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CULTURA

Adaptação de Jubiabá põe a velha Bahia como história em quadrinhos

Por Chico Castro Júnior l A TARDE

06/06/2009 - 17:22 h | Atualizada em 08/06/2009 - 10:08

Um ano e oito meses após sua visita à Bahia, para “sentir o clima e colher referências” – documentada por A TARDE em dezembro de 2007 –, o cartunista Spacca finalmente vê chegar às livrarias sua adaptação para HQ do romance Jubiabá, de Jorge Amado. Intitulado justamente Jubiabá de Jorge Amado, o belíssimo álbum é um dos quatro a inaugurar o selo Quadrinhos na Cia., da Companhia das Letras.

Em Jubiabá de Jorge Amado, Spacca demonstra vigor artístico e habilidade plástica inequívocos ao traduzir em quatro cores todo o clima, os cenários e tipos humanos da velha Bahia no século XX. Sua visão se apropriou tão bem do universo amadiano que, folheando suas páginas, é quase possível sentir o cheiro de maresia no cais do porto no qual Antônio Balduíno, o herói do romance, participa de uma greve. Jubiabá, o livro, trata justamente da trajetória de Balduíno, de menino do Morro do Capa-Negro (Cidade Baixa) até a tomada de consciência socialista, durante greve no cais do porto.

Experiência semelhante – Mas tudo isso, claro, não foi resultado de uma mera visita à cidade. “Ajudou ter ido aí. Mas foi fundamental ter feito a ‘lição de casa‘ antes. Estudei mapas e fotos antigas. Quando passei aqueles dias aí, reconheci o que tinha estudado. Dei também um pulinho na Fundação Gregório de Mattos para olhar as fotos da antiga Praça da Sé. Sentir a ambientação, o terreno, ter a noção de andar por aí. Foi bom andar da Praça Castro Alves até o Pelô, sentir as distâncias”, avalia Spacca.

Para ele, o mais importante não era nem recontar o romance, mas, sim, “oferecer ao leitor uma experiência semelhante à de ler um livro de Jorge Amado, utilizando os recursos da HQ. Então meu trabalho tem que ser tão divertido e envolvente quanto um livro de Jorge Amado“, diz.

“Porque no álbum eu estou representando Jorge Amado para muitos que não o conhecem. Não quero vender gato por lebre, quero oferecer uma experiência similar à de ler seu livro“, fala.

Ainda assim ou talvez exatamente por isso –, adaptar um romance como Jubiabá está longe de ser tarefa fácil. “O livro tem 300 personagens, então muitas situações não iam ter como entrar. Fiz várias leituras. Na segunda, eu já peguei o esqueleto da obra. Aí li de novo para selecionar trechos. Não dá para fazer isso numa primeira leitura. Tem que conhecer mesmo para poder se embasar, além de ler livros paralelos, como os dois guias de Jorge Amado sobre Salvador”, ensina.

Sensibilidade para o traço - O que era um tórrido namoro entre a editora Companhia das Letras e os quadrinhos, agora virou casamento mesmo. A união tornou-se oficial com o lançamento de um selo para HQs, o Quadrinhos na Cia. De cara, o enlace originou quatro filhos: Jubiabá de Jorge Amado, O chinês americano, Retalhos e Nova York: A vida na grande cidade.

E, a julgar pelos planos da editora para o selo, outras crias de nobre estirpe virão em breve por aí. A impressão que dá é que as obras a serem publicadas são pinçadas diretamente das listas de premiações estrangeiras. Um exemplo é a cultuada graphic novel Jimmy Corrigan: The smartest kid on Ear th, de Chris Ware, prevista para outubro.

Ainda pouco conhecida no Brasil, a obra costuma figurar ao lado do clássico Maus, de Art Spiegelman, como uma das responsáveis pelo reconhecimento das HQs como uma forma respeitável de expressão artística.

Já nessa primeira leva, a impressão de obras escolhidas a dedo é bem evidente, com algumas das graphic novels mais badaladas dessa década.

Além do soberbo tijolão Nova York: A vida na grande cidade, reunindo quatro obras de Will Eisner – mestre que dispensa apresentações – sobre a Grande Maçã, saltam aos olhos dois lançamentos há muito aguardados pelos apreciadores de HQs adultas: O chinês americano, de Gene Luen Yang, e Retalhos, de Craig Thompson.

A primeira ganhou fama na imprensa internacional após ter sido indicada ao National Book Award, um dos prêmios literários mais prestigiosos do mundo, tendo sido a primeira vez que uma HQ conseguiu tal feito.

Trata-se de uma história sobre aceitação (especialmente de si mesmo) e preconceito, contada em três camadas que, ao fim da narrativa, tornam-se uma só, com grande efeito dramático.

A primeira história é sobre Jin Wang, um jovem imigrante chinês tentando se entrosar com os adolescentes de uma típica high school americana.

A segunda é uma adaptação do autor para a lenda do Rei Macaco, uma das mais conhecidas do folclore chinês.

E a última trata das agruras de Danny, um rapaz que sofre horrores todas as vezes que recebe a visita de Chin Kee, um primo distante que reúne em si mesmo todos os piores estereótipos sobre os chineses.

Já Retalhos é outra pérola das HQs alternativas americanas, premiada diversas vezes tanto com o Eisner, quanto com o Harvey. A obra, um volumão de quase 600 páginas, não faria feio diante de romances de formação clássicos, como O apanhador no campo de centeio (J. D. Salinger) ou mesmo Grandes esperanças ( Dickens).

Repressão religiosa, a relação com o irmão menor, o tédio da vida em uma cidadezinha gélida do meio-oeste e a descoberta do amor são alguns dos temas abordados por Thompson com extrema sensibilidade.

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