"VOANDO ENTRE SONHOS"
Escritor baiano lança primeiro livro na Bienal do Rio de Janeiro
Adriel Bispo, de 16 anos, já é conhecido nas redes sociais como influenciador literário
Por Da Redação
Após sofrer ataques racistas nas redes sociais, o influenciador literário baiano, Adriel Bispo, decidiu escrever livros e inspirar outros jovens como ele. Durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que acontece entre os dias 1 a 10 deste mês, o jovem de 16 anos lançou o seu primeiro livro intitulado de “Voando entre sonhos”.
Adriel que é nascido e criado na periferia de Salvador já inspira mais de 442 mil pessoas nas redes sociais, falando sobre livros e as suas experiências com bibliográficas.
“Eu tinha um trato com a minha mãe que a cada livro que eu lia, ganhava um brinquedo. Foi assim que comecei a gostar de ler. Quando tinha 11 anos, li meu primeiro livro por espontânea vontade, que foi “O Pequeno Príncipe”. Escrevendo, eu posso atingir muitas pessoas e isso que me motiva. Minha vida mudou muito desde que comecei a escrever. Já fui em várias escolas e espero que esteja influenciando as crianças”, diz Adriel, que já está escrevendo seu segundo livro pela editora Record.
Autores de periferia
Conciliando os estudos com trabalho, o escritor Henrique Rodrigues, que cresceu em Seropédica, região metropolitana do Rio, sonhava em publicar a sua primeira obra literária, sendo assim, rascunhava desde então algumas linhas que se tornaram publicações de poesia, crônica, romance e obras para crianças e jovens. Atualmente, Rodrigues possui 24 livros publicados.
“Fui aluno de um Ciep e ganhei um concurso de frases em 1989. Ali tive o incentivo de uma professora e descobri que escrever era o que queria fazer da minha vida. Continuei trabalhando, mas não desisti de ser escritor”, lembra o autor, que é doutor em Letras e trabalha como gestor cultural na área da literatura. Henrique já teve um romance adotado em escolas de todo o país e traduzido na França e foi finalista do Prêmio Jabuti com “Rua do Escritor: crônicas sobre leitura.
Este ano, ele lança “Áurea” na Bienal do Livro do Rio, que celebra 40 anos com uma programação intensa e que promete guardar lugar na memória afetiva das pessoas.
Até o próximo domingo, cerca de 600 mil pessoas devem passar pelos pavilhões do Riocentro, na Barra da Tijuca. São mais de 200 horas de programação e a participação de 380 autores, além de 300 editoras.
De moradora de rua à professora universitária com livro na Bienal
Clarice Fortunato é uma mulher negra, professora, pesquisadora, feminista e doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina, que passou fome e viveu na rua. Suas histórias e dores são inspiração para o livro “Da vida nas ruas ao teto dos livros”, uma autobiografia, que virou romance pela editora Pallas e está sendo vendido na Bienal do Livro Rio.
“Eu sou de uma família de origem humilde. Meu pai morreu quando eu tinha 5 anos e minha mãe ficou cega. Passamos a morar na rua e a vida foi assim por quatro anos. Passamos fome, mas a fome que mais me doía era do conhecimento porque não ia para a escola. Aos treze anos, perdi minha mãe e fui morar na casa de uma família. Decidi contar a minha história porque queria discutir questões como os danos causados pelo racismo e machismo e as questões de desigualdade social”, conta Clarice.
Já o escritor e contador de histórias Otávio Júnior, morador do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, conta que o primeiro livro que teve acesso na vida estava no chão da favela. Ali ele se fez uma promessa de que as crianças na região teriam um contato diferente com a literatura. Pela terceira vez na Bienal o Livro Rio, ele distribui autógrafos e participa de atividades no Espaço Infantil.
“A literatura me ajudou bastante para que meus sonhos ganhassem corpo. Hoje faço uma retrospectiva e lembro de mim há 20 anos, um menino sonhador, que via na literatura uma grande possibilidade de mudança de chave na vida. Eu me preparei ao longo dos anos pra fazer a promoção de literatura nos complexos da Penha e Alemão e ganhei o apelido de Livreiro do Alemão”, conta Otávio Júnior, que é autor de 18 livros publicados como “Da minha janela”, de 2019, e “De passinho em passinho”, de 2021, ambos pela editora Companhia das Letras.
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