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05/07/2023 às 5:15 - há XX semanas | Autor: Eugênio Afonso

CULTURA

Críticas de peças baianas são documentadas em livro de Marcos Uzel

Registros foram feitos entre 1992 e 2010 e veiculados em cadernos de cultura de jornais locais

Aninha Franco, 
Rita Assemany e Fernando Guerreiro, autora, atriz e diretor da comédia ’Oficina Condensada’
Aninha Franco, Rita Assemany e Fernando Guerreiro, autora, atriz e diretor da comédia ’Oficina Condensada’ -

“Anote aí!” (bordão da professora Ivone Brandão, personagem da atriz Rita Assemany na peça Oficina Condensada). Hoje, às 19h, na Aliança Francesa, o jornalista, escritor, crítico de teatro e professor Marcos Uzel lança o livro Teatro na Bahia – 80 Críticas (Edufba).

Com o intuito de deixar registradas – como documento histórico – as críticas das peças de teatro realizadas de 1992 a 2010 – todas escritas, sempre em um tom extremamente delicado, por ele – Uzel quer “fazer o teatro permanecer para além do aplauso e do fim de uma temporada”, como diz um trecho da abertura do livro.

“O objetivo é perpetuar no tempo um conjunto significativo de produções cênicas do teatro baiano que estiveram em cartaz numa época de ouro, tornando perene esse conjunto de fazeres teatrais e servindo de material de pesquisa para futuras gerações de estudiosos”, conta o autor.

Para isso, ele selecionou críticas veiculadas em cadernos de cultura de jornais locais em que trabalhou, além de ter revisitado textos de outras peças que não chegou a publicar em periódicos, mas que considerou relevante deixar registrados no livro. Como bom pesquisador do teatro baiano, ele tinha tudo arquivado no computador e na memória.

“O fazer teatral é efêmero. Se não tivermos documentos que o registrem, que o fixem na história, gerações futuras não tomarão conhecimento do que veio antes, de quem sedimentou o caminho para depois passar adiante o bastão. É o registro de memória que eterniza todo um passado para que isso não se perca”, confirma Uzel.

Estão lá as peças Oficina Condensada, Os Cafajestes, Ó Paí Ó, Equus, Bispo, A Mulher sem Pecado, Ensina-me a Viver, Seu Bonfim, Boca de Ouro, Abismo de Rosas, Calígula, O Cego e o Louco, Carne Fraca, A Bofetada, Divinas Palavras, dentre tantas outras.

São espetáculos que representam o período recortado no livro. “Levei em consideração aspectos como a presença de nomes da tradição do teatro baiano que ainda atuavam e que já não estão mais entre nós, os que estavam chegando, o êxito de artistas em monólogos consistentes, as companhias teatrais e a diversidade estética e de linguagens trabalhada por encenadores consagrados, traços bem característicos da cena baiana nesses anos”, detalha o jornalista.

Período de ouro

O autor fez um recorte do período que considera de ‘riqueza inestimável’ para o teatro baiano – exatamente as décadas de 1990 e 2000. Um tempo marcado por intensa produção criativa, além de grande diversidade de propostas estéticas e de linguagem. Época em que, segundo Marcos Uzel, o teatro se tornou a segunda expressão cultural mais popular de Salvador.

“Esse foi o período em que atuei como crítico teatral na imprensa baiana. Vivenciei de perto essa época de intensa produção criativa, com grande receptividade de público, com a revelação de talentos que permaneceram nos palcos”, comenta o jornalista.

Artistas do naipe de Wagner Moura, Laila Garin, Lázaro Ramos, João Miguel, Edvana Carvalho e Wladimir Brichta surgiram justamente nesta época, mas Uzel também reverencia a longevidade cênica de veteranos como Harildo Déda, Yumara Rodrigues, Nilda Spencer, Mário Gusmão, Wilson Mello, Haydil Linhares, Carlos Petrovich, Fernando Fulco. Alguns, claro, já não estão mais entre nós.

Preservação

Além deste livro, Uzel é autor também de Nilda: a Dama e o Tempo (biografia da atriz Nilda Spencer, 2021), Poéticas de Marcio Meirelles (2020), Guerreiras do Cabaré (2012), A Noite do Teatro Baiano (2010) e O Teatro do Bando (2003).

Mas ele não está sozinho neste ofício de ‘preservador’ do teatro baiano. “O professor Raimundo Matos de Leão tem publicado livros de grande importância para a memória da cena baiana, a atriz Jussilene Santana também tem feito um trabalho lindo de manutenção da memória do diretor Martim Gonçalves, fundador da Escola de Teatro da Ufba. O saudoso crítico teatral Clodoaldo Lobo deu mais outra contribuição importante com o livro Memória de uma Crítica Encantada (2013). Não posso deixar de citar também Teatro na Bahia Através da Imprensa (1994), de Aninha Franco, um livro-referência”.

E, diferente de cinema, literatura, artes plásticas, TV e música, o teatro é arte efêmera e viva. Por isso, a importância de eternizar esses momentos. Críticas teatrais são documentos históricos, que cumprem o papel de agente determinante na preservação dos bens culturais que os artistas do palco produziram. Estas histórias precisam ser contadas para que possam passar de geração em geração.

Uzel diz que é função da crítica ser um instrumento reflexivo que torna perene o fazer teatral. Que um dos propósitos de Teatro na Bahia - 80 críticas é servir como um ponto de fixação da arte na história.

Mas reconhece que houve um refreamento dessa prática nos cadernos culturais da imprensa baiana nos últimos tempos. “O que temos hoje, basicamente, é a apreciação espontânea de espetáculos postada por espectadores nas redes sociais”.

Na orelha do livro, a atriz e diretora baiana Hebe Alves (Uma Vez Nada Mais), afirma que Uzel ampliou a dimensão crítica de forma decisiva quando passou a publicar livros de inegável relevância para o teatro baiano, e que esta obra é mais uma grande contribuição que ele nos dá.

Ultimamente, Uzel tem sido o nosso principal “guardador de memórias” quando se trata de teatro baiano. Ainda bem que ele reconhece a importância de salvaguardar esse acervo e se propõe a isso. O público, os artistas e os que entendem a grandeza e a importância das artes cênicas agradecem, afinal o teatro é fundamental para a cultura de uma nação.

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