LITERATURA
Biografia conta em detalhes a vida de Chacrinha
Por Gisele Ramos

"Quem não se comunica se trumbica". E assim fez o maior comunicador do rádio e da televisão brasileira, o Chacrinha. Com personalidade irreverente, Abelardo Barbosa conquistou uma nação com sua popularidade.
A biografia de Chacrinha, lançada pela editora Leya, no final do ano passado, narra a história de uma das figuras mais importantes do entretenimento brasileiro.
Em pouco mais de 360 páginas, o livro traz, em detalhes, diversos episódios, desde o nascimento, passando por percalços financeiros, contratos profissionais, sucesso na carreira, desentendimentos com artistas e diretores de TV, até suas criativas e popularescas ideias.
O autor Denilson Monteiro, junto com o escritor e roteirista Eduardo Nassife, recolheu um vasto material, resultado de pesquisas de textos e imagens, além de entrevistas com aqueles que, de forma direta ou indireta, fizeram parte da trajetória do apresentador.
Linguagem e estilo
As curiosidades presentes no livro fazem com que o leitor se sinta não somente próximo de Chacrinha pela marca do seu televisor ou prato de comida favorito, como também se identifique com a sua origem nordestina.
"Eu não me contento só em dizer 'nasceu, cresceu, morreu'; às vezes uma pequena frase que a pessoa disse é de suma importância, pois expressa uma particularidade e torna aquela pessoa mais real, não uma instituição", explica o autor.
Para Denilson, que já escreveu outras biografias com estrutura semelhante, esta opção de linguagem é um estilo literário que garante uma leitura mais leve, prazerosa e humana. "Quem abrir as páginas do livro vai encontrar a história de um lutador, um sujeito que enfrentou muitas dificuldades e que se tornou importante porque criou um estilo próprio, uma irreverência que não havia na TV nem no rádio", conta.
Mito da comunicação
O nome Chacrinha surgiu por conta do sucesso do programa de músicas de carnaval Rei Momo na Chacrinha, em 1943, na Rádio Fluminense.
Criador da famosa frase "na televisão, nada se cria, tudo se copia", o apresentador alcançou popularidade, sobretudo, com os programas de calouros na TV, tendo revelado grandes nomes da música brasileira.
Como relata o livro, importantes nomes passaram pela buzina do debochado comunicador, como Fagner, Joana, Beth Carvalho, Jorge Ben, Nelson Ned, Wanderléa, Moraes Moreira e Fábio Júnior. E bordões como Teresinha!, Vocês querem bacalhau? , Eu vim para confundir, não para explicar! ocupam até hoje a memória de muitos brasileiros.
Chacrinha continua sendo fonte de inspiração para muitos programas e apresentadores de televisão, mas ele possuía uma característica rara para os dias de hoje, diz Denilson Monteiro. "Hoje em dia vemos comunicadores que se colocam acima do público, querendo impor o que deve e o que não se deve ver e ouvir", explica.
Para o biógrafo, o diferencial de Chacrinha é que ele não tinha a vaidade de achar que o público era algo irrelevante no seu programa e, por isso dava-lhe importância. "O Chacrinha sabia o que o público gostava e, por isso, sabia como agradá-lo".
Biografia
Nascido no dia 30 de setembro de 1917, na cidade de Surubim, interior de Pernambuco, Abelardo Barbosa mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida.
Sua história foi repleta de intensos momentos, sendo que muitos podem ser encontrados em sua biografia. Desde sua estreia na TV Tupi, com a Discoteca do Chacrinha, sua passagem pela TV Rio, Rede Globo, retorno à Tupi, passando pela Bandeirantes e, até enfim, voltar à Globo, nas tardes de sábado.
Chacrinha faleceu em 30 de junho de 1988, de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória. O caixão, que dentro carregava uma de suas buzinas, foi coberto pelas bandeiras do Vasco da Gama e da Portela.
Se a cultura do entretenimento deve à televisão, esta deve - e muito - a Chacrinha: nordestino de sotaque carregado e voz rachada, roupas coloridas, uma buzina pendurada no pescoço e que fez história no país.
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