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CULTURA

Artistas, diretores e produtores analisam a cena cultural de Salvador

Por Eugênio Afonso

29/03/2018 - 8:59 h | Atualizada em 29/03/2018 - 9:10
A TARDE reuniu depoimentos de profissionais que vivem cotidianamente o fazer cultural na capital baiana
A TARDE reuniu depoimentos de profissionais que vivem cotidianamente o fazer cultural na capital baiana -

Hoje Salvador faz 469 anos. A primeira capital do Brasil foi fundada no dia em que o governador-geral português Thomé de Sousa desembarcou na praia do Porto da Barra, exatamente em 29 de março de 1549, dando início, assim, à construção da cidade programada para ser uma fortaleza. E desde então a capital dos baianos, que também é conhecida como a terra de todos os santos, desenvolve uma cultura específica que exerce influência nas outras regiões do País e na própria imagem que o Brasil tem no exterior.

Tanto na literatura quanto na música, teatro, gastronomia e outras vertentes da arte, durante esses mais de quatro séculos, Salvador, como capital, sempre foi o polo propulsor para a dinamização dessas culturas. Estamos falando de uma cidade conhecida por sua efervescência artística, matriz da Tropicália, urbis capaz de propiciar ambiência cultural para que nomes como Jorge Amado, Glauber Rocha e Dorival Caymmi, só para citar três expoentes baianos, pudessem revolucionar a cultura nacional.

Mas e hoje? Como anda o universo cultural da Roma Negra? Ainda se produz satisfatoriamente? As pessoas que estão diretamente relacionadas às artes acreditam que Salvador, realmente, merece parabéns? Saímos a campo para ouvir alguns profissionais que vivem cotidianamente o fazer cultural na capital baiana. Os depoimentos apontam pontos positivos e o que precisa ser melhorado. Confira!

•“Jamais deixaria de parabenizar Salvador e sua gente. Épocas melhores ou piores para a cultura não representam sua riqueza. Sob vários aspectos, Salvador sempre transcendeu os encurtamentos ou alargamentos de cada época. Hoje a cidade respira novos ares, ainda não os ideais, mas os possíveis. A produção é intensa para quem se dispõe a conhecer a cidade. Mesmo que ainda um certo tipo de consumidor insista em pagar mais por um estacionamento do que por um espetáculo artístico. Mesmo que, ao se benzer para entrar no mar, ainda não se aperceba que isto é um valor cultural, nosso tempo é desafiador. Nenhum instrumento é tão poderoso para o convívio humano como sua produção cultural, portanto viva Salvador e viva, Salvador”.

Andrezão Simões, Diretor e produtor artístico

•“Salvador tá diferente, novos espaços culturais foram abertos, reativamos uma lei de incentivo que estava adormecida e voltamos a pensar em uma política cultural para a capital. Apesar dos pontos positivos, Salvador, só te dou parabéns de verdade quando você criar uma secretaria municipal de cultura com orçamento e autonomia para pensar a política cultural para além dos editais. Só comemoro seu aniversário quando você pensar a cultura para além dos eventos pontuais e transformar em atividade diária. Só te parabenizo mesmo quando a cidade da música abrir espaço para a nova música produzida na Bahia. Salvador, você é um dos berços culturais deste País, vamos seguir em frente. Sei que você não vai me decepcionar”.

Fernanda Bezerra, Produtora cultural

•“São 469 anos de uma cidade que não sai da cena cultural do País. Nisso, ela está de parabéns, sempre! Por ser uma terra de artistas fantásticos, das diversas linguagens – música, dança, teatro, artes visuais, literatura, cinema e circo. Em qualquer uma delas, a gente pode fazer listas com o que há de mais significativo e potente em termos de talento e criatividade. Nela nascidos ou por ela passados. Vivos ou mortos. Eternos. Então, o que nos falta para comemorar, a risos largos, uma explosão cultural à altura da fervura do nosso caldeirão? É preciso políticas públicas com a verdadeira intenção de dar condições de existência às produções que aqui resistem. Menos manipulação e mais fomento”.

Fernanda Tourinho, Produtora cultural

•“Nós temos o que comemorar por conta da nossa resistência em afirmar que as artes visuais, a cultura e a memória estão sendo descentralizadas na cidade, com novos espaços no subúrbio ferroviário. Salvador, no entanto, precisa entender que as pessoas das periferias produzem cultura o ano inteiro, com ou sem incentivos. Fortalecer as artes visuais e as expressões populares, com a mesma pujança com que se financiam os eventos de entretenimento de massas, seria um bom começo para a difusão da diversidade da cena local. As redes da cultura precisam ser ampliadas e se expandir pelas periferias, o que tem sido possibilitado por conta de editais e das iniciativas de pessoas que querem uma cidade mais plural”.

José Eduardo F. Santos, Pesquisador e mobilizador cultural

•“Há muito pouco a se comemorar em relação à cena cultural de Salvador. Vivemos um eterno porvir, calcados na cultura do que já fomos no passado e de olhos pouco abertos para o futuro. Salvador já foi uma grande fomentadora da cultura nacional, mas hoje temos pouca ousadia, especialmente na área teatral, que é onde me enquadro. Nas artes plásticas, na música e na dança está tudo um grande marasmo. Estamos desnorteados e sem bússola. Salvador merece os parabéns por seu pioneirismo, mas também merece umas boas palmadas por dormir em berço esplêndido. Acorda, Salvador!”.

João Figuer, Ator e diretor teatral

•“Sim, dou meus parabéns à cidade. Somos corajosos. Os artistas, especialmente. Na vida, como na arte, falta incentivo. O artista precisa criar e a arte precisará sempre de patrocínio. O artista não será nunca um concursado. Viverá na esperança de um dia ter paz. A cena cinematográfica mudou. A Ancine trouxe um futuro/presente. O município e o estado estão no caminho. O mecenato chegaria através das leis de incentivo. Cadê? Precisamos de ruas mais seguras, mas também precisamos de pessoas nas ruas. Artistas, uni-vos!”.

Marcelo Sá, Diretor de projetos Saladearte

•“Eu acho que quem merece os parabéns são os artistas baianos, que continuam firmes, fortes e acreditando no seu potencial, mesmo com todas as dificuldades. Eu daria parabéns a Salvador por abrigar esses artistas. Acho que ainda falta uma interlocução entre o os poderes público e privado. Não podemos ficar à mercê somente dos incentivos públicos, é importante dialogar com as empresas. Agora, precisamos descobrir como fazer essa interlocução. O que sobra é talento demais nessa cidade e muitos ainda a serem descobertos e precisando de incentivo”.

Selma Santos, Produtora e atriz

•“Salvador tem uma cena cultural pulsante, viva e faminta. Tenho ficado particularmente feliz com o movimento dos grupos teatrais da cidade, que têm realizado ações em espaços alternativos, criado uma dramaturgia própria, e que resiste, muitas vezes, sem apoio financeiro de editais. Muito feliz também com os coletivos de audiovisual, realizando mostras, visibilizando conteúdos de produtores independentes, fomentando discussão. O que, de fato, me parte o coração é ver talentos obrigados a deixar a cidade, ou até mesmo mudar de profissão, na busca por oportunidades mais constantes e melhor remuneradas. Quando isso acontece, perdemos como cidade, perdemos como cultura baiana”.

Susan Kalik, Diretora, produtora e roteirista

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