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CULTURA

Álbum celebra 50 anos de carreira do MPB4

Por Daniel Oliveira

02/06/2016 - 7:21 h
MPB4
MPB4 -

Quando o grupo vocal MPB4 decidiu gravar um disco de inéditas, em comemoração ao seu cinquentenário, não faltaram compositores interessados em colaborar: de Zeca Baleiro e Thiago Amud a Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro. "No começo, saímos pedindo música para todos os amigos e recebemos umas duzentas. A gente ficou doido", conta Dalmo Medeiros, que entrou no quarteto em 2004 após a saída de Ruy Faria.

Fizeram, então, uma seleção das faixas. As audições aconteceram durante cinco meses e, depois, o método de escolha foi por votação. Na peneira inicial, das duas centenas, permaneceram 30. "As que tinham quatro votos já entravam. Cotejamos as que tinham três para chegar a um repertório de treze, que mistura compositores badalados e mais novos. Um processo democrático", explica Dalmo.

Assim surgiu MPB4 50 anos - O Sonho, A Vida, A Roda Viva!, lançado em maio pelo Sesc, com canções de João Bosco, Paulo César Pinheiro, Guinga, Breno Ruiz e Thiago Amud, entre outros. Os integrantes do conjunto, Aquiles Reis, Dalmo Medeiros, Milton Lima (Miltinho) e Paulo Malaguti, também assinam, cada um, uma música. Os dois últimos criaram os arranjos vocais.

"Antes fazia apenas esporadicamente, não era arranjador do dia a dia. Por isso eu e Paulo, que já tinha a prática no grupo vocal Céu da Boca, dividimos os arranjos, seis eu e os outros sete, ele. Precisei me dedicar muito", diz Miltinho, um dos fundadores do MPB4, na década de 1960. A função era desempenhada anteriormente por Magro Waghabi, que saiu de cena em 2012. O disco, aliás, é dedicado à memória do ex-integrante e diretor musical do conjunto.

Despedida

"Quando o Magro teve a recidiva do câncer de próstata foi muito difícil, porque sempre fomos bastante ligados. E ele estava sofrendo muito com as dores e a iminência de perder muitas coisas", diz Miltinho, que decidiu, junto com Aquiles, permanecer com o MPB4. Na cerimônia de despedida, a esposa do ex-companheiro pediu para eles não pararem. "Ela falou: 'O Magro queria que vocês continuassem com o grupo", revela.

Após o período de luto pela morte do amigo, eles convidaram Paulo Malaguti, chamado carinhosamente de Pauleira, para integrar-se ao conjunto. A entrada do músico somou, sobretudo, pela sua vasta experiência com vocais, pois, além do Céu da Boca, ele trabalhava como regente de corais no Rio de Janeiro.

No princípio da nova fase, os componentes do MPB4 conversavam sobre a gravação de um álbum que celebrasse os 50 anos. Porém, a produção, de fato, começou em 2015, quando definiram as faixas da obra. Para a elaboração dos arranjos dos instrumentos, convidaram o virtuoso pianista carioca Gilson Peranzzetta.

Dalmo revela que, embora já reconhecesse a qualidade e o profissionalismo do músico, ficou atônito com a sua rapidez na criação: "Ele não é só muito bom, é mágico, porque estava em Nova York e recebeu as canções numa quinta-feira e nos disse: 'vou escrever e, na segunda, entro no estúdio'. E fez os arranjos completos".

O disco MPB4 50 anos - O Sonho, A Vida, A Roda Viva! inicia com Milagres (Breno Ruiz e Paulo César Pinheiro), de clima popular e interiorano. Já a segunda faixa, Maxixe (Fred Martins e Alexandre Lemos), é cheia de malemolência e tem afirmação forte no desfecho: "Eu sonhei que havia um Brasil / Mas não há".

Um dos momentos mais bonitos é o samba de tom existencial Filigrana, do gaúcho Vitor Ramil, irmão mais novo de Kleiton e Kledir. A dupla gaúcha também figura no álbum em A Ilha. Ainda da lavra das composições em família, Desossado é parceria de pai e filho, João e Francisco Bosco. Na cadência do samba, a canção tem letra de conteúdo crítico e aborda os contrastes brasileiros e o balanço entre esperança e desilusão: "Brasil teu jeito de ser e de proceder / É desossado / Brasil teu corpo que encanta de se ver/ É desgraçado".

Dos anos 1960, sobretudo a partir de Roda Viva no Festival da Record, que consagrou o grupo ao lado de Chico Buarque, até alcançar o meio século, em 2015, o MPB4 se renovou. Tal afirmação pode parecer óbvia, afinal, é natural que ocorram mudanças com o tempo. Mas a entrada dos novos integrantes e o discurso de esquerda agora esmaecido tornaram o conjunto bem diferente do surgimento, nas trincheiras da luta contra a ditadura militar no Centro Popular de Cultura, vinculado à UNE.

"Antes a gente privilegiava músicas que protestavam contra a ditadura, mas depois da abertura e da redemocratização a gente passou a poder cantar mais levemente e sem problemas de censura. O MPB4 também foi se transformando", afirma Miltinho.

Opiniões opostas

A diversidade de opiniões sobre o contexto político, inclusive, rege a atual composição do quarteto. Enquanto Dalmo, por exemplo, é a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o fundador Miltinho defende a tese do golpe. Essa divergência, que, em outras épocas, seria inimaginável, não causa problemas internos atualmente.

"Eu acredito que foi um golpe e mandava textos para o Aquiles, pois somos mais afinados, e não enviava para Dalmo, porque sei o posicionamento dele nesse assunto. É uma coisa de respeito", diz Miltinho. "Não houve um golpe, o que ocorreu foi um processo constitucional, com direito de defesa. Agora, existe uma divisão no MPB4, que é a mesma do país. Mas a gente convive bem, mesmo pensando diferente, porque democracia é isso: a convivência dos opostos", completa Dalmo.

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