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Xande de Pilares lança primeiro DVD, gravado há quase um ano

Publicado sábado, 10 de outubro de 2020 às 00:00 h | Atualizado em 10/10/2020, 10:50 | Autor: Vagner Ferreira*
Primeiro DVD de Xande de Pilares traz o sambista alegre e muito à vontade diante do sue público | Foto: Washington Possato | Divulgação
Primeiro DVD de Xande de Pilares traz o sambista alegre e muito à vontade diante do sue público | Foto: Washington Possato | Divulgação -

"Não existe lugar melhor do que estar nos braços do povo", diz Xande de Pilares, um dos principais cantores da atual geração do samba, fazendo referência ao título de seu primeiro DVD ao vivo em carreira solo, Nos Braços do Povo, lançado recentemente.

O disco foi gravado no ano passado, durante um show no Rio de janeiro. O lançamento está dividido em dois volumes: o primeiro já pode ser encontrado nas principais plataformas digitais; o segundo será disponibilizado a partir do dia 30 de outubro. Ambos com a promessa de seguir a linha de clássicos do samba.

O repertório mistura canções inéditas, ressaltando o papel de Xande também como compositor, além de agregar sucessos que impulsionaram o grupo Revelação, onde o sambista foi vocalista por quase 25 anos.

A aposta do DVD é no single Carreira Solo. A letra retrata as dificuldades enfrentadas durante os cinco anos em que Xande esteve fora da banda e as expectativas para viver um novo desafio. "Comecei consciente do caminho que teria pela frente. Eu vinha de um grupo com uma carreira muito sólida no cenário musical brasileiro", relata.

"O mais desafiador foi recomeçar, porque na banda, às vezes para interagir, você chama um companheiro que está do lado. Na carreira solo, eu olhava e não tinha ninguém, era só eu", complementa.

Com produção e execução pré-pandemia, o show conta com a participação da banda e o contato de proximidade entre o público e o cantor. Para Xande, o álbum chegará com o objetivo de dar uma reanimada na população em meio a esse período de incertezas.

"Isso não aconteceu à toa. Eu ainda tive tempo de gravar um DVD no formato original, o que pode ser um fator muito especial para enfrentar esses tempos difíceis de quem acha que está tudo perdido", diz.

Entre uma ou outra canção, ele buscou homenagear artistas consagrados ao estilo, que serviram como inspiração durante sua trajetória, como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho.

No palco, recebe ídolos e amigos para participações especiais. São eles: Jorge Aragão, Mumuzinho, Diogo Nogueira, Tiee, Marcelinho Moreira, Pretinho da Serrinha e a sua mãe, Dona Maura.

O canto de Dona Maura

Xande recorda que, quando jovem, sua mãe teve que optar entre seguir no universo da música ou viver a relação conjugal com o pai. Ela escolheu o casamento, mas, ainda assim, a música estava impregnada durante toda a rotina dela. "Se minha mãe tivesse optado pela música, eu não estava aqui hoje", diz.

O cantor define Dona Maura como uma das maiores inspirações, sendo ela uma das primeiras pessoas que ele viu cantar e uma das primeiras pessoas que o ensinou sobre música. O dueto simboliza uma das formas dele demonstrar sua gratidão.

"Tive a oportunidade de criar alguma história para ela cantar e se expressar para o público. Sempre tive vontade de homenagear a minha mãe de uma forma diferente. Não era só falar dela e falar para todas as outras mães, eu queria agradecer a ela em especial. Eu queria cantar olhando nos olhos dela e queria que ela se manifestasse também por meio da música. Foi uma experiência única mostrar a minha mãe de corpo presente apresentando todo o talento dela".

O artista e o público

Xande teve que se adaptar com as novas mudanças relacionadas ao cenário musical. Sem shows de modo tradicional, o cantor optou por adiar a turnê, ainda sem data determinada.

Ele defende o samba como um estilo do povo, tendo a aglomeração como uma das principais características. Ainda assim, não descarta a possibilidade de apresentar o DVD por meio de lives ou em formato de drive-in, mesmo acreditando que a conexão e a energia não será a mesma.

"Comecei aglomerado. Na minha época, no samba a gente tocava e o público em volta era responsável pela interpretação da música, cada um com a sua liberdade de tocar, com sua maneira. Ninguém estava preocupado com a afinação ou algo parecido"

"Daí eu saio para o palco e vou me adaptando, mas sempre com o apoio do público ali. A primeira live eu tive um baque. Estava cantando e tinha músicas que pediam respostas. Sem o público, as respostas não vinham", conclui, constatando as consequências da pandemia sobre a mecânica dos shows em lives.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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