VISUAIS
Artistas Carlos Vergara e Anderson AC abrem exposições individuais
Em deleite visual em dobro, artistas ocupam a Paulo Darzé Galeria a partir desta terça-feira
Por Tiago Freire*
A Galeria Paulo Darzé inaugura duas novas exposições nesta terça-feira (8). No primeiro andar será apresentado a mostra Pinturas Recentes, do artista Carlos Vergara. Já para a inauguração do terceiro andar, será exposta Alvorada, do artista baiano Anderson AC.
Ambas as mostras serão inauguradas às 20h e estarão em cartaz nesta temporada até o dia 10 de dezembro, com a entrada é gratuita.
Carlos Vergara detalha sobre a escolha e montagem da mostra. Combinando tanto trabalhos novos quanto antigos. Mais especificamente, buscou juntar duas linhas de trabalhos, Natureza Inventada e Prospectiva.
“Nessa exposição há duas séries de trabalhos. A primeira é Prospectiva, que foi o nome da minha última exposição no Museu de Arte Moderna (RJ), em 2019/2020. Nela estão concentradas as monotipias, que é uma técnica de impressão muito simples, em que se consegue a reprodução de um desenho numa prova única”.
“A outra série, que chamo de Natureza Inventada, é composta por pinturas, gravuras e esculturas que buscam uma nova abstração a partir de uma ideia de natureza. Em ambas as séries a questão principal é dar um novo uso para a beleza. Causar uma surpresa, um susto, um despertar”, afirma Vergara.
Diálogo com a História
O artista conta que se inspira em diferentes sítios históricos para criar suas obras: “Há obras iniciadas, por exemplo, no Cais do Valongo, redescoberto durante as obras olímpicas no Rio de Janeiro, onde desembarcaram milhões de escravizados africanos. Em outras imprimi os trilhos dos bondes de Santa Teresa, onde fica meu ateliê, e mesmo outras produzidas aqui mesmo em Salvador, no piso histórico do Pelourinho”, relata Carlos.
“Nos trabalhos mais recentes eu crio uma abstração a partir de memórias, fotografias e desenhos livres da natureza. Haverá também algumas esculturas e gravuras produzidas com as próprias esculturas, nessa mesma prensa do meu estúdio”, detalha.
Já Anderson AC conta sobre como a construção de Alvorada começou a partir de um episódio de violência em sua vida, o qual levou às mortes de seus pais e irmão. O artista relaciona sua trajetória artística àquele momento, que teve um enorme impacto na sua produção.
“Além dos trabalhos novos, há trabalhos mais antigos, que originaram isso tudo. Dentre alguns estão os da série Raiar após a noite escura, que são trabalhos de 2009 de colagem, mas que disseminaram todo esse processo. Essa série de trabalhos, depois que aconteceu tudo, eu decidi rasgar elas todas por completo”, relata.
“Depois que eu retalhei essas telas, eu usei o tecido delas para poder reconstruir as obras e fazer novas, assim como muitos jovens pretos que nem eu tentam reconstruir sua própria história após serem vítimas da violência”, afirma.
Nessa trajetória, Anderson foi incorporando elementos de outras exposições, como as pinturas da série Diário de Bordo, que foi exposta na Europa, e também Astronautas de Sodré. “Esta última explora minha relação com a fotografia. Além das pinturas novas, eu quis trazer esses trabalhos anteriores para situar o público em todo essa poética que vem me acompanhando desde o começo”, conta.
Multimídia
Ambos artistas carregam consigo a ideia de não prender-se a um só meio artístico. Ambos artistas buscam expressar-se além do que a pintura permite. Esse desejo pela nova forma leva à exploração de novos meios e ao aprendizado de novas técnicas.
“Trabalho como gravador, pintor, escultor e fotógrafo desde os anos 1960. Costumo dizer que ao fazer arte se apresentam duas questões: o que dizer e como dizer”, pontua Carlos Vergara. “Então a realização de um trabalho consiste em você ir gradativamente construindo a imagem, ou o objeto, e para isso você poderá contar seu repertório de técnicas mas nunca para se repetir pois a graça e a criação está justamente em causar em você mesmo a surpresa que pretende causar no público”.
Anderson também compartilha da visão de Carlos. O pintor também adiciona como ter transitado por várias fases e vários meios adquiriu um novo olhar para ele sobre como trabalhar com a pintura.
“Eu realmente tenho essa carga multimídia, e ela é um processo que é da minha trajetória, que teve muitas fases. Tive momentos com fotografia, grafite etc. Eu sou um artista urbano, mas meu trabalho é essencialmente de pintura. Mas diante dessa ótica e da minha trajetória, eu venho propondo novas construções poéticas para a linguagem da pintura”, aponta.
“Apesar dos trabalhos serem bidimensionais e terem aspectos de pintura, não são exatamente pinturas convencionais. Mas é um trabalho que depende de muitas outras mídias. Tive muita influência da fotografia e do grafite em especial. Isso me ajudou a colher o que eu hoje acho que são trabalhos bem complexos e completos”, finaliza.
* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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