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LITERATURA

Dia do Leitor: após fechamento da Saraiva, livrarias menores ocupam espaços em Salvador

Por João Gabriel Veiga*

07/01/2021 - 8:35 h
Tradicional livraria baiana, LDM também vê o futuro em 2021 com esperança
Tradicional livraria baiana, LDM também vê o futuro em 2021 com esperança -

O fechamento repentino das quatro lojas da Saraiva no final de setembro deixou um grande espaço vazio entre o mercado e amantes da leitura — tanto metafórica quanto literalmente. O que foi visto na época como uma crise de mercado em escala nacional, no entanto, se apresentou como uma oportunidade para as livrarias menores, que enfrentaram um final de 2020 cheio de mudanças.

Para alegria dos leitores, que comemoram o Dia do Leitor nesta quinta-feira, 7, dois desses espaços já foram preenchidos em dezembro. A loja do Shopping Barra passou agora a sediar a recém-chegada sergipana Escariz. Soteropolitano de nascença, Paulo Escariz mora há quarenta anos em Aracaju, onde abriu sua primeira banca de revistas na garagem da tia de sua esposa — empreendimento que se tornaria com o passar dos anos uma rede de bancas, depois uma loja no primeiro shopping center da cidade, e depois uma franquia de livrarias. "Eu me acostumei a ver Salvador repleta de livrarias, e de repente, ouvir falar que a cidade ia ficar praticamente sem livrarias foi muito chocante", ele conta, relembrando Salvador.

"Foi tudo muito rápido, mas estamos muito felizes de estar aí. Para mim, em especial, é um prazer muito grande estar voltando", comemora.

Paulo conta que vinha observando o cenário local de longe, e já traçava uma estratégia para expandir a Escariz. "A gente sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento, só não imaginava que eles iam fechar as quatro lojas de vez", ele explica.

Já o espaço no Shopping da Bahia, agora é lar da Leitura — que fechou recentemente uma de suas lojas no Bela Vista. Porém, o plano de expansão da livraria, que abriu sua primeira loja na cidade em 2011, no Salvador Norte, não para por aí. Liliane Zebral, sócia-gerente da Livraria Leitura, conta que o primeiro semestre desse novo ano reserva mais novidades para a rede.

Além da nova loja no segundo piso do shopping, há planos para assumir um segundo ponto no mesmo endereço. "Uma loja maior, com um café… Estamos com uma perspectiva de ter uma adega dentro, igual à loja do Rio de Janeiro. Um espaço para sediar eventos, fazer lançamentos, coisas que já fazíamos nos espaços menores", ela conta, e também diz que está em negociação para abrir lojas em outros dois shoppings de Salvador.

Com lojas menores pela cidade, a tradicional LDM também vê o futuro em 2021 com esperança. Luana Maldonado, gerente de comunicação da livraria, no entanto, lembra que é difícil prever o futuro em meio à pandemia. Ela relata que a loja do cinema Glauber Rocha tem sofrido com a instabilidade do funcionamento dos cinemas.

"2021 chega com a esperança da vacina, que é a única coisa que vai ajudar mesmo. Tantas pessoas já teriam uma vida normal, uma rotina normal, mas temos um governo que não se organiza", ela diz, refletindo sobre a importância das políticas públicas no comércio: "Continuamos apreensivos por causa do cenário que a gente vive no Brasil. Vamos retomar todo nosso planejamento assim que possível, quando tivermos mais certeza do nosso contexto".

Chegando de mansinho

O que essas três lojas têm em comum é serem empreendimentos locais, visando uma escala menor e menos agressiva. Em seus discursos, há ênfase na importância de estar presente onde se atua. Para quando a circulação de pessoas retornar ao normal, há planos de sediar eventos com escolas, realizar lançamentos de livros e estreitar laços com a comunidade da cidade.

"As pessoas abraçam a gente ser uma rede de livrarias 100% baiana. Se você for nas nossas lojas, você encontra os grandes lançamentos, mas também de editoras menores, independentes", diz Luana.

"Não somos só mais uma livraria que vende best-sellers. Acredito que o fato delas saberem que estão apoiando uma livraria baiana motive a comprar conosco", ela diz sobre a parceria que ela descreve como fundamental com o público baiano.

Suas palavras ecoam na resposta de Liliane, da Leitura, que afirma que é essencial ter uma gerência "que trabalha no piso": "A gente consegue personalizar o atendimento na região porque entendemos melhor a demanda do mercado, estamos com o cliente. Estamos sempre nos diversificando de acordo com a demanda do público, essa é a nossa diferença".

Essa postura, antítese da postura agressiva de grandes franquias, busca conseguir surfar no que pode ser uma maré de boa sorte. Segundo o Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa feita pelo Instituto Nielsen, o mercado literário brasileiro encolheu 20% nos últimos 14 anos, mas tem mostrado um crescimento entre 2019 e 2020. Mensalmente, o volume de livros vendidos no país tem estado numa crescente desde outubro.

"A gente já passou por muitos momentos de incerteza se o livro físico ia acabar ou não, e hoje sabemos que tá cada vez mais firme", afirma Paulo, confiante. Ele vê um lado positivo no "novo normal": o crescimento constante de vendas no país todo a cada mês da quarentena sugere que mais pessoas estão retomando o hábito da leitura.

Para acompanhar essa mudança, é preciso estar atento e saber atender o público que está por perto. "Queremos interagir com a comunidade, estar presente no ambiente de literatura de Salvador. Quando chegamos aqui, nossa prioridade é atender quem vai na loja, e quem mora na região, com nosso serviço de entregas", diz Paulo. A LDM também fortaleceu seu delivery durante a pandemia, entregando os livros diretamente aos lares dos leitores.

Inevitavelmente, a Internet surge como uma terra de promessas a ser explorada. Luana descreve a relação da LDM com as redes sociais como satisfatória: "Construímos nossa identidade e ao mesmo tempo fazemos vendas". Ela conta que, com investimentos redobrados em 2020, a livraria conseguiu seu alcance digital.

Para Liliane, estar presente nos meios digitais é essencial, mas não se deve perder de foco a importância dos espaços da vida real: "A Internet é um canal de venda, mas não somos nós sem as lojas físicas. Nós acreditamos na loja física". Afinal, a livraria é, para Paulo Escariz, "um lugar de encontro, um lugar pra tomar um café, e as pessoas gostam de ter esse ambiente dos livros, do cheiro dos livros".

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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