EXPOSIÇÃO
Exposição virtual marca inauguração de novo espaço cultural no Rio Vermelho
Por Iasmim Moreira*
Apesar do contexto pandêmico que limita as atividades culturais, Salvador ganha mais um espaço dedicado às artes. Um antigo casarão no bairro do Rio Vermelho, conhecido como Casa Rosa, um espaço construído no século XX para abrigar eventos literários, agora retoma as atividades.
Sob gestão da Associação Viração, o espaço fará uma inauguração online, na quinta-feira (20), às 20h, com a abertura do site oficial (casarosasalvador.com.br) e da exposição virtual Benção, com obras de mais de 60 artistas do cenário baiano.
Com curadoria da mestra em artes visuais Isabel Gouvêa e da diretora artística do Balé do Teatro Castro Alves (BTCA) Rose Lima, a mostra traz artistas já consagrados e alguns que estão no início da trajetória. Entre os nomes estão: Adenor Gondim, Alberto Pitta, Alex Simões, Bel Borba, Daniela Steele, Davi Cavalcanti/VJ Gabiru, J. Cunha, Márcia Ganem, Mariana David, Pedro Alban, Péri, Rogério Sampaio.
Com a força do sincretismo baiano, Rose afirma que a mostra vem com o objetivo de "pedir licença" para que o novo espaço possa funcionar.
"O mote da exposição é pedir uma passagem. Pedir para que a cidade possa receber a casa, e que os habitantes da região do Rio Vermelho possam ver a casa como referência. Sobretudo, é para pedir proteção e bênçãos ao universo. Afinal, estamos no Rio Vermelho, com aquele mar cheio de sal e própria da divindade que habita nele para nos ajudar", conta Lima.
Para prestar homenagem às divindades das águas, o veterano artista plástico e fundador do Cortejo Afro, Alberto Pitta, ofereceu duas telas da exposição Desalinho. São estampas feitas para orixás, que estavam no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em 2019, e hoje fazem parte do acervo pessoal do também artista plástico Vik Muniz.
"Eu encaminhei duas estampas. Uma das telas é para Oxum e a outra para Iemanjá", conta Pitta.
A artista visual Daniela Steele traz uma obra coletiva para a exposição. Intitulada Rosa Ion (Por um fio), a instalação é feita com um fio de luz neon em forma de rosa em dimensões variáveis.
"A coletividade nesse trabalho se deu com a interferência da performance na exposição Ocupa Jardim, no Museu de Arte da Bahia (MAB), em 2018, feita pela pesquisadora na área de dança, Ludmila Pimentel, acompanhada da artista Andrea May, que criou a trilha sonora improvisada utilizando discos quebrados de vinil", explica Daniela.
Sobre o sentido dado à obra, Steele acrescenta: "A obra fala de amor e paixão que, assim como as flores, nascem e morrem com a luz do tempo. Tem um começo e um fim como tudo que existe, por isso pensamos no estar por um fio. A rosa surgiu para acalmar a alma, libertar sonhos e lembrar que há mais caminhos a percorrer".
Diversidade
O novo espaço, por enquanto, funcionará remotamente. Além da exposição virtual disponível no site que será inaugurado, também haverá bate-papo no projeto Resenhando na Casa Rosa, no Instagram @casarosasalvador.
"Vamos conversar um pouco sobre essa experiência que estamos passando na pandemia. Uma reflexão que leva para o pensamento mais holístico. O homem nas três dimensões: espírito, corpo e mente", antecipa Rose.
"A gente está aprendendo muito, trabalhando com a cultura dentro deste cenário de pandemia. A arte salva, a arte cura e isso é um paradigma que já temos estabelecido. Na verdade, o que queremos é juntar pessoas que possuem esta mesma certeza de vida para poder começar a se mobilizar em torno deste ideal", complementa Lima.
Com proposta de ser um espaço multilinguagem, a Casa Rosa irá disponibilizar o teatro Cambará, o pátio Viração, a galeria-foyer, a sala Rosa e o café-bar.
"Para além do objetivo de propiciar arte e cultura, a Casa Rosa é um espaço que tem interesse em agregar, em conversar, em ser um lugar para moradores do Rio Vermelho, visitantes, pessoas de toda a cidade", pontua Rose.
Daniela Steele acredita que a abertura da exposição, neste novo espaço, chega em boa hora para movimentar os artistas.
"O momento é desafiador, e, como diz o título, muito bem colocado pela curadoria da exposição, pedimos bênção, pedimos licença e proteção, exaltamos e agradecemos por participar desse lindo projeto que nos felicita e saúda. Aproveitamos para deixar os nossos agradecimentos a esse presente recebido", expressa Steele.
Alberto Pitta compartilha do mesmo sentimento. "Não tenho a menor dúvida quanto à importância deste casarão. Gosto da iniciativa das pessoas que estão à frente do projeto, além de ser mais uma opção para a cidade neste momento difícil. Acho importante estar fazendo parte disso", conclui.
*Sob a supervisão do editor Eugênio Afonso
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