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MÚSICA

Caixa Guilherme Arantes celebra 40 anos de carreira do compositor

Por Chico Castro Jr.

02/11/2016 - 8:10 h | Atualizada em 02/11/2016 - 10:21
Guilherme Arantes em praia do Litoral Norte da Bahia
Guilherme Arantes em praia do Litoral Norte da Bahia -

Talvez a rapaziada millenial, até pelo excesso de informação, ainda não tenha a exata noção de quem é Guilherme Arantes. A recém-lançada caixa Guilherme Arantes 40 anos - De 1976 a 2016 certamente não deixa dúvidas: o paulista é um mestre da música pop.

Frequentemente comparado ao inglês Elton John – influência admitida pelo músico –, até pela companhia inseparável do piano, ele tem toda a sua obra reunida na caixa, desde o primeiro álbum, Guilherme Arantes (1976), até o mais recente, Condição Humana (2013), mais um inédito, Compactos e Raridades (2016).
São 22 CDs, mais um livreto escrito a mão pelo próprio Guilherme, detalhando memórias das composições e gravações de cada álbum.
Um deles, Ronda Noturna (1977), sequer havia sido lançado em CD e só existia em LP de vinil, sendo considerado “maldito” pela flagrante estética de rock progressivo, então já em decadência – apesar de já trazer o hit Amanhã.
Álbum inédito exclusivo da caixa, Compactos e Raridades reúne faixas que não saíram nos álbuns, como Xixi nas Estrelas (do musical infantil Pirlimpimpim 2), Deixa Chover (da trilha da novela Baila Comigo), Planeta Água (defendida no concurso MPB-Shell 81, da Rede Globo), etc.
É uma obra grandiosa, que reafirma a estatura de Arantes na MPB. Em sua seara, só sua contraparte carioca, Lulu Santos, pode ser considerado um concorrente à altura.
Processo trabalhoso
Feliz pela realização e pela estrada percorrida, Guilherme conta que o processo de confecção da caixa foi trabalhoso, porém gratificante.
“Foi um trabalho bonito em conjunto com a Sony Music. Deu um trabalhão pra juntar tudo e pode até ter passado alguma falha, mas é um negócio tão grande compilar todos os masters (fitas originais)”, conta, por telefone.
“Porque tem que garimpar os masters não adulterados. É que na passagem do analógico para o digital nos anos 1980, 90, se cometeu uma série de equívocos. O pessoal meteu muito compressor, alterou a dinâmica das músicas. Então muitas estavam com o som achatado por compressores. Isso aconteceu geral, com todo mundo”, relata.
Exigente quanto à qualidade do áudio, ele lembra que mesmo os discos de vinil produzidos no Brasil não eram de boa procedência.
O Ronda Noturna não tinha sido digitalizado jamais, é uma espécie de disco maldito, cultuado por colecionadores de sebo. Só que o problema dos vinis que estão nos sebos é que a massa era ruim, misturada com asfalto para baratear o custo da matéria prima. Então ele pipoca muito, tem uma fricção com a agulha“, conta.
“A remasterização digital dá essa oportunidade de ouvir tudo limpinho, pela primeira vez”, reitera Guilherme.
Para acompanhar o lançamento da caixa, o músico está produzindo uma série de documentários em vídeo, disponíveis no YouTube, contando suas memórias.
Produzido em sua casa/estúdio Coaxo do Sapo, aqui mesmo no Litoral Norte baiano, a série As Histórias terá sete temporadas, cada uma abrangendo um período de sua carreira. A primeira, que cobre os anos de 1974 a 1977, já está disponível e tem cinco vídeos de sete a dez minutos cada.
“Esse ano, casei com uma baiana, a Márcia. Estamos juntos há dez anos, aí casamos no Clube Espanhol. Mas minha casa era bem casa de músico, meio esculachada, não tinha móvel direito, bem básica de artista. Não tinha ar-condicionado, tapetes... nunca dei muito valor para isso. Aí eu disse pra Márcia: ‘preciso de um cenário no estúdio para eu contar minha história”, relata.
Com o auxílio da esposa, Guilherme preparou o cenário para os vídeos: “Comprei uns móveis, sofá, mesinha de centro, tapete liso, um lustre. Na sala maior, onde estão os pianos, reuni um modelo de cada tipo, pois eu queria todos em uma sala só: o de cauda, o de armário, o Rhodes (piano elétrico) , o (teclado) Wurlitzer, o CP 70, o Minimoog, o órgão Hammond e o cravo, que é uma aquisição meio bizarra, tipo barroco”, enumera.
Multitarefas, como ele mesmo gosta de se definir, foi tocando ao mesmo tempo a remasterização da caixa, o roteiro dos vídeos e até o texto do livreto. “É todo a mão, na minha caligrafia. Como você sabe, a caligrafia traz os detalhes da personalidade, diz muito sobre cada pessoa. É um presente a mais para os fãs, pesquisadores e jornalistas que se debruçam sobre a história do artista”, acredita.
“Eu acho que a imprensa em geral, as TVs, têm um problema de espaço, de não se deter nos detalhes ínfimos, as pequenas preciosidades. Como a secretária da Som Livre, quem era? É detalhe, mas marcou minha vida. Foi ela que chegou pra mim e falou: ‘sua música (Cuide-se Bem, de 1976) entrou na novela’ (Duas Vidas). Essa pessoa existe. Quem ajudou? Quem torceu por mim? Quem chorou no estúdio, quem são os músicos, os técnicos, os auxiliares, quem tocou cello? Tudo isso passa batido”, afirma.
Mudanças tecnológicas
Um outro detalhe interessante que se percebe ouvindo a caixa é como a tecnologia mudou tudo na música dos últimos 40 anos, da sonoridade dos instrumentos aos métodos de gravação. Como não poderia deixar de ser, o deslumbre com os novos teclados dos anos 1980, hoje defasados, se destacam nessa constatação.
“No livro, eu descrevo o disco de 1983, Ligação, que foi meio equivocado. Ele tinha uma boa canção, Pedacinhos, meio black bossa, que foi fantástica. Mas no resto do disco eu tentava repaginar meu som para o eletrônico. Foi a chegada das baterias eletrônicas e eu demorei para dominar isso. Nesse disco, isso deixou a desejar”, diz.
Ele lembra de um hit internacional da época, Steppin’ Out, do norte-americano Joe Jackson, “o som que era para eu estar fazendo. Era muito inspirado, foram os anos em que surgiram o Spandau Ballet, Duran Duran, os movimentos new romantic, new bossa, o Style Council, que era uma coisa bem politizada. Mas muita coisa eu não assimilei, não dei o melhor de mim”, admite.
Nada disso porém, diminui a importância de Guilherme e o amor dos seus fãs. No dia 20, ele se reencontra com o público baiano no show de lançamento da caixa, na Concha Acústica. “É um show completo, de 2 horas e meia. Vai ser emocionante, até por ter escolhido a Bahia pra viver. Tenho uma ligação forte com esse lugar que aprendi a amar”, conclui.
Serviço
O que: Show Guilherme Arantes 40 anos - De 1976 a 2016
Quando: Dia 20 de novembro, 19 horas
Onde: Concha Acústica do Teatro Castro Alves
Ingresso: R$ 40 (meia) e R$ 80 (inteira) / Camarote: R$ 80 (meia) / R$ 160 (inteira)
CD: Guilherme Arantes 40 anos – De 1976 a 2016 / Guilherme Arantes / Sony Music
Valor: R$ 509,90
Site: www.guilhermearantes.com.br

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