sucedê-lo.
Desconfiado, ACM retrucou:
— Por que?
— Ele vai virar o grande poderoso da Bahia, o senhor não vai ter mais chance. Ângelo é mais novo, mais bonito, mais rico e ainda por cima fala muito bem o inglês.
ACM, que tinha como uma das frustrações não falar inglês, franziu a testa, calou. Deu João Durval.