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DO VIRTUAL AO PRESENCIAL

De volta à cena: teatro baiano busca retomada em meio a desafios

Artistas, produtores, diretores e educadores debatem cenário da arte na capital baiana

Por Bianca Carneiro

27/07/2022 - 6:15 h | Atualizada em 27/07/2022 - 8:28
Luiz Antônio diz que virtual pode ser empecilho para presencial
Luiz Antônio diz que virtual pode ser empecilho para presencial -

Os primeiros a parar. Alguns dos últimos a voltar. Na retomada em meio à pandemia, os profissionais do teatro em Salvador ainda tentam superar os fantasmas deixados pelo tempo de isolamento social. O desafio é grande e muitos são os problemas. Artistas, produtores, diretores e educadores ouvidos pelo Portal A TARDE citam os principais: sucateamento e falta de espaços adequados, ausência de políticas públicas e dificuldades em atrair o público.

A escassez de espaços é um dos principais pontos para o ator Sulivã Bispo, um dos maiores expoentes do teatro baiano atual. Ele, que conseguiu esgotar todos os ingressos na volta presencial da comédia ‘Koanza’, diz que deve o sucesso do espetáculo à presença nas redes sociais durante a pandemia.

“Eu consegui trabalhar bastante na pandemia, principalmente nas redes sociais. Me organizei muito também para poder estar no teatro agora, trazer Koanza sempre foi um sonho pra mim. Salvador está enfrentando um momento difícil, relacionado aos espaços de teatro, porque é muito complicado para eles se manterem, então temos muitos teatros em Salvador fechados, passando por dificuldade. Há dificuldade de encontrar pauta no teatro porque a gente não teve incentivo federal nenhum para manter os nossos espaços e o palco vivo”, explica ele.

O ator Sulivã Bispo esgotou ingressos com a volta da comédia "Koanza"
O ator Sulivã Bispo esgotou ingressos com a volta da comédia "Koanza" | Foto: Divulgação

O ator, diretor, cenógrafo, iluminador, figurinista, dramaturgo e escritor Gil Santana bem sabe disso, já que foi um dos que acabaram fechando o teatro durante a pandemia. Sem apoio ou patrocínio, tudo era custeado por ele no equipamento cultural, localizado no bairro do Rio Vermelho. “Nesse espaço, havia profissionais trabalhando, eu também preparava e empregava atores. O teatro estava se formatando ainda, já estava enchendo casa, quando começou a pandemia, e aí foi terrível porque tinha gasto um dinheiro imenso, fazia reforma por minha conta, porque a intenção era comprar o imóvel um dia. Foi um sonho que não se concretizou, a sensação foi de perda mesmo”, lamenta.

No entanto, Gil, que possui 40 anos de carreira e mais de 70 espetáculos na trajetória, se diz ainda esperançoso. Ele segue procurando imóveis enquanto trabalha em outros espetáculos e dá cursos. O que lhe motiva é a procura do público. “Meu teatro está desativado desde outubro, mas sempre tem duas, três pessoas me telefonando e perguntando pela programação no final de semana”, conta.

Ator e produtor Gil Santana fechou teatro durante a pandemia
Ator e produtor Gil Santana fechou teatro durante a pandemia | Foto: Divulgação

Colega de Sulivã Bispo em Koanza, o ator, diretor e produtor Thiago Romero é mais cauteloso e diz que ainda é cedo para avaliar a cena em Salvador. Aclamado pela direção de ‘Madame Satã’ e vencedor de diversos prêmios em teatro - o último foi ‘Nau’, eleito Melhor Espetáculo Adulto no Prêmio Braskem de Teatro -, ele reclama do pouco investimento no setor e faz uma alerta: as leis federais não são suficientes para garantir a retomada financeira.

“Acho que é um pouco cedo para entender esse cenário do teatro de Salvador, porque ainda estamos nesse processo da retomada. A pandemia está controlada, mas ainda está aí. É sempre muito delicado voltar aos palcos, a gente sofre os impactos desse tempo parado. Não se tem investimentos, onde captar, o que houve foram leis emergenciais. O que eu sinto é que existe um desejo e uma necessidade financeira de se retomar, mas a gente precisa entender quais são os modos disso acontecer”, diz.

“As leis emergenciais foram um suporte, mas não deram conta, então, essa coisa da migração para o audiovisual foi uma estratégia de urgência, não sei ainda se isso fica, se é um avanço ou um processo que fica na pandemia. Sei que muitas obras foram pensadas para esse formato, mas a gente tem ainda um processo muito complexo que é um pouco da falta de pensamento de políticas públicas que pensem essa retomada. As leis emergenciais não dão conta. O que me deixa feliz é ter a possibilidade de retomar, mas também fico muito reflexivo sobre que retomada é essa”, conclui.

Thiago Romero diz que ainda é cedo para avaliar a cena em Salvador
Thiago Romero diz que ainda é cedo para avaliar a cena em Salvador | Foto: Divulgação

Palco virtual

Para se segurar até a volta efetiva do público, os teatros precisaram modernizar seus palcos e apresentar os espetáculos de uma forma diferente. Esse foi o caso do Teatro Vila Velha, que apostou na criação de iniciativas como o web teatro ‘Vila Virtual’, como explica Marcio Meirelles, diretor do equipamento.

“A gente não podia parar de fazer teatro, tivemos de reinventá-lo. Agora, a gente está transpondo algumas das peças do virtual para um projeto presencial. Estamos fazendo “Do Outro Lado do Mar” - que vai reestrear em setembro aqui em Salvador, no Vila, e depois vai para o Rio de Janeiro - e tem ‘Os Três Pablos Guerreiros Contra o Dragão da Maldade’, que está em cartaz no Vila até 7 de agosto. São dois espetáculos criados pensando em utilizar ferramentas do audiovisual para fazer teatro neste palco virtual”, enumera.

Do virtual para a cena presencial, Marcio diz que ainda há um grande desafio para vencer: o desgaste na estrutura do teatro.

“Tiveram muitos prejuízos físicos, como infiltração, que a gente ainda não conseguiu recursos financeiros para corrigir. Além disso, todos os funcionários foram demitidos e agora estamos trabalhando com prestadores de serviço. A gente está reinventando o Teatro Vila Velha com essas transliterações do virtual para o presencial e tem uma programação mais enxuta do que era, com menos apresentações. O público tem comparecido, reagido bem, principalmente no início, quando a gente retomou o presencial, mas o que tem enchido o teatro é muito mais os contatos corpo-a-corpo, com pessoas de uma rede que a gente já tem construído. E agora a gente tá avançando para organizações sociais, de bairro. Várias comunidades têm trocado com a gente e participado de várias atividades no teatro, não só de assistir o espetáculo”, explica.

Campanha

E, nesta retomada, contar com a ajuda financeira de amigos é algo sempre bem-vindo. Criada antes da pandemia, a campanha Amigos do Vila Velha, na qual é possível doar valores a partir de R$ 1, tornou-se ainda mais importante após a pandemia. A arrecadação, realizada por meio da plataforma Padrim, no entanto, diminuiu, um reflexo da crise financeira atual.

“Quando começamos o projeto e também no início da pandemia, a gente tava arrecadando em torno de R$ 4 mil por mês, mas isso foi diminuindo ao longo da pandemia e, agora, a gente arrecada em torno de R$ 1.600. A gente entende que a capacidade financeira do brasileiro caiu bastante com a pandemia, graças às necropolíticas do governo atual”, pontua o diretor.

Por isso, Meirelles se diz preocupado em como chamar o público, para além da plateia fidelizada. Ele conta que o problema é anterior à pandemia e que a interação nas redes sociais ajuda, mas não é suficiente. “Precisamos atrair mais público. Acho que a gente tem uma fragilidade na comunicação, não sabe ainda lidar com isso. A gente percebe que, por exemplo, as redes sociais fazem as pessoas saberem que existe o espetáculo, comentarem, discutirem, mas não atraem o público. Nosso retorno financeiro tem sido da bilheteria. A gente ganha pouco, mas estamos fazendo nosso trabalho. É importante que a gente entenda e descubra como mobilizar mais público para nossos espetáculos”, pontua.

Agenda online

Outro grande equipamento cultural da Bahia, o Teatro Castro Alves criou o “TCA em Casa”, uma agenda online iniciada em março de 2020 e mantida até a retomada dos eventos presenciais. Segundo Rose Lima, diretora artística do Complexo do Teatro Castro Alves, mais de 200 mil pessoas acompanharam as ações realizadas desde então. Ela conta que a boa recepção do público persiste, apesar dos desafios.

“Em 2020, os espaços do Teatro Castro Alves funcionaram até 15 de março. De janeiro até esta referida data, a Concha Acústica recebeu quase 40 mil pessoas em 13 eventos; a Sala Principal, mais de 22,2 mil em 18 eventos; e a Sala do Coro, quase 2,7 mil em 28 eventos, totalizando quase 65 mil pessoas em 59 sessões de espetáculos em menos de três meses de programação do Complexo. Desde a retomada, os eventos têm tido bom público, com várias sessões de ingressos esgotados. Em 2022, até o momento, a Concha Acústica recebeu mais de 75,1 mil pessoas em 18 eventos; a Sala Principal, mais de 71 mil pessoas em 59 eventos; e a Sala do Coro, mais de 6,1 mil pessoas em 53 eventos, totalizando quase 153 mil pessoas em 130 sessões nestes seis meses e meio”, enumera.

O teatro segue a todo vapor. Em 2022, a Sala Principal e a Concha Acústica já receberam 77 sessões de variados espetáculos. Outros 38 espetáculos estão com vendas abertas e outras dezenas a serem anunciadas. Uma opção é o espetáculo teatral “Monólogo das Sombras”, em cartaz na Sala do Coro do TCA desde o início de julho.

Rose avalia os impactos deixados pela pandemia no TCA. De acordo com a diretora, apesar das perdas e inseguranças, o período também trouxe aprendizados para a equipe. “Algumas ações que migraram para a internet permanecem em formato online, como os Cursos de Iniciação à Música Sinfônica que, antes, se restringiam a alcançar 20 alunos de Salvador por turma e, hoje, atendem 370 pessoas de toda a Bahia e de outros estados, a cada temporada. Vimos nossa equipe se reinventar e se dispor a encontrar soluções para o que atravessamos. Percebemos que, mesmo diante de dificuldades, estaremos firmes”, afirma.

Marcio Meirelles é diretor do Teatro Vila Velha
Marcio Meirelles é diretor do Teatro Vila Velha | Foto: Divulgação

Bem-estar

Para além das preocupações com as condições físicas dos espaços, a falta de incentivos e as formas de como chamar o público, há ainda a necessidade de se pensar o bem-estar psicológico dos artistas e outros agentes culturais envolvidos nas produções.

O ator, produtor e gestor cultural Luiz Antônio Sena Jr. diz que é preciso considerar este novo contexto do teatro, em que o artista precisou estreitar suas relações com a câmera e a tecnologia. Para ele, o virtual pode ser algo que vem para ficar a longo prazo, mas que requer outros tipos de relações com o corpo, os espaços, e claro, a mente.

“Tem umas questões da fisicalidade e da corporalidade dos artistas, principalmente da cena, que é uma correria imensa para ensaiar, treinar, preparar o próprio corpo. A gente está falando de dois anos parados - ou se exercitando dentro da sua casa -, fazendo algo para a câmera, que é uma linguagem ainda menor, no sentido de criação mesmo, o gestual, físico, que não é tão amplo quanto o teatro. Fora as questões de ordem psicológica, que todos nós perdemos pessoas e ainda lidamos com sequelas desse vírus, é tudo muito novo”, considera.

No entanto, Luiz Antônio também avalia que o próprio fazer virtual pode dificultar a volta ao presencial, ao passo que o teatro por telas traz comodidade à plateia, que não precisa sair de casa para aproveitar o espetáculo.

"Muita gente questiona se isso é teatro ou não, mas eu acho que sim e acredito que é uma modalidade que não se encerra com o retorno à presencialidade. A nossa prática do teatro vem da presença, é do encontro entre plateia e artistas que a magia acontece. Não é que a tela impeça, mas acho que aí é outra abordagem, outro modo de fazer. As pessoas foram atraídas para um tipo de interação que se aproxima do streaming, tem um quê de conforto, então acho que a gente passa de novo por um processo de reconquista desse público para o presencial”, afirma.

Luiz Antônio diz que virtual pode ser empecilho para presencial
Luiz Antônio diz que virtual pode ser empecilho para presencial | Foto: Diney Araújo | Divulgação

Ensino do teatro

Jornalista e professora de teatro no Centro Cultural Sintonia, Laís Almeida conta que muitos estudantes desistiram das aulas na pandemia, mas que agora, a expectativa é de aumento nas matrículas para formar mais atores e atrizes. No espaço, ela oferece cursos de Canto, Teatro, Tv e Cinema, instrumentos musicais e, eventualmente, algumas danças. Para o segundo semestre de teatro, as matrículas estão abertas para as turmas aos sábados, às 9h30 e 14h, além de teatro infantil, às 12h.

“O período inicial da pandemia foi bem complicado para o Sintonia. Inicialmente, o impacto foi educacional, pois tivemos que adaptar todos os cursos para a modalidade online e manter a qualidade com aulas dinâmicas, sempre estimulando os estudantes. Nesse período, houve queda entre os interessados, principalmente devido à questão financeira. Agora, estamos tentando retomar nosso padrão, realizando aulões e muitas divulgações em redes sociais. E sentimos um aumento na quantidade de interessados, principalmente jovens entre 21 a 35 anos. Mas ainda estamos no caminho para alcançarmos a quantidade que desejamos”, aponta.

Laís defende uma ideia que é muito reforçada entre seus colegas do teatro: a de que o espetáculo virtual pode ser, sim, uma saída para a crise, mas que não é a solução.

“O espetáculo virtual funciona, atinge o público, permite que o artista em formação vivencie a experiência do palco, mas a experiência com o público é insubstituível, pois o teatro é uma arte efêmera, acontece exatamente naquele instante. Os improvisos surgem, muitas vezes, a partir da resposta da plateia. O artista precisa estar preparado para tudo e estar com a mesma disposição, seja no espetáculo virtual, presencial, independente da quantidade de plateia”, avalia ela, que torce para que o setor volte com força total.

A educadora Laís Almeida e sua turma de teatro em montagem do semestre
A educadora Laís Almeida e sua turma de teatro em montagem do semestre | Foto: Lucas Barral

Quem também mantém a esperança para o futuro é Sulivã Bispo. “Acho que o teatro nunca vai ser superado, porque é, além de arte, transformação. Toca como nunca, eleva, torna real o que não é. No teatro você vê o artista, consegue sentir a história com emoção. A troca de olhar está para além do que a gente vê. Precisamos aplaudir o teatro, reverenciar os artistas, o tablado”, conclui ele.

AGENDA

Confira alguns espetáculos em cartaz em Salvador neste final de semana:

“5 segundos”

Sinopse: Em território italiano, o baiano Rui se depara com um soldado alemão em pleno “teatro da guerra”. Esgotados, nem ele nem mesmo o oponente nazista dispõem de armas de fogo ou munição, mas carregam consigo o compromisso com ideais que, aos poucos, foram derramados com o sangue inimigo.

Data: 31 de julho

Horário: às 11h

Onde: Sala Principal do Teatro Castro Alves

Ingressos: Custam R$ 1 (inteira) e R$ 0,50 (meia) e são vendidos apenas no dia do evento, no local, a partir das 9h, com acesso imediato à plateia do teatro

“CASALS + PICASSO + NERUDA, Os Três Pablos Guerreiros contra o Dragão da Maldade”

Sinopse: Discute o papel das artes na luta contra o autoritarismo a partir dos exemplos de três grandes artistas do século XX que, além da coincidência do nome e do ano de falecimento (1973), também estão unidos pelo uso de suas linguagens (respectivamente, música, pintura e poesia) como armas para denunciar e combater a ditadura fascista do General Francisco Franco, na Espanha. O elenco reúne atores premiados como Jackson Costa, Lucio Tranchesi, Miguel Campelo e Hugo Bastos, e conta com a participação da coreógrafa e bailarina Cristina Castro, que atua como “A Espanha”, e também assina a direção de movimento do espetáculo.

Data: 30 e 31 de julho (sábado e domingo)

Horário: A partir das 16h

Onde: Teatro Vila Velha

Ingressos: Custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) no Sympla

Nunca Desista de Seus Sonhos

Sinopse: No espetáculo Nunca Desista de seus Sonhos, a psiquiatra Camila, enquanto estudante de medicina, assiste a uma palestra de Dr. Augusto Cury e toma a decisão de seguir os seus ensinamentos. Apesar de almejar uma especialização fora do país, protela a realização por vários motivos. A profissional é muito apaixonada pela sua área e auxilia seus pacientes, estimulando-os ao contar como homens brilhantes da história fracassaram e, ainda assim, foram persistentes e não desistiram de seus propósitos. A psiquiatra expõe seu lado humano ao confessar que tem um filho viciado em tecnologias e jogos digitais. Sua experiência com a problemática tão presente na atualidade faz parte do enredo. Ela também trabalha temas como depressão e ansiedade. Para superar seus desafios, Camila tem como aliada sua estagiária Helena, recém-formada em medicina psiquiátrica. A peça tem como pano de fundo passagens da vida do Dr. Augusto Cury, fonte de inspiração da protagonista.

Data: 30 e 31 de julho (sábado e domingo)

Horário: Sábado às 20h, Domingo às 19h

Onde: Teatro Jorge Amado

Ingressos: Entre R$ 50 e R$ 100 no Sympla

Saudades João - Leitura Arretada

Sinopse: Leitura da peça. João é um menino de 12 anos que está se isolando do mundo, devido a uma intensa tristeza em razão da recente perda do avô. Ele é obrigado pelos pais a ir para festa que sua avó está organizando, a qual sempre foi organizada por seu avô, sendo a primeira desde o trágico acontecimento.

Após um conflito, João foge e é transportado para um outro mundo (Reino de Brogodó) onde um Mago tirano controla tudo e proibiu qualquer manifestação relacionada a “Festa Que Não Deve Ser Nomeada Nomeada” (São João). Neste mundo, João encontra uma série de personagens que remetem à cultura nordestina, desenvolvendo com eles uma relação de ajuda mútua. Os novos amigos o ajudam a lidar com a saudade e a tristeza; e o garoto os ajuda a lutar contra a tirania e a opressão.

Data: 31 de julho (domingo)

Horário: A partir das 16h

Onde: Teatro Gregório de Mattos

Ingressos: Custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) no Sympla

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