LITERATURA
Bienal do Livro Rio celebra 40 anos e é reconhecida como patrimônio
Programação da 21ª edição começou nesta sexta e segue até 10 de setembro, com cerca de 300 autores
Por Thais Seixas*

São 40 anos de história, incentivo à leitura e fomento ao mercado editorial. A 21ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro foi aberta nesta sexta-feira, 1º, no Riocentro, onde segue com uma programação de palestras, mesas, encontros e lançamentos, reunindo cerca de 300 autores até 10 de setembro. São esperados 600 mil visitantes, incluindo moradores da capital, estudantes e visitantes de outras partes do país.
A cerimônia de abertura foi realizada no Pavilhão Azul, com a presença do prefeito do Rio, Eduardo Paes, o governador em exercício, Thiago Pampolha, o secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, que representou a ministra Margareth Menezes, além de outras autoridades e profissionais do setor.
"Nas últimas quatro décadas, a Bienal sempre se portou como um espaço de vanguarda, preocupando-se com o desenvolvimento da cultura do país. Hoje, lançamos nossos olhares para o uso ético da inteligência artificial, para garantir os direitos dos autores. Esperamos que esta edição seja o marco de um novo momento para o mercado editorial, que enfrentou momentos difíceis no passado recente. Lutamos contra tentativas de tributação do livro, além de impensados ataques ao PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático). Para os autores, a Bienal é muito mais que a venda de livros, é a oportunidade de conexão com as dezenas de fãs", revela o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Dante Cid.

Homenagens
Além de celebrar os 40 anos, a Bienal do Livro também lembra a trajetória de um personagem icônico do imaginário infantil: a Mônica, criada por Maurício de Sousa há 60 anos. O desenhista participa de três mesas, incluindo encontros com o público infantil e a participação no painel que contempla toda a trajetória do evento literário.
Já a grande homenageada desta edição é a escritora Ana Maria Gonçalves, autora do livro ‘Um defeito de cor’. A obra inspirou a criação do samba-enredo da Portela para o Carnaval do Rio em 2024, e também foi tema de uma exposição que acabou de sair do Museu de Arte do Rio (MAR) e vai passar por Salvador.

Ao receber a homenagem, Ana Maria Gonçalves enfatizou que o mercado editorial brasileiro ainda precisa de mais diversidade. “Apesar de ter se modificado para acolher a diversidade da literatura, o mercado editorial continua sendo controlado por homens brancos, héteros e cis. Me incomoda o fato de eu ter sido a oitava escritora negra a publicar um romance no Brasil. Acho que a gente precisa prestar atenção em quais histórias estamos contando. Que a minha presença aqui hoje se dê por essas ausências, esses romancistas negros, indígenas e LGBTs, que durante muito tempo ficaram ausentes deste mercado.
Prêmio José Olympio
Entregue desde 2015 na solenidade que dá início à Bienal, o Prêmio José Olympio desta edição foi para a coordenadora-geral dos Programas do Livro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Nadja Cézar Rodrigues, que citou o poema “O livro e a América’, de Castro Alves, para falar sobre a importância da literatura.
“Essa homenagem é muito significativa, porque o Prêmio José Olympio é uma marca definitiva na minha alma. Significa que não estamos sós e vale a pena lutar pela leitura. Esse prêmio foi entregue a outras pessoas representativas em nosso país, como Maurício de Sousa e a ministra Carmen Lúcia, por isso é uma grande responsabilidade”, destaca ela.
O secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, aproveitou a entrega do prêmio para exaltar a importância do PNLD para a cultura do país. “Essa Bienal traduz os quatro eixos do Plano Nacional da Leitura, e neste ano homenageia o PNLD. São 85 anos de um programa, uma política de estado que promove o acesso ao livro nas escolas. Paulo Freire disse que a gente aprende a ler para escrever a própria história. E a leitura é um ato de transformação de vidas e realidades”, afirma.
Patrimônio
A própria Bienal ganhou também uma homenagem. Isso porque o prefeito Eduardo Paes entregou o documento que a reconhece como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. E nada mais carioca do que terminar a cerimônia com samba. A Portela animou o público e saiu em cortejo pelo pavilhão, finalizando a programação da primeira manhã da Bienal. Ainda hoje, às 17h, acontece o painel “40 anos de Bienal: uma celebração”, com a participação de Maurício de Sousa, Ruy Castro, Talita Rebouças, Ana Maria Machado, Clara Alves e Rosa Maria Araújo.
*A jornalista viajou a convite da organização da Bienal do Livro
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