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30/01/2023 às 6:00 - há XX semanas | Autor: Tiago Freire*

MÚSICA

Ian Lasserre segue explorando sonoridades inusitadas, porém familiares

Cantor baiano apresenta novo projeto, 'Meu Único Medo É Primavera'

Ian: "Este é um álbum de coragem, não podemos parar para só ficar copiando coisas"
Ian: "Este é um álbum de coragem, não podemos parar para só ficar copiando coisas" -

Com mais de 15 mil ouvintes mensalmente e mais de 500 mil plays em apenas uma música, o artista e compositor baiano Ian Lasserre lança um novo álbum. Seguindo o êxito do anterior, Átimo, que ficou entre os 100 melhores discos da World Music Charts Europe, o cantor apresenta novo projeto, Meu Único Medo É Primavera. Com lançamento sexta-feira passada, o trabalho traz alguns dos singles já lançados por Ian, além de diversas novas músicas.

Descrito por ele como um álbum de “reinvenção”, Meu Único... teve um papel determinante na jornada pessoal durante a produção. O cantor ressalta dois principais aspectos: o peso da pandemia e uma experiência de reflexão que o artista teve enquanto morou na Chapada Diamantina.

Ian conta que o título veio ao beber o chá Ayahuasca. Ele revela ter pensado “tenho medo de Primavera” durante a experiência. O músico então usou a frase como base para desenvolver a ideia para o que depois viria a ser o álbum.

“Na época eu não sabia se seria um disco ou o quê. Eu fiz um poema baseado na experiência, porque me atrai o lado reflexivo da linguagem poética, e quando eu estava morando na Chapada eu desenvolvi essa ideia e a ressignifiquei, como o medo da estagnação”, conta.

Lasserre lembra que inicialmente iria passar alguns meses na Chapada, porém, com a gravidade crescente da pandemia, ficou por lá dois anos.

Foi durante a temporada no interior baiano que Ian desenvolveu outro tema do álbum: o contraste entre a vida urbana e a rural. Por consequência desse contraste, o compositor buscou trazer outras reflexões.

“Eu morava em São Paulo e antes do lockdown pensei em ir à Chapada passar uma temporada, e fiquei dois anos morando por lá. O álbum teve muito dessa parte do aprendizado que tive na Chapada Dimantina, fora do frenesi de São Paulo e das metrópoles, essa mudança do centro para um lugar rural. É uma outra visão existencial da vida, e o álbum está baseado nisso”, detalha.

“Nesses anos de afastamento e reflexão – todo mundo tem reflexões de existência, o que é importante – eu fui abrangendo outros assuntos que já me acompanhavam nos álbuns anteriores, que é a busca da ancestralidade, de descobrir quem somos. Além disso, foi um período em que a gente da classe artística estava sendo bombardeada, existiram certas atividades que tiveram um atentado daquele governo fascista. Esse álbum traz não só uma perspectiva rural da vida, mas também de resistência, um contragolpe, uma provocação a essa tentativa de apagar e silenciar a gente”, explica.

No sentido da resistência a esse apagamento, Ian observa que todo inverno um dia acaba: “É um álbum que fala de resistência, amor, de ver que, independente dessa tentativa de silenciamento, a primavera chega, mesmo a contragosto de pessoas poderosas, daí Meu Único Medo É Primavera”.

Na cadeira de produção

Nos dois álbuns anteriores, Sonoridade Pólvora e Átimo, Ian Lasserre fez parceria com o produtor sueco Sebastian Notini. Este terceiro disco marca a estreia do cantor na cadeira de produtor. Para cumprir a missão, ele contou com o apoio de Rafa Castro, pianista, cantor e compositor.

Lasserre, hoje já de volta a São Paulo, ressalta que trabalhar na produção com Castro foi um “desafio maravilhoso”. O principal, dirigir várias equipes e precisar ser mais incisivo nas decisões da produção.

“Se eu não tivesse trabalhado com Sebastian antes, eu jamais teria dirigido esse álbum. Foram diversas equipes que eu trabalhei, cada uma com um background diferente. Fiquei muito feliz com essa nova forma de produzir, tomar decisões, precisar ter aquela segurança. Geralmente quando se é artista, você se nega muito, tem crise etc. Mas ser produtor me exigiu firmeza e decisão, não fazer a qualquer custo, mas ter crença. É ser que nem o Dom Quixote, ver os moinhos e acreditar que são gigantes e seguir com isso”, conta Ian.

Essa nova posição também coincidiu com uma busca por renovar o estilo musical, abraçando novos elementos e mexendo nos antigos, mas sem rejeitar a estética anterior.

“Essa reinvenção foi inevitável, toda essa conjectura pandêmica provocou isso em muita gente. Eu que sempre fui muito urbano tive essa mudança para um olhar do campo, que influenciou na feitura do álbum. Também queria renovar a minha estética e trazer uma nova leitura instrumental, de mensagem, e fazer algo diferente dos meus álbuns anteriores. Foi minha primeira vez trabalhando sem o Notini, que é alguém com um excelente senso estético, e busquei mudar com uma nova estética para minha música, não só no instrumental. A ideia de reinventar não foi de desgostar do antes ou querer rejeitar, mas experimentar novas formas de linguagem”, afirma.

Parcerias

Para a gravação do álbum, Lasserre contou não só com o apoio de Rafa Castro, mas também com diversas parcerias para várias faixas. Em Abraxas, contou com Flávio Tris, e em Voa Sim, com a participação de Sidmar Vieira. Na gravação também teve participação de Vitor Cabral, na bateria, Igor Pimenta, no baixo, e Conrado Goys, nas guitarras.

“Foi um desafio maravilhoso reunir essa diversidade de profissionais do Brasil todo. Sidmar Vieira iria apenas fazer um solo de trompete, só que além do solo ele veio com um arranjo completamente novo. Flavio me apresentou Abraxas, música dele, e quando comecei a trabalhar nela, ainda era uma incógnita. Quando eu gravei no meu disco, saiu algo completamente novo em relação ao que ele fez”.

Ele explica: “Eu trouxe uma rítmica e um groove mais baianos, mas que também não seguem um padrão, eu sinto que eu criei uma estética outra. Percebi que todas essas ideias que eu fui gravando foram muito bem abraçadas. É algo que realmente destoa dos nossos trabalhos anteriores”.

Ian crê ter chegado a um patamar diferente no novo trabalho. “Pode soar algo arrogante, mas eu genuinamente acredito que estabelecemos algo próprio, ao invés de fazer um mix, algo que falta muitas pessoas criarem, ter essa coragem de expor”. E define: “É um álbum de coragem, não podemos parar para só ficar copiando coisas”.

Por fim, Ian reflete sobre o saldo de Meu Único Medo É Primavera e onde ele fica inserido em sua carreira. Ele avalia que o novo álbum é mais um capítulo na trajetória estética de sempre querer inovar e renovar com as ferramentas disponíveis.

“Fora da curva”

Ian acha que foi bem-sucedido em trazer uma proposta nova para a carreira e a música dele, que é o objetivo. “Eu vejo que meus álbuns são pontos fora da curva. Eu tenho cara de pau, até por isso que meu trabalho muitas vezes foi rejeitado. Às vezes as pessoas dizem: ‘Quem é você’?. Eu sou eu e esse é meu trabalho! É o que eu acredito que me move, essa atitude de confiança, de ter cara de pau, é o que me move”, finaliza.

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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