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Casa de Cinema Negro Baiano Chica Xavier quer capacitar realizadores

Atividades do projeto tiveram início no mês passado

Por Maria Raquel Brito*

13/01/2025 - 1:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Casa de Cinema Negro Baiano Chica Xavier quer capacitar realizadores
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Um espaço com cara de lar para fortalecer produtores e produtoras negros de Salvador. O que pareceu um sonho distante por muito tempo, agora toma forma: é a Casa de Cinema Negro Baiano Chica Xavier, lançada em dezembro último, com o objetivo de valorizar a produção, formação e exibição de obras audiovisuais voltadas para a negritude baiana.

As atividades do projeto tiveram início no mês passado, de forma itinerante, com uma oficina de Corpo e Memória conduzida por Daniele Souza. Foi a primeira de um ciclo de workshops, que seguirá até junho deste ano. A próxima oficina acontece entre os dias 28 e 30 deste mês, comandada por Day Sena, e abordará a Elaboração de Projetos em Audiovisual. Os encontros são na sede da Salcine, na Sala Makota Valdina.

O projeto vem sendo desenvolvido desde 2020, pelas mentes dos artistas Day Sena, Marcos Alexandre, Heraldo de Deus, Daniele Souza, Marise Urbano e Fabiano Zang. A primeira fagulha para se dedicar à capacitação de artistas negros nasceu da experiência dos seis no audiovisual baiano: sentiram na pele ao longo da vida como as oportunidades para autores negros e histórias da negritude são mais raras e como o caminho é mais longo. Agora, o objetivo é encurtar esse caminho e pavimentá-lo o máximo possível.

“Mesmo percebendo uma crescente na quantidade de produções, ainda carecemos de caminhar mais juntos. Isso é importante, pois, se numa realidade de escassez, a gente alcança lugares inimagináveis com o nosso cinema negro, imagina se a gente começa a proporcionar ferramentas para isso?”, diz o ator e co-idealizador Heraldo de Jesus.

Tudo é pensado para criar uma experiência que realmente se aproxima à de uma casa, um lar para quem a procura. Isso vai do sorriso no rosto ao receber alguém até o coffee break durante as oficinas, passando, claro, pela logística das atividades do projeto.

“Nós queremos sempre entregar o melhor. Uma das preocupações, por exemplo, é se o horário das oficinas está bom para todos, porque tem pessoas que moram longe, então qual o tempo que elas vão levar para chegar no local da oficina? Esse horário está confortável para chegarem e voltarem com segurança? Elas serão recebidas com um ar-condicionado, com uma água, um coffee break? A vida já é tão dura, às vezes é tão difícil para essas pessoas estarem ali, abdicarem de outras coisas para participar na oficina, ou que veio de uma jornada anterior e está super cansada, mas está ali. Essas pessoas precisam do melhor acolhimento”, defende a diretora audiovisual e co-idealizadora Day Sena.

Hoje, a CCNBA Chica Xavier dá seus passos iniciais de forma itinerante, mas já mostra quão resistente é sua fundação – e promete mais e mais crescimento. Por lá, os artistas encontrarão atividades que passam por todas as etapas da criação audiovisual: oficinas, masterclasses e cursos de formação; fomento às produções; e exibições dos projetos, além de eventos com cineclubes e sessões com bate-papos.

É um grande trabalho, e eles sabem disso. Juntar diferentes frentes, como a produção audiovisual de Day e o foco em atuação de Heraldo, é garantir aos participantes uma formação integral, uma capacitação multidisciplinar. E esse é exatamente o objetivo: acabar com os argumentos de quem tenta justificar a falta de contratação de profissionais negros com uma suposta carência de pessoal. Pelo contrário: esses artistas estão aqui e buscam oportunidades.

“A gente está muito feliz, principalmente pelos retornos. Essa é uma responsabilidade que não dói, nos motiva. Porque é muito trabalho, todos nós temos outros projetos e a nossa vida, mas alguém precisava fazer. Muita gente já faz de maneira intuitiva e independente, mas nós precisávamos de algo consolidado”, diz Day.

A iniciativa é essencial para jovens produtores negros que estão começando agora no mundo do audiovisual, ou até quem não sabe muito bem por onde começar.

Um deles é o estudante de cinema Deko Alves, que participou da oficina inaugural da CCNBA Chica Xavier. Ele, que já vinha desenvolvendo projetos pessoais ao longo da graduação, sentiu nos encontros um acolhimento único: foi abraçado pela escuta ativa e pelo conteúdo das aulas.

“Para o processo profissional isso faz total diferença, porque a gente tem uma equipe negra e pode se espelhar nesses profissionais. E são profissionais extremamente competentes. A gente consegue visualizar o nosso projeto a partir de um outro olhar, buscando narrativas que passem pelos nossos corpos e que façam isso de forma afetiva e cuidadosa. Espero que seja a primeira de muitas que participo”, diz.

Para eles, as próximas oficinas são uma mão na roda: afinal, a base de um bom resultado em um edital para captar recursos é, sem dúvidas, um bom projeto. E é essa arte da confecção de bons projetos que Day Sena ensinará. “Projetos geralmente são as suas histórias, histórias que você quer contar. Então, imagina conseguir ter uma aprovação ou submeter um projeto que é seu, que conta a sua história, fala do seu legado? Isso é muito importante. Quando você aprende a escrever um projeto de maneira estratégica, você começa a fazer captação a partir do que escreve”, explica.

Resistência

A Casa não poderia levar o nome de alguém mais simbólico que Chica Xavier, uma referência nas artes cênicas brasileiras. Atriz, produtora e ialorixá, Chica deixou um legado de protagonismo e resistência negra ao longo de mais de seis décadas de teatro, cinema e TV. No currículo, traz títulos como a versão original de Renascer – em que deu vida à potente Inácia –, Dancin’ Days e Sinhá Moça.

A trajetória de Chica Xavier foi marcada pela sua influência na cultura afro-brasileira. Através da sua arte, levou a ancestralidade e a espiritualidade Brasil afora.

“Chica já estava lá com sua presença e discurso numa época em que éramos muito poucos nesse lugar de destaque. Uns três ou quatro. Chica ecoou em sua própria família, tem filho e netos envolvidos com a arte e o audiovisual. Ecoou, por exemplo, no remake de Renascer com uma singela homenagem que Edvana faz a ela no brinco que utilizou, e ecoa em diversos artistas negros que ainda carecem de mais e mais referências”, lembra Heraldo.

Para Day, a resistência e a excelência de Chica dão régua e compasso. “A gente está resistindo ao entender a demanda de outros produtores e resistindo para que todo mundo venha com a gente e que esse mercado esteja cada dia mais colorido, cada dia mais tomado de pessoas pretas. Porque já existem pessoas qualificadas, e esse número só vai aumentar”, conclui.

Infos e inscrições: instagram.com/ casadecinemanegrochicaxavier

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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