CULTURA
Cantor e compositor Henri Salvador morre aos 90 anos
Por Ana Fernanda Campos, do A TARDE, e France Presse

Um dos grandes nomes da música francesa, morreu nesta quarta Henri Salvador, aos 90 anos de idade. Compositor e interprete de vários sucessos populares, é considerado um dos inspiradores da Bossa Nova.
O artista havia se despedido do público com um show no Palácio dos Congressos de Paris em dezembro passado. O último álbum dele, Révérance, de 2006, teve oito das 13 faixas gravadas no Brasil, com arranjos de Jacques Morelembaum e a participação de músicos como João Donato e Jorge Helder. O disco também conta com duetos com Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Antes disso, em 2005, durante o Ano do Brasil na França, o artista abriu um show, com grandes nomes da MPB, que aconteceu na Praça da Bastilha, por ocasião das festividades nacionais do 14 de julho, data que marca a Revolução Francesa.
A pesquisadora da obra do artista, Leni David situa, em uma canção da MPB, Reconvexo, a chave para se entender a importância do músico para o Brasil: ”Caetano tem razão quando diz: ... ’Meu som te cega careta, quem é você? / que não sentiu o swing de Henri Salvador...‘"
Carreira – Formado na escola dos grandes músicos negros norte-americanos e do instrumentista cigano Django Reinhardt, Salvador era um excelente violonista e um artista de várias faces: “Toquei jazz, sketchs, canções divertidas, ladainhas, music-hall, televisão”, costumava dizer.
Nascido em 18 de julho de 1917 em Caiena, na Guiana francesa, Henri Salvador era filho de um francês de ascendência espanhola e de uma mãe de origem indígena de Guadalupe. A família dele foi viver em Paris em 1924 e, aos 11 anos de idade, o jovem descobriu Louis Armstrong e Duke Ellington, suas primeiras influências musicais.
Foi contratado em 1935 pelo instrumentista Django Reinhardt e, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, realizou, ao lado de Ray Ventura, uma turnê pela América Latina. No Brasil, obteve enorme sucesso, iniciando, assim, um caso de amor com o País.
Com Boris Vian, Salvador introduziu o rock na França (Rock Hoquet, 1957) e compôs algumas pérolas do gênero, como Rock and Roll Mops e Le blues du Dentiste. Depois da guerra, formou sua própria orquestra, gravou o primeiro disco, Maladie d'Amour (1947).
Nos anos 50, Henri Salvador iniciou uma grande carreira nos palcos do A.B.C, templo do music-hall parisiense, e também fez sucesso em países como Itália e Estados Unidos.
Influência – Considera-se que a canção Dans Mon Île (1957), de Henri, contribuiu para o nascimento da Bossa Nova, depois que músicos brasileiros a descobriram no filme Nuits d'Europe.
“Quando Jobim viu aquilo, disse: 'é o que temos que fazer, suavizar o tempo do samba e acrescentar belas melodias'”, assegurava Salvador. Mas em entrevista à Folha de São Paulo, em março passado, Salvador admitiu: ”Sou apenas um pequeno compositor comparado a Jobim”, afirmou.
Dans Mon Île chegou a ser gravada por Caetano Veloso, que, segundo a pesquisadora Leni David, ”é o responsável pela redescoberta de Henri Salvador no Brasil”.
Em 2001, Henri Salvador se casou pela segunda vez com a produtora de televisão Catherine Costa. O artista publicou uma autobiografia chamada Toute ma vie em 1994.
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