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Fábula enfatiza a importância do respeito às diferenças e o valor da amizade

Publicado segunda-feira, 12 de outubro de 2020 às 08:03 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Eduarda Uzêda
Autora norte-americana Katherine Applegate: livro edificante | Foto: David Paul Morris | Divulgação
Autora norte-americana Katherine Applegate: livro edificante | Foto: David Paul Morris | Divulgação -

Hoje,  no Dia das Crianças, aqueles que não são tão pequeninos, já sabem ler ou estão perto da puberdade ganham uma boa notícia: no próximo dia 27, chega ao mercado, pelo selo da editora Intrínseca, o livro Árvore dos Desejos, da autora norte- americana Katherine Applegate.

Trata-se de  uma publicação bem cuidada. Além de capa dura e belíssimas ilustrações de Charles Santoso, a edição  também traz fitinhas que remetem  à árvore que é descrita no livro: um carvalho centenário, de cor vermelha  da espécie Quercus rubra e de grande porte, que serve como suporte de vários desejos. Os pedidos são colocados nela através de fitinhas ou pedaços de panos ou papéis coloridos. 

Tradição em vários países como Índia, Japão, Coreia e China, a árvore dos desejos mobiliza o coração de muitas pessoas. Vale lembrar que em Salvador alguns adeptos do candomblé promovem na noite do dia 22 para a madrugada do dia 23 de novembro uma atividade que consiste também  em amarrar as  árvores da capital baiana com tecidos sagrados usados nos cultos afro-brasileiros (os ojás). 

Além de pedidos de  paz e proteção aos terreiros, a iniciativa já foi utilizada em protesto à intolerância e à violência praticada contra religiões de matrizes africanas. Claro que no culto afro há uma cerimônia para o orixá Iroko, onde há amarração nas árvores, mas isto é outra narrativa.

A trama

A trama de Árvore dos Desejos traz uma fábula que, além de sinalizar para o respeito à diferença e o valor da amizade, também aborda a coragem de se posicionar contra normas estabelecidas quando o objetivo é defender quem está em perigo, quem está  precisando de cuidado, quem é desprotegido.

Na história, a árvore que se chama Red está  acostumada a ouvir as pessoas fazerem os mais diversos pedidos, as mais diferentes solicitações sob sua frondosa copa de mais de duzentos anos. Escrito na primeira pessoa, é ela que conta sua vida. "As árvores dos desejos têm uma história longa e nobre, datada de séculos atrás. Há muitas delas na Irlanda: na maioria das vezes são pinheiros, mas às vezes  também são freixos. Contudo, você pode encontrar uma árvore dos desejos em todos os cantos do mundo", afirma a representante do reino vegetal no livro.

"A maior parte das pessoas que me visitam são gentis. Parecem compreender que um nó apertado demais pode acabar me impedindo de crescer da maneira  de que preciso. Elas são delicadas com as minhas folhinhas recém-nascidas, cuidadosas com as raízes aparentes. Depois de escrever seu pedido em um retalho  ou pedaço de papel, as pessoas o amarram em um dos meus  galhos. Costumam repetir o desejo em um sussurro enquanto deixam sua oferenda", relata a árvore.

"O dia tradicional para fazer pedidos é 1º de maio, mas as pessoas vêm o ano inteiro. Minha nossa, já escutei cada coisa. Desejo um skate. Desejo um mundo sem guerras. Desejo uma semana de céu limpo e sem nuvens. Desejo a maior barra de chocolate do mundo. Desejo tirar dez em geografia". E por aí vai....

Solidão comove

Numa certa noite, a árvore vermelha fica comovida ao ver uma menininha de nome Samar, uma imigrante que se muda para o bairro e que é recebida com muita hostilidade, fazer um pedido: ela deseja muito ter um amigo.

Para ajudar a garota, Red convoca a melhor amiga, a corva Bongô para auxilia-la nesta árdua tarefa. Não é da natureza das árvores se intrometer na vida dos humanos, mas Red vai fazer de tudo para que o desejo da menina vire realidade e para combater a xenofobia. 

O desenrolar da história vai trazer à luz outros amigos da árvore, a exemplo de gambás e passarinhos, que vivem nas cavidades ou buracos dela.

E vai mostrar também que a  própria árvore sofre um grande perigo.

Natureza

A  publicação Árvore dos Desejos tem também o mérito de apontar para um outro olhar para a natureza, falar da importância da memória e mostrar que o ser humano é movido por desejo e sonhos. Que podem ser simples.

Alguns baianos, ao ler a história das  árvore de fitas amarradas vão se lembrar do gradil da Basílica do Senhor do Bonfim, onde as chamadas medidas ou fitinhas são também atadas, guardando inúmeras súplicas. O que acende que a fé e a esperança caminham com a humanidade, junto com as tragédias e os obstáculos.

Em tempo de coronavírus, vale mentalizar e pedir por dias melhores. E para as crianças e adolescentes, vale refletir sobre preconceitos e para a importância de não abandonar os sonhos. Belo livro, que encanta pela delicadeza.

Imagem ilustrativa da imagem Fábula enfatiza a importância do respeito às diferenças e o valor da amizade
 

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