LITERATURA
Autor descreve com realismo e poesia vida de Marilyn Monroe
Por Mariana Paiva

Assim que o nome Marilyn Monroe é pronunciado, dois terços do mundo pensam em sua imagem mais célebre: a loira que tenta segurar o vestido suspenso pelo vento. O restante das pessoas lembra da atriz cantando parabéns para o presidente Kennedy, cheia da intimidade que só os amantes têm.
Ícone do jornalismo literário e duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer, Norman Mailer apostou em construir sua própria imagem da atriz. Munido de técnica e talento, o escritor mescla em seu texto realismo e poesia para falar de Marilyn.
O livro foi lançado em 1973 e chega às livrarias em nova edição pela Record. Uma das contradições que Mailer escolhe evidenciar em seu retrato de Marilyn é sua relação com o sexo: apesar de ser um símbolo sexual, a estrela considera o sexo desnecessário.
Polêmicas - O ponto mais polêmico do livro, entretanto, parece ser a sugestão apresentada por Norman Mailer de que órgãos como a CIA e o FBI tiveram participação na morte de Marilyn, tudo por conta do envolvimento da atriz com o presidente John Kennedy.
Sobre o assunto, Mailer escreveu: "Se pudesse ser assassinada de modo a parecer um suicídio causado por desespero amoroso, que ponto de pressão contra os Kennedy isso poderia se tornar! Assim, podemos estar autorizados a falar em motivo para assassinato. Naturalmente, encontrar provas é outra questão".
A morte de Marilyn entrou para a história como suicídio, devido à ingestão exagerada de barbitúricos no dia 5 de agosto de 1962.
Atração - O interesse de Norman Mailer por Marilyn transcende o literário: fica evidente, pela descrição que ele oferece da estrela, que o escritor sente-se atraído por ela. Mesmo que, em determinados momentos, se refira a Marilyn como uma mulher manipuladora, que soube usar seus atributos em favor do que desejava.
No meio da biografia, Mailer arrisca alguns palpites sobre Marilyn, como o possível motivo da recusa em casar com o milionário Johnny Hyde. "Embora tenha sido bastante calculista em vários atos de sua vida e bastante hábil em antecipar forças futuras em sua carreira, de tempos em tempos também tinha, como observou Arthur Miller, uma espécie de altruísmo, e mesmo santidade", escreveu o autor.
Mailer também se refere, no primeiro capítulo, à infância vivida por Marylin no orfanato. Do outro lado da rua, em frente à construção, estavam sets de filmagem de um estúdio de cinema, o RKO. O mesmo no qual, 16 anos mais tarde, Marilyn faria o filme Só A Mulher Peca. Entre o talento e o destino, Mailer aposta nos dois, ao menos quando se trata de alguém como Marilyn Monroe.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes