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XIII Jornada de Dança da Bahia começa nesta quinta-feira no TCA

Publicado quinta-feira, 11 de novembro de 2021 às 06:07 h | Autor: João Gabriel Veiga*
Verso e Reverso, da Escola Contemp. de Dança e Lori Belilove | Foto: Patricia Carmo | Divulgação
Verso e Reverso, da Escola Contemp. de Dança e Lori Belilove | Foto: Patricia Carmo | Divulgação -

Tomando conta dos palcos do Teatro Castro Alves e dos Largos Terreiro de Jesus e Cruzeiro de São Francisco, no Pelô, começa nesta quinta-feira, 11, a 12ª edição da Jornada de Dança da Bahia.

O evento, com programação gratuita, é promovido pela Escola Contemporânea de Dança, e traz em sua programação espetáculos de dança, bate-papos abertos ao público, oficinas e residência artística.

O tema da edição deste ano mantém a tradição do evento de citar a musa inspiradora da ECD, a coreógrafa californiana Isadora Duncan: “quem não experimentar, não entenderá copiando”. Para Fátima Suarez, diretora do projeto, essa frase encapsula o espírito da Jornada em 2021. “A escolha desse tema vem um pouco daquilo que os professores e artistas da dança viveram nesses dois anos de pandemia”, explica Fátima.

“Foi uma coisa online. Começou de repente e a gente não estava preparado para estar ali dando aquela aula online, para tantas pessoas estarem nos copiando. E como essas pessoas estavam fazendo isso, e o que elas vão fazer com isso no futuro? É toda uma questão que não é só da Jornada, mas de todos os artistas que estão nesta situação pós-pandêmica. E de fato quem não experimentar, não entenderá copiando”, diz.

Fátima descreve o retorno presencial da Jornada como um alívio. “A dança é algo corpóreo mesmo. É difícil para as aulas quando você tá lá na telinha, na sua sala de dança, mas seu aluno do outro lado está numa situação de falta de liberdade total. Às vezes as pessoas estão passando dentro de casa. Eu tenho aluno que faz aula no corredor”, conta.

A diretora conta que, antes da Jornada, participou de uma formação itinerante de professores. “Visitamos quatro cidades: Manaus, Belém, Natal e Recife. Eu fui a louca da pandemia, fui para Manaus passar teoria. E essas pessoas que vivenciaram essas coisas estão vindo. É uma sensação muito linda poder reencontrá-las, dessas pessoas de partes diferentes do Brasil poderem se encontrar e da gente ter um equipamento como é o do TCA, com salas gigantes, segurança”, relembra. Em suas próprias palavras, “é uma sensação muito boa, de coragem, de articulação e de vitória sobre tudo isso que aconteceu”.

No entanto, nem tudo foram flores. Fátima também reconta as dificuldades enfrentadas nos últimos dois anos dentro e fora da sua Escola. “Nossos alunos reduziram em 70%. Quem trabalha com criança não conseguiu trabalhar online, porque as crianças, principalmente as menores, não se adaptaram ao formato. Foi bem difícil para todo o setor das escolas de dança. Elas foram guerreiras”.

“Mas ao mesmo tempo, houve uma coisa boa. Todo mundo percebeu que sem arte, não dá! Sem arte, não tem como viver. Que sirva de lição para que nos valorizem um pouco mais no futuro”, diz.

Jornada de movimentos

Na noite de abertura, a Jornada tem início às 20 horas com o espetáculo Verso e Reverso, da Escola Contemporânea de Dança e da coreógrafa norte-americana Lori Belilove, e Memória das Águas, do baiano João Perene. O evento se estende até segunda-feira (15). Outro espetáculo que integram a programação são a tradicional Mostra INVEX - Invente Experimente, que reune 15 apresentações de jovens dançarinos, e a coreografia Abaixo do Equador (do pernambucano Sérgio Galdino).

Além destes, estão no itinerário as apresentações Querendo... (do grupo Entre Nós, do Rio Grande do Norte), Fulaninhas’4, (do Grupo X de Improvisação em Dança da Bahia) e Ah, se eu fosse Marilyn (coreografia do baiano Edu O.). O encerramento, ao ar livre, no Terreiro De Jesus, trará os resultados da Residência Artística em Dança por Mônica Lira (PE).

Para Fátima, o processo de curadoria foi uma obra aberta. “A Jornada se faz enquanto ela se faz. A curadoria não é algo previsto, como o tema, ela se faz ao longo do ano, nos lugares que eu vou, com as pessoas que a gente vai encontrando nas formações em outras cidades, daqui da cidade de Salvador… A gente vai garimpando e construindo junto com as pessoas. São pessoas que fomos encontrando ao longo do caminho e foram se identificando com esse tema, com essa coisa da experimentação”, elucida.

Ela vê na Jornada algo que o próprio nome do evento adianta: um caminho a ser trilhado. “A Jornada é pensada como uma ação estruturante. Ela é pensada na educação, no professor, no artista, no aluno. Ela quer que o professor tenha essa mentalidade aberta, que isso no futuro tenha uma ação transformadora. A Jornada esse ano já teve como contrapartida a inserção de mais de 30 bolsistas na Escola Contemporânea de Dança. Essa turma que tá vindo ai é o futuro”, conclui a organizadora.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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