CULTURA
Ator baiano Lucci Ferreira também tem uma banda
Por Eduarda Uzêda

O ator baiano Lucci Ferreira, 40 anos em plena forma, comemora 20 de trajetória artística mostrando todo o talento de um intérprete versátil, que constantemente se desafia com personagens de diferentes feições.
Só este ano, Lucci, radicado há uma década no Rio de Janeiro, pôde ser visto em pelo menos três atuações. No teatro, fez o papel do escritor Trigorin, no clássico A Gaivota, de Anton Tchekhov, produção baiana da Cia Os Argonautas. No cinema, arrancou aplausos com o personagem Raul Seixas (no longa Não Pare na Pista - A Melhor História, de Paulo Coelho, direção Daniel Augusto).
Atualmente pode ser conferido na televisão na novela Império, como Antonio, chefe de salão do restaurante e braço direito do proprietário, o chef Enrico (Joaquim Lopes ).
Lucci Ferreira, um autêntico geminiano, é daqueles intérpretes que dá prazer em entrevistar. Fala sem reservas, é gentil, engraçado e se disponibiliza ao máximo para atender aos pedidos da reportagem. O intérprete, que atualmente está solteiro, tem outras qualidades: canta, toca violão (possui até uma banda, aliás seu próximo projeto) e não faz feio na cozinha.
"Em Império, atuo em um núcleo maravilhoso, o de Rogério Gomes (conhecido também como Papinha), onde quase todo mundo trabalha em cozinha. A comida é de verdade e sempre estou beliscando", afirma, acrescentando que também se arranja na culinária, indo do trivial bife às boas massas.
Começo de pé direito
Determinação é o que não falta ao ator, nascido Luciano Aragão Ferreira, criado no Chame-Chame, filho temporão do contador Jorge Gil Ferreira, 96 anos, e da funcionária pública Edlice Viterbo de Aragão, 65 anos, cinco irmãos, fruto de dois relacionamentos do pai.
Lucci, que chegou a fazer o curso de Jornalismo da Ufba, durante três anos, acabou sendo tragado pelo teatro. E começou de pé direito: em 1994, fez o Curso livre de Teatro da Ufba - revelador de grandes talentos - com o diretor Paulo Cunha. O espetáculo de conclusão marcou época: Cabaré Brasil, sucesso de público e crítica.
Seguiram-se outros espetáculos de sucesso, a exemplo de Cuida Bem de Mim (96/98), direção de Luiz Marfuz; Nada Será Como Antes (99/2000), direção de Celso Jr., Material Fatzer (2001), texto de Bertold Brecht e direção de Márcio Meirelles, A vida de Galileu (2001/02), texto de Brecht e direção de Elisa Mendes (peça do Núcleo do Teatro Castro Alves) e Brasis(2002/03), texto de Aninha Franco e direção de Fernando Guerreiro. Paralelo a isso, Lucci fez oficinas de teatro, cursos para interpretação de cinema e televisão e trabalhos em publicidade.
Virada aos 30 anos
Ao completar 30 anos, a vida de Lucci começou a mudar. "Aconteceu que tudo acabou conspirando". Ele estava comprando uma passagem numa agência de viagem para o Rio, quando recebeu uma ligação da produção de elenco da Globo para fazer um teste na novela Da Cor do Pecado Pecado(2004), direção geral de Denise Saraceni.
É que Lucci, desde Brasis, fez cadastro na Rede Globo, sendo chamado para algumas participações. A partir daí vieram outras novelas como Páginas da vida, Paraíso, Amor eterno Amor, a minissérie JK, etc. No Rio, ainda fez as peças Therese Raquin (2011) e O Auto da compadecida(2012).
"Eu vi muitas pessoas da minha geração indo para o Rio de Janeiro e para São Paulo. Passei anos amadurecendo esta ideia, aprendendo com diretores, atores, vendo com olhar crítico os comerciais que fazia e me coloquei uma meta, para experimentar novos caminhos no Rio: 30 anos".
Sobre o filme Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto, conta que teve apenas três dias para se preparar para o papel que sonhava: "o de Raul Seixas". "Na primeira cena, caracterizado, já tinha a energia dele. As pessoas vibravam", exulta.
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