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17/04/2024 às 15:39 - há XX semanas | Autor: Chico Castro Jr.

ASTRONAUTA LIBERTADO

Dos anos 70, contos de Arnaldo Baptista saem em edição completa

Em Ficções Completas o então jovem Arnaldo exercitou seu gênero literário preferido: a ficção científica

Textos foram escritos nos anos 1970
Textos foram escritos nos anos 1970 -

Artista múltiplo, autor de canções geniais da música popular brasileira, Arnaldo Baptista nunca se acomodou em rótulos. Fosse ao lado de seu irmão Sergio e Rita Lee n’Os Mutantes ou na carreira solo, ele sempre transcende e surpreende. Não seria diferente em Ficções Completas, livro que reúne dois contos e uma novela, todos criados depois de sua saída da mítica banda.

Não se prender a rótulos, contudo, não é o mesmo que rejeitar gêneros. Em Ficções Completas o então jovem Arnaldo exercitou seu gênero literário preferido: a ficção científica. Os contos são O Abrigo e The Moonshiners. No primeiro, um homem e duas mulheres empreendem fuga de um planeta Terra tornado inabitável. No impagável The Moonshiners, dois humanos e duas alienígenas formam uma espécie de comuna flower power interplanetária – mais anos 1970, impossível.

A narrativa mais longa é Rebelde Entre os Rebeldes, um épico com batalhas e colônias espaciais. Única parte anteriormente publicada em livro, esta novela volta neste volume com um novo tratamento editorial. “A edição de texto da (editora) Rocco é muito bem feita, muito competente no que se propõe, e é importante ressaltar isso. Só que a escolha deles foi simplesmente diferente da nossa”, conta Felipe Melhado, da Grafatório Edições.

“Eles trabalharam para deixar o texto um pouco mais fácil, mais ‘digerível’, eliminando certas idiossincrasias próprias do Arnaldo. Foram feitas por exemplo algumas mudanças na narrativa para torná-la mais coesa, e certos nomes de personagens foram inventados. (...) No nosso caso, optamos por fazer uma edição bastante fiel ao original, apenas com uma boa preparação de texto e as revisões simples, que todo livro passa. Com isso, procuramos conservar a singularidade da escrita do Arnaldo, entendendo suas peculiaridades – muitas vezes desconcertantes – como parte do projeto estético e literário que ele concebeu”, detalha o editor.

A propósito, vale um elogio à edição atual, feita por esta pequena casa editorial de Londrina (PR), com design de capa diferenciado, com lâmina metalizada e toda cheia de furinhos, através dos quais lemos o nome do livro e ilustrações belíssimas – atribuídas ao Supercomputador Horácio, inteligência artificial que comanda a nave-lua Phobos, de Rebelde Entre os Rebeldes.

Imagem ilustrativa da imagem Dos anos 70, contos de Arnaldo Baptista saem em edição completa
| Foto: Divulgação

Cadê meu disco voador

Por email, Arnaldo conta que, na época em que escreveu esse material, andou lendo a Bíblia e pensou em escrever sua própria versão: “Teve uma época na minha vida que eu queria ser padre para evitar o serviço militar. Foi quando eu li e reli a Bíblia e, em alguns trechos, eu deixava me levar pelo lado psicodélico, como no sonho de José. Então, tentei fazer uma Bíblia do meu jeito, e foi isso que me levou adiante”.

Publicar nem passava pela sua cabeça naqueles verdes anos: “Fui levando com o fluir: enchia o caderno e deixava de lado. Mais tarde, eu organizava tudo no sentido de redação, métrica de livro, mas não tinha nada de intencional”, relata.

O jornalista Jotabê Medeiros, autor de biografias para Raul Seixas, Belchior e Roberto Carlos, assina o texto de apresentação, no qual assinala a originalidade à toda prova de Arnaldo: “Nessas histórias, mundos morrem, mundos nascem, entram em colapso e morrem de novo. Os textos se valem de um delicioso hibridismo de dramaturgia, recheado de informações técnicas automobilísticas, sociológicas, esgares da linguagem de consumo, cultura pop e manuais técnicos de linha de montagem. O autor desenvolve um ritmo narrativo que encontra raros pontos de comparação com o que já existe na literatura brasileira”.

Nessa toada, Arnaldo se vale de toda sua criatividade e otimismo para imaginar, ainda nos anos 1970, um futuro no qual a energia limpa nos levará mais próximos da transcendência do mundo do capital: “Sim, as pessoas vão evitar de fazer o que o Jimi Hendrix falou, da Terra ter uma maldição: todo mundo gosta de queimar, não importa onde esteja ou quando. A Idade do Fogo, na qual a Terra está, atualmente. Então, com a compreensão desta maldição, o pessoal iria evitar carros à gasolina, fogões a gás, não elétricos, e isso iria criar um sentido de mais homogeneidade”, acredita.

“Além disso, também o vegetarianismo, o lado de entender, compreender os animais. Seria bom a gente poder viver sem ter que matar os outros. Afinal, de onde viemos? Das estrelas. Onde estamos? Nas estrelas. Para onde vamos? Para as estrelas. Ultrapassando a velocidade da luz”, conclui Arnaldo.

Nada mais coerente para quem já escreveu versos como “Venho me apegando aos meus sonhos / E à minha velha motocicleta / Não gosto do pessoal da Nasa / Cadê meu disco voador”?

Ficções Completas / Arnaldo Baptista / Grafatório/ 226 páginas/ R$ 79 / Vendas: grafatorio.com

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