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MÚSICA

Casa das Máquinas estreia com dueto entre Lazzo Matumbi e Vox Sambou

Selo baiano une a musicalidade de Lazzo com o rapper haitiano

Por Eugênio Afonso

16/05/2023 - 6:15 h
Lazzo reconhece 
a importância 
de poder unir musicalidades 
de diferentes culturas
Lazzo reconhece a importância de poder unir musicalidades de diferentes culturas -

Agora em maio, o lançamento do selo Casa das Máquinas foi marcado pela disponibilização – nas principais plataformas digitais de música – do single Solte essa voz. No comando dos vocais, o cantor e compositor baiano Lazzo Matumbi e o rapper haitiano Vox Sambou.

Um encontro inédito de dois grandes artistas que apostam suas fichas nas matrizes musicais da diáspora africana e, assim, convocam as forças do canto para a reunificação e pacificação dos povos.

O lançamento faz parte do Inter_sessões musicais, primeiro projeto do selo. A ideia é promover diálogos inéditos na cena contemporânea internacional. De acordo com o instrumentista e produtor musical baiano Tadeu Mascarenhas, 45, idealizador do projeto, o selo chega para consolidar 23 anos do estúdio Casa das Máquinas produzindo diversos artistas e estilos – da música erudita ao samba de roda.

Tadeu diz que o objetivo é promover encontros musicais – preferencialmente inéditos – entre artistas de culturas diversas. “Neste encontro, a gente desenvolve no estúdio uma composição feita na hora. Tudo é espontâneo, como a escolha de Lazzo e Vox”.

O instrumentista conta também que o selo reflete sua trajetória como produtor musical e que a ideia é dar vazão às produções do estúdio Casa das Máquinas. “Muitos artistas passam por aqui. Muita gente de fora do País. Trabalho com todos os estilos de música, não tenho um segmento. Da música eletrônica à de vanguarda”.

De fato, muita gente boa e renomada tem passado pelo estúdio de Tadeu. Dentre eles, Mestre João do Boi, Alumínio, Mateus Aleluia, o próprio Lazzo, Orquestra Rumpilezz, maestro Letieres Leite, Baiana System, Orquestra Sinfônica da Bahia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Pitty, Roberto Mendes, Nação Zumbi, Margareth Menezes, Alex Pochat, The Platters, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo, Paulo Miklos, Cordel do Fogo Encantado, Layne Redmond, Os Panteras, Retrofoguetes, Radiola e outros.

Encontro sonoro

O curioso é que, apesar de Lazzo e Vox mal se conhecerem pessoalmente, o resultado do trabalho agradou a ambos. O cantor de Alegria da cidade conta que encontrou o haitiano apenas duas vezes e que na segunda já foi para gravar.

“Lembro-me que a primeira vez eu estava ensaiando, fui apresentado, mas não tivemos tempo de nos conhecer melhor. A segunda já foi com o convite do Tadeu, que me disse que gostaria de aproveitar a estadia de Vox na Bahia pra fazermos alguma coisa juntos”, recorda Lazzo.

“Escolhemos uma levada parecida com um reggae e mudamos pra um balanço misturado feito numa produção coletiva que resultou nessa maravilha de canção”, festeja o baiano, acrescentando que é sempre bom poder unir musicalidades de culturas diferentes. “Afinal todos bebem da mesma fonte, a mamãe África”.

Para Vox, foi uma honra poder gravar com Matumbi. “O Lazzo foi incrível. Ele começou a falar pros músicos como ele queria o groove. Todos estavam sorrindo e com a mente aberta. Foi um dos melhores e mais alegres processos de criação que já participei. Acho que ele é uma das vozes mais poderosas da música da diáspora africana”, enaltece o caribenho.

Sambou diz ainda que o projeto Inter_sessões musicais é muito importante porque dá oportunidade a artistas de diferentes continentes se conectarem, especialmente os da comunidade dos países africanos. “Nosso mundo precisa dessa ponte cultural para promover a paz e a harmonia que podem fortalecer a humanidade”.

E qual é a sua relação com a Bahia? “Fui convidado em 2018 pelo professor Nelson Maca para me apresentar na cidade. Ele me apresentou a cultura de Salvador e me falou sobre a história de resistência do povo africano no Brasil e particularmente em Salvador”, responde Vox.

“Fiquei tão emocionado e inspirado depois daquele encontro que gravei uma música chamada Blackitude e ainda fiz um álbum chamado African Diaspora. Depois voltei a Salvador algumas vezes e sempre que venho me sinto em casa”, finaliza o haitiano.

Solte essa voz conta ainda com a participação dos músicos Ênio Nogueira (guitarra), Ícaro Sá (bateria), Felipe Guedes (baixo), David Ryshpan (piano Rhodes), Mangaio (samplers), Tadeu Mascarenhas (sintetizador), Hugo Sambone (trombone), João Teoria (trompete e flugel) e Kiko Souza (sax tenor, sax barítono e flauta). Nos vocais de apoio, Ângela Lopo e Tita Alves.

Vox Sambou

Nascido Robints Paulo, em Limbé (Haiti), Vox Sambou é considerado o embaixador do hip hop haitiano. Um artista que canaliza o espírito de Fela Kuti e Bob Marley.

Faz música que combina afrobeat, grooves latinos, funk, reggae, hip-hop e ritmos de toda a diáspora africana. Conhecido como ‘a eterna voz do Haiti’, já se apresentou na Europa, América do Norte e diversos países da América do Sul, como Brasil, Chile e Colômbia.

Formado em antropologia e vivendo em Montreal, no Canadá, ele tem uma forte ligação com o Brasil, onde gravou, em 2016, o disco The Brasil Session. Com letras em crioulo haitiano, francês, inglês, espanhol e português, canta a unidade e a solidariedade.

É um dos membros fundadores do coletivo canadense Nomadic Massive e acaba de lançar seu quarto álbum solo - We Must Unite.

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