CULTURA
Com 17 embaixadores africanos, Bahia celebra Novembro Negro na Concha
Evento marcou a sanção do projeto de lei que impede condenados por racismo a ocupar cargos públicos
Por Matheus Calmon

Os tambores e vocais da Yayá Muxima embalaram o público presente na Concha Acústica do Teatro Castro Alves ao som do hino 'Sorriso negro'. Esta foi a primeira atração da noite de celebração ao Novembro Negro.
O evento, inicialmente marcado para o início do mês, mas adiado devido às fortes chuvas, reuniu 17 embaixadores de diversos países africanos, que se reuniram a autoridades públicas baianas em um espaço na plateia.
Estiveram presentes embaixadores representando África do Sul, Mali, Mauritânia, Camarões, Moçambique, Nigéria, Gana, Zimbábue, Togo, República Democrática do Congo, Guiné-Bissau, Malawi, Costa do Marfim, Gabão, Quênia, Namíbia e Tanzânia.
O evento marcou a sanção do governo do estado ao projeto de lei que veda nomeação de condenados por racismo ou injúria racial em cargos públicos. A autora do projeto, deputada estadual Fabíola Mansur, frisou que a luta antirracista deve ser diária.
"Essa luta emancipatória e civilizatória. Esse é um governo que defende igualdade racial. Como branca, digo que a Bahia é negra e a gente não pode se privar dessa luta antirracista".
Quem também marcou presença na celebração, comandada por Koanza, personagem de Sulivã Bispo, foi o Bando de Teatro Olodum, que saudou figuras como Zumbi dos Palmares, Maria Felipa, além de quilombos e terreiros e convocaram todos os povos a repensar a ancestralidade.
Martin Mbeng, chefe da delegação de países africanos, pontuou que a celebração é importante não só para a Bahia, mas também para o continente africano.
"Queríamos nos juntar à Bahia para celebrar esse momento. É uma viagem à nossa ancestralidade. Aprendi hoje que aqui na Bahia tem dendê. Nós identificamos muitas coisas em comum entre África e Bahia. Só os conectados pela história, geografia, culinária, acarajé, óleo de dendê, moqueca e muito mais coisas. Compartilhamos a energia que vocês tem no coração. Queremos que saibam que a África é como a Bahia e vamos trabalhar juntos".
Titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e Dos Povos e Comunidades Tradicionais, Angela Guimarães ressaltou que o racismo é, além de um problema da população negra, um problema de toda a sociedade.
"Foi preciso pioneirismo, coragem, convencimento para enfrentar as barreiras que nos são impostas. É graças a política de cotas que conseguimos dobrar a presença negra no interior das universidades. Hoje é dia de celebrar com cultura, música, teatro".
Na ocasião, o governador Jerônimo Rodrigues assinou os decretos que autorizam o edital Concha Negra e sancionou a lei estadual que veda nomeação de condenados por racismo a ocupar cargos públicos na Bahia.
A noite foi marcada ainda por apresentações da Banda Didá, do bloco Ilê Aiyê, Cortejo Afro com Tonho Matéria, Ana Mameto e Dão Black.
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