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CULTURA

Campanha Artistas pelo Pantanal arrecada mais de R$ 2 milhões para combate aos incêndios

Por Júlia Lobo*

27/09/2021 - 6:00 h
Araquém Alcântara retratou a onça-pintada nadando no Rio Paraguai na Serra do Amolar em 2018 | Foto: Araquém Alcântara/Divulgação
Araquém Alcântara retratou a onça-pintada nadando no Rio Paraguai na Serra do Amolar em 2018 | Foto: Araquém Alcântara/Divulgação -

Mais de R$ 2 milhões foram arrecadados com a venda de obras de arte para ajudar no combate contra os incêndios no Pantanal. A campanha Artistas pelo Pantanal mobilizou 42 artistas do cenário contemporâneo brasileiro e conseguiu, entre abril e julho deste ano, reunir o montante.

O valor foi direcionado para a organização não governamental SOS Pantanal, que estrutura brigadas de incêndio na região.

Em comparação com 2019, o ano passado teve um aumento de 210% de queimadas na região, como apontou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Com o estrago causado, o movimento surgiu com o propósito de reunir um conjunto de obras de artistas, galerias e colecionadores para possibilitar um apoio às brigadas pantaneiras.

Ao todo foram doadas 45 obras de artistas como Adriana Varejão, Ernesto Neto, Laura Lima, Nuno Ramos e Vik Muniz. Além deles, também participou o escultor baiano José Bento, um dos artistas que produziram peças especialmente direcionadas à campanha. De título Queimada, a escultura custou R$ 50 mil.

Outro artista que tem relação estreita com a Bahia e esteve na Artistas pelo Pantanal foi o fotógrafo João Farkas.

O paulista é autor de Trancoso e Caretas de Maragojipe, produção que serviu para a concepção do Museu do Carnaval, no Pelourinho. Para ele, que chegou à região após um convite de fazendeiros que queriam fotografar o bioma, o choque com a beleza do Pantanal foi instantâneo.

“Era diferente de tudo que a gente vê, muito mais frágil e diverso, então comecei um projeto para olhar com mais cuidado esse lugar”, conta Farkas. O fotógrafo doou à campanha a obra Linha de Fogo, de 2019, disponibilizada por R$ 20 mil.

“Me parece que a humanidade tem duas grandes questões hoje: a intolerância e a natureza. A arte naturalmente tem que se ligar a esses assuntos mais importantes, o que está acontecendo na natureza é evidente. Os artistas são antenas dessas causas, como a fotografia pode ser muito utilizada nos aspectos de mostrar o que realmente está acontecendo”, observa João, sobre a importância da classe artística mobilizada em prol do meio ambiente.

A meta inicial era arrecadar R$ 1 milhão, mas com a resposta positiva dos artistas, ela foi ampliada.

“Com o total de R$ 2.113.950,00 pudemos ampliar o alcance da campanha e assim custear e manter as brigadas nas regiões da Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço, Poconé, Corumbá e Ladário por um período de três anos, sob supervisão do SOS Pantanal”, afirma Mônica Guimarães, coordenadora da Documenta Pantanal, rede que estruturou a campanha.

Os recursos serão administrados pela SOS Pantanal, responsável por equipar, formar e manter 14 brigadas voluntárias anti-incêndio em diferentes regiões pantaneiras, ao longo de pelo menos três anos.

Unindo forças

A ação foi encabeçada pela Documenta Pantanal, rede da qual a SOS Pantanal é integrante. Criada em 2019, ela agrega instituições, artistas, fazendeiros, jornalistas, entre outros, na promoção de visibilidade para a região e o diálogo entre forças produtivas e organizações na busca pela sustentabilidade do bioma. Com mais de 50 participantes, a Documenta incentiva e ajuda a implementar projetos em campos diversos, como preservação, documentários e vídeo-aulas científicas.

De acordo com a coordenadora da Documenta, Mônica Guimarães, essas iniciativas criam conexões entre artistas, estudiosos, produtores e empresários. Assim, ocorreu a viabilização de campanhas, como Artistas pelo Pantanal, desenvolvida após os incêndios que acometeram o Pantanal em 2020.

“Quando os focos foram controlados, 26% do território havia sido consumido. Esse episódio deixou clara a necessidade do fortalecimento de mecanismos permanentes de combate a fogo, como brigadas voluntárias locais”, afirma Mônica.

Já a SOS Pantanal, formada em 2009, atua com três focos principais: promoção de políticas públicas, divulgação do Pantanal e o mapeamento da cobertura vegetal e pesquisas. A última frente surgiu no ano passado, após os incêndios.

A equipe estruturou 24 brigadas, espalhadas pela região, para que estejam prontas para dar o primeiro apoio às forças governamentais na hora do combate ao fogo.

“Algumas já existiam, a gente só deu uma incrementada com os treinamentos. As brigadas que eram dentro de fazendas e tinham recursos, nós chegamos só com o treinamento para padronizar a atuação deles, e as comunitárias e de outras ONGs, demos os equipamentos de proteção individual (EPIs), os de combate a incêndio, para alguns até uns tanques pipa, que são essas 14 brigadas, e como eu disse, algumas já existiam e outras foram feitas a partir do valor juntado”, explica o membro da SOS, Gustavo Figueiroa.

Os treinamentos foram realizados pelo Ibama e Corpo de Bombeiros em conjunto com a equipe técnica da SOS Pantanal. A capacitação foi feita em três dias e contemplou as partes teórica e prática. Agora é entrar na fase de combate.

“A campanha foi extremamente importante. Eles arrecadaram um valor muito significativo para gente, porque não adianta a gente criar uma brigada agora e não ter recurso para manter depois, porque os equipamentos quebram, as pessoas mudam, então a gente tem que treinar elas de novo e é um gasto alto. Fora que a gente está fazendo monitoramento via satélite nas áreas próximas às brigadas que formamos para avisar se tem fogo ou não”, reconhece Gustavo.

Em parceria entre o Documenta Pantanal e a galeria paulista SP-Arte, a captação das obras para a Artistas pelo Pantanal aconteceu entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021. Uma equipe voluntária, capitaneada pela fundadora do Documenta, Teresa Bracher, apresentou os artistas e as galerias ao projeto. Tanto os autores quanto os locais abriram mão das suas porcentagens da venda das obras para a doação.

“Nos interessa contar a todos o que ocorreu, sensibilizar a população e abrir essa reflexão sobre as mudanças climáticas – assim, abraçamos a ideia e colocamos nossa força de trabalho também nessa campanha. É sempre nessa premissa que encampamos os projetos, foi assim que fizemos os filmes, os livros e as mais variadas campanhas que nos comprometemos ao longo desses mais de dois anos de existência”, confirma Mônica.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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